O presidente Jacinto Moraes (MDB), dois conselheiros tutelares e uma assistente social teriam forjado uma visita à casa da vítima, uma garota de 13 anos, e falsificado um relatório, afirma o Ministério Público. Eles terão de cumprir medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica.
Policiais e membros do Ministério Público realizam buscas na prefeitura de Bom Princípio do Piauí — Foto: Divulgação/PCPI |
Jacinto, dois conselheiros tutelares e uma assistente social foram
conduzidos, nesta terça-feira (3), à Central de Flagrantes de Parnaíba. O g1 entrou
em contato com a defesa do presidente da Câmara e aguarda retorno.
“Há indícios fortíssimos de que estes agentes públicos se associaram
para cometer crimes como fraude processual, falsidade ideológica e coação no
curso do processo. Os dois vereadores chegaram a comemorar o falso
relatório, dizendo que a investigação teria ido por 'água abaixo' e a
Justiça não poderia continuar apurando o crime”, afirmou o promotor.
Conforme o promotor, a suposta associação criminosa foi descoberta após a apreensão do telefone celular do vereador Zé do Chico Bento, durante o mandado de busca e apreensão cumprido em sua residência em Bom Princípio do Piauí.
A Polícia Civil do Piauí (PCPI) pediu a prisão dos conselheiros, da
assistente e do presidente da Câmara Municipal por obstrução da justiça, mas a
Central de Custódias e Inquéritos de Parnaíba determinou que os suspeitos
cumpram as seguintes medidas cautelares:
- Afastamento dos cargos pelo prazo de seis meses, que pode ser prorrogado;
- Monitoramento por uso de tornozeleira eletrônica;
- Proibição de contato com a vítima (no caso, a garota de 13 anos);
- Recolhimento domiciliar noturno.
“Todos os crimes apontados são graves, alguns ferem a própria
administração da Justiça, e têm penas que variam de detenção a reclusão. A
principal consequência é a perda da função pública. Esta rede de violação aos
direitos da criança e do adolescente foi desmantelada em um primeiro momento,
mas vamos investigar outros possíveis fatos acobertados por ela”, completou o
promotor Yan Walter.
O vereador Jacinto Moraes, que preside a Câmara de Bom Princípio do
Piauí, é pai do prefeito Lucas Moraes (MDB) e irmão do ex-prefeito e
candidato à prefeitura Apolinário Moraes (PSB), que concorre contra o atual
gestor, seu sobrinho.
Investigação por estupro de vulnerável
Vereador de Bom Princípio do PI investigado por estupro de vulnerável é preso por posse de arma — Foto: Divulgação |
O parlamentar, que é candidato à reeleição, teria cometido o crime de
estupro contra uma garota de 13 anos, moradora de Bom Princípio do Piauí, em
2023. A menina, segundo a polícia, está grávida. O crime está sendo
investigado pela delegacia de Buriti dos Lopes, que tem como titular o delegado
Herbster Santos.
O mandado foi cumprido pela Polícia Civil do Piauí em conjunto com a 1ª
Promotoria de Justiça de Buriti dos Lopes e apoio da Polícia Militar do
município.
Ele foi conduzido para a Delegacia, onde foi lavrado um Auto de Prisão
em Flagrante. A polícia informou ainda que foram aplicadas as medidas
cautelares em desfavor do vereador, que são:
- Proibição de ausentar-se da Comarca de Buriti dos Lopes, enquanto perdurar a investigação criminal, sem autorização judicial;
- Suspensão do cargo político de vereador da cidade de Bom Princípio do Piauí, pelo prazo de seis meses, sem prejuízo de nova prorrogação,
- Proibição de acesso ao prédio da Câmara dos Vereadores e exercício de qualquer função parlamentar;
- Uso de tornozeleira eletrônica.
O que diz a defesa
Márcio Mourão, advogado do vereador, disse que há uma acusação contra
ele, mas ficará provado que não houve estupro.
"À medida que avança [a investigação], ficará provado. O juiz
decidiu pela não prisão, ele foi detido por posse de arma de fogo e vai ficar
provada a inocência dele por envolvimento com essa moça em Bom Princípio. Vai
ficar esclarecido que ele não tem envolvimento, vamos provar no processo.
Também compreendemos papel do Ministério Público e Justiça de apurar com
cautela. A arma ele já tinha há muito tempo, pessoas que moram em comunidade
rural normalmente têm e foi trazido à Central de Flagrantes para isso",
informou.
Por g1 PI, TV Clube
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