Ganhos virão desde investimentos em municípios até interligação do estado de norte a sul.
O secretário de Planejamento do Piauí, Washington Bonfim, afirma que o
projeto tem uma característica territorial diversificada, pois parte do anel
viário da soja – que é o conjunto de rodovias estaduais e federais que compõem
o Cerrado Piauiense – e faz ligação pela hidrovia com Teresina e, da capital
até Luís Correia, por ferrovia. “Então, essa função estruturante do território,
de comunicação do território, fica assegurada”, frisa.
Projeto foi iniciado em agosto deste ano
Por fim, o terceiro aspecto, de acordo com Bonfim, são os investimentos
que acontecerão nos municípios interligados pelo modal. “A ferrovia, a hidrovia
e o porto terão uma função de logística, mas nada impede que esse conjunto de
investimentos tenha outros efeitos positivos para os municípios na questão de
transporte de passageiros e de outras cargas”, explica o secretário.
Mapa dos futuros terminais fluviais
O lançamento do edital para a escolha de empresas que executarão as
obras das ferrovias e hidrovias vai acontecer em março de 2024. Ele será
apresentado após um amplo estudo, realizado pelo Consórcio Intermodal Piauí,
que vai apontar qual o melhor modelo de negócios para o transporte de
mercadorias do Piauí.
As empresas EC Consultoria e RSA advogados, integrantes do Consórcio,
já constataram a viabilidade do projeto. Na avaliação prévia, já se sabe, por
exemplo, que os custos de transporte para os produtores de grãos do Piauí –
principal pauta de exportação do estado – cairão cerca de 25%. E a redução será
ainda maior para quem for importar.
Proposta é transportar mercadorias até o porto, e de lá para o exterior
“Essa economia vai trazer benefícios para o Piauí, pois esse dinheiro será deslocado para investimentos na produção, o que fará o dinheiro circular dentro do estado, na compra de equipamentos, movimentando o mercado local”, afirma o economista Tiago Buss, sócio da EC Consultoria.
Nos próximos meses, os técnicos do Consórcio se debruçarão sobre os
detalhes acerca da viabilidade técnica, econômico-financeira e ambiental
(EVTEA), avaliação de cenários de investimentos, projetos básicos e planos de
negócios para implantação do sistema porto, hidro e ferroviário do estado do
Piauí.
O estudo dividiu o projeto intermodal em quatro subsistemas: hidrovia entre
o Rio Parnaíba e o Rio das Balsas; trechos de malha ferroviária no estado do
Piauí, porto marítimo de Luís Correia e terminais fluviais ao longo do Rio
Parnaíba e do Rio das Balsas (veja gráficos).
O projeto do edital é bem completo e vai analisar todas as possibilidades de transporte. Entre Guadalupe e Teresina, por exemplo, serão considerados dois tipos de transporte: a hidrovia (pelo Rio Parnaíba), ou a ferrovia. “Os estudos vão justamente decidir qual dos dois é mais viável”, explica Buss.
Alguns trechos, no entanto, já estão certos. A retomada do transporte
ferroviário entre Teresina e Luís Correia é uma delas. O trecho já existe, mas
atualmente está em desuso e precisa de uma recuperação.
Outro exemplo da abrangência do projeto é o fato dele também apresentar
soluções para a armazenagem da produção de grãos. Hoje, os produtores não têm
capacidade de guardar estoques e acabam enviando a produção para o Porto de
Itaqui. Além disso, os produtores deixam de faturar mais no período entressafra.
A proposta do projeto é que haja galpões às margens dos rios.
Porto de Luís Correia
Aliado a todo esse modal, está o Porto de Luís Correia. Com a
exportação e importação de mercadorias pelo litoral do Piauí, ao invés da venda
por outros estados, taxas e dinheiro circulariam dentro do estado, causando um
grande impulsionamento na economia local.
A implantação do sistema, além de beneficiar a produção e instalação de
outras indústrias, vai reduzir o descompasso entre oferta e demanda, aumentando
assim a competitividade do setor agrícola da região.
Apesar da maior produção do Piauí hoje ser agrícola, o projeto também visa beneficiar a exportação de minérios (em Piripiri), além de importação de líquidos e fertilizantes.
Repórter: Robert Pedrosa
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