É com grande prazer que aqui posto o maravilhoso poema "Emissário do ridículo", que abre o extraordinário novo livro de Diego Mendes Sousa, Agulha de coser o espanto. Como disse, com toda razão, a grande escritora Nélida Piñon, a poesia de Diego "é uma coisa bela, muito poderosa, um fluido de vida".
EMISSÁRIO DO RIDÍCULO
"Todas as
cartas de amor são ridículas"
Fernando Pessoa
A poesia é a máxima
expressão do ridículo
e o poeta é um ser
excêntrico e
risível.
O ridículo torna-se
íntimo das palavras
e o poema
é a peça orgânica
que viabiliza
o estranhamento da
linguagem.
É no poema que o
poeta expõe
as suas dores
e as suas mazelas,
a operar a
desprezível história pessoal,
a revelar
a sua exótica
humanidade.
A poesia é assim,
a insanidade a rir
de si mesma.
Prefiro ser ridículo
a ter que perder as
paredes testemunhais
dos meus sentimentos
e sofrimentos.
Reencontro a
minha infância,
porque é na
inocência
(ou ainda no amor
ausente ou na urgência da paixão)
que reside toda alma
devota ao ridículo.
SOUSA, Diego Mendes,
"Emissário do ridículo", in: Agulha de coser o espanto
(Teresina, PI, Área
de Criação, 2023)
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