Longe dos holofotes das grandes
competições, movidas a quantias monetárias inimagináveis com ricos jogadores e
transmitidas em tempo real aos ‘quatro cantos do mundo’, existe um campeonato,
existe um time centenário e existe seu Mário, um menino de aproximadamente 70
ou 80 anos torcedor do Parnahyba Sport Club. Quem não gosta de futebol,
certamente não irá entender o porquê que um senhor nessa idade pega um ônibus
lotado de Parnaíba até Teresina, percorrendo aproximadamente 340 km para
assistir um jogo de futebol numa quarta-feira, assim como também não entenderá
seu grito e seu choro de menino no alambrado do estádio Lindolfo Monteiro
quando da classificação da sua equipe à final do campeonato.
De fato, parecia se concretizar
tal previsão, com problemas extras campos, composição de nova diretoria,
pré-temporada curta e um time desconhecido, nem sequer foi apresentado ao
torcedor que cobrava mais transparência em todos os aspectos da gestão e
condução do futebol. Inicio de campeonato e os resultados positivos não vieram,
ao contrário, o tubarão passou a frequentar a zona de rebaixamento, sofrendo
goleadas incomuns.
Mas tem que se respeitar a história de um
clube centenário e com a rápida ação da diretoria, foram feitas dispensas,
contratações e mudanças de postura, acima de tudo. Tem que respirar o espírito
e a história desse clube para vestir essa camisa. Contra todos e tudo,
Parnahyba chega à final e, independente do título ou não, o orgulho do time foi
restaurado com as vagas na Copa do Brasil e Série D 2023. Parnahyba não é só um
clube, uma cidade, mas a história de um povo que ama futebol.
O que falar de Sr. Mário, membro
do torcida Tubarões da Cohab? O seu grito no alambrado do Lindolfo Monteiro é
uma crônica por si só, como diria Nelson Rodrigues uma torcida pode servir como
alimento existencial do time, que “precisa sentir, atrás de si, o berro da
torcida. A ausência dessa torcida representa a solidão. Sem uma torcida fiel,
plena de amor, um clube envelhece, agoniza e morre”. Enquanto existir meninos
Mários chorando, pulando e gritando pelo tubarão, Parnahyba Sport Club
sobreviverá a qualquer intempérie.
SILVA, Marcello
@marcello_s_silva
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