O Ministério da Educação negou a
fala do próprio ministro de que a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)
de janeiro não poderá ser usada pelos estudantes para concorrer a uma vaga no
Sisu do primeiro semestre de 2021.
Em entrevista à TV Asa Branca,
filiada da rede Globo em Pernambuco, o ministro Milton Ribeiro disse que as
inscrições para o programa seriam abertas no fim de janeiro e que os candidatos
teriam de usar notas de provas anteriores.
"Nós estamos marcando a
questão do Sisu para o final de janeiro. Nós vamos divulgar nesta semana agora
o calendário, que possa aproveitar talvez notas do Enem passado", disse
Ribeiro, após a entrega de um novo prédio do curso de medicina da UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco), em Caruaru.
Depois da manifestação contrária
de entidades estudantis à decisão, o MEC divulgou nota no início da noite desta
sexta (11) em que nega a fala do ministro e diz que o processo seletivo do Sisu
usará as notas das provas feitas em janeiro. Segundo o ministério, a previsão é
de que as inscrições no sistema aconteçam em abril.
O problema de calendário é que,
neste ano, o Enem foi adiado por conta da pandemia. As provas do Enem estão
marcadas para os dias 17 e 24 de janeiro, na versão impressa, e 31 de janeiro e
7 de fevereiro, na versão digital. A divulgação das notas está marcada para 29
de março.
"O edital para o processo
seletivo do Sisu, referente ao primeiro semestre de 2021, será publicado após a
divulgação do resultado do Enem, em março, coincidindo com a conclusão do
segundo semestre letivo de 2020 de grande parte das instituições de ensino superior
públicas", diz a nota.
O MEC diz que está mantida a
decisão de fazer as inscrições para o Prouni (Programa Universidade para Todos)
e Fies (Financiamento Estudantil) antes da realização do próximo Enem. Assim,
os candidatos deverão usar a nota de exames anteriores.
Segundo o ministério, a
antecipação foi necessária para não atrapalhar o calendário letivo das
faculdades previstas que devem iniciar as aulas em fevereiro. A mudança nas
inscrições dos dois programas foi um pedido dos donos de faculdades –a
Defensoria Pública da União enviou uma recomendação ao MEC para recuar da
decisão.
Estudantes e entidades
educacionais travaram uma batalha com o MEC para adiar o Enem diante da
pandemia e do fechamento das escolas. Desde maio, eles pedem para que o
ministério
organize os calendários dos
programas, que usam a nota do exame, para evitar prejuízos aos alunos.
Faculdades privadas pressionaram
o ministro para que adiantasse as inscrições do Prouni e do Fies para que não
tivessem de alterar o início do ano letivo. Elas também queriam a mudança no
Sisu, já que a maioria dos estudantes só tenta uma vaga nos programas de bolsa
e financiamento depois de não ter conseguido ser aceito em universidades
públicas.
Ao antecipar o Sisu e não
permitir o uso da nota da prova de janeiro, a avaliação é de que o ministério
tiraria a utilidade do Enem. Integrantes da pasta alertaram o MEC de que o
esvaziamento da função da prova seria negativo já que traria apenas custos e o
potencial risco de transmissão de Covid-19 entre os candidatos e organizadores
da prova.
Fonte: Folhapress l Edição:
Jorrnal da Parnaíba
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