As eleições se aproximam e, em 2018, ganham contornos diferentes dos
últimos pleitos. Desta vez, o processo está muito mais polarizado. Parece que o
Brasil se divide entre esquerda e direita, coxinhas e mortadelas. Essa
polarização tem levado a um “ufanismo eleitoral” assustador. Quase não se
debate mais política; ao contrário, o que acontece são verdadeiros bate-bocas,
discussões acaloradas, xingamentos mútuos. Aparentemente, a situação está mais
desrespeitosa do que as brigas de torcidas esportivas.
Se antes política era um assunto saudável de ser debatido, hoje pode
até virar caso de polícia. Não se aceita mais o contraditório, a opinião
divergente. Parece que, se eu não penso igual a você, nunca nos entenderemos e
seremos eternamente rivais. Como se não fôssemos capazes de entender o ponto de
vista do outro ou mesmo mudar de ideia.
Até compreendo, apesar de não concordar com toda essa raiva. Afinal, a
situação política do País é das piores possíveis. Desse desacerto nos três
Poderes, decorrem crises na educação, segurança pública, saúde, economia,
enfim, todos os âmbitos da nossa vida. Estamos mergulhados em uma grave crise,
acima de tudo moral e institucional. Isso tudo causa uma revolta na população,
que se desespera na busca por possíveis soluções – que têm que vir, em parte,
de fato, dos políticos que dirigem o País.
Nesse tempo, os mais exacerbados se agarram a nomes como tábuas de
salvação e transformam pessoas – candidatos a cargos eletivos – em quase
divindades e atribuem a elas o poder de tirar o Brasil do buraco. Acontece que
qualquer outro posicionamento que não aquele que a pessoa estabeleceu como o
caminho a ser seguido é tido como errado, qualquer outro candidato é logo
taxado como incompetente. Que engano.
Primeiro: por mais bem intencionado que qualquer postulante nesta
eleição esteja, não será ele sozinho que irá reverter a situação atual. Ele
pode ter a iniciativa, mas precisará da colaboração de diversas instâncias para
realizar as melhorias necessárias. Não é uma tarefa fácil, de fato.
Mas não devemos depositar em uma pessoa a esperança da salvação do
país. Isso, inclusive, causa uma “cegueira” que pode ser muito arriscada. Não
ver outras possibilidades é um grande erro. Segundo: não há porque brigar
tanto, disseminar tanto ódio contra o que pensa desigual. Defender uma
convicção política não significa execrar ou achincalhar quem não concorda. É
possível discordar, respeitando a outra parte.
Política não é religião. Político não é Deus. Até porque, em uma
democracia, ao menos em tese, o poder emana do povo.
Por Janguiê Diniz - Mestre e Doutor em Direito - Fundador e Presidente
do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional - janguie@sereducacional.com | Edição: Jornal da Parnaíba
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