quarta-feira, outubro 25, 2017

Colaboradora detalha desvios de recursos para favorecer 'cartel' no Piauí

Ana Carolina Portela disse que prefeito recebia recursos. Gestor disse que ainda toma conhecimento de acusações e por isso não vai se manifestar.
Colaboradora Ana Carolina Portela conta detalhes de desvios de recursos em delação
PI TV 2ª Edição teve acesso com exclusividade à colaboração premiada de Ana Carolina Portela, presa na primeira fase da Operação Escamoteamento. O acordo foi firmado com o Ministério Público do Piauí (MP-PI) e aprovado pelo Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI). Ana Carolina denuncia na gravação o atual prefeito de Cocal, Rubens Vieira (PSDB).

A Prefeitura de Cocal informou que o prefeito Rubens Vieira ainda toma conhecimento das acusações contra ele e por isso não vai se manifestar.



O prefeito teria um acordo com um dos empresários envolvidos na Operação Escamoteamento presos. A respeito de como o esquema funcionava Ana Carolina explicou que havia direcionamento para as empresas. “Vamos supor que dessem 10 empresas. Ele escolhia as habilitadas. As que ficavam habilitadas pagavam e as outras desistiam do certame ou saiam. Esse pagamento era 1% do total do contrato”, contou.

Ana Carolina relatou ainda em colaboração com a Justiça o que era feito com os recursos arrecadados através de desvio de obras e serviços, como limpeza pública. “Ele ganhava a obra. Quando ele sacava tirava os gastos que ele tinha. Vamos supor que a empresa que ganhou pagasse 1% no que ele tinha pago durante a licitação. Ele tirava 1% e o restante ele entregava todo para o Rubens”, disse a colaboradora em referência ao prefeito Rubens Vieira. O prefeito não foi preso em nenhuma das etapas da operação.

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(Foto: Divulgação/PRF)
O destino dos recursos em percentuais também são detalhados pela colaboradora no depoimento. “De 100% do repasse da empresa, 5% era do dono da empresa e 90% era do Rubens”, relatou Ana Carolina. A colaboradora disse ainda que as obras eram realizadas, mas com gastos em duplicidade. “Nas obras normalmente é preciso visita técnica. Precisa que o engenheiro se desloque da empresa para ir até o local da obra. O que acontecia era que era facilitado”, disse.

Prejuízo é estimado em R$ 18 milhões
Nesta terça-feira (24) foi deflagrada a 2ª Fase da Operação Escamoteamento, que tem como objetivo combater crimes de fraude em licitação, contra a administração pública, organização criminosa e lavagem de dinheiro, consumados no município de Cocal, no Norte do Piauí. Os crimes teriam acontecido durante os anos de 2013 a 2015. O prejuízo estimado é da ordem de R$ 18 milhões, segundo a Controladoria-Geral da União, que participa da operação.

A primeira fase da Operação aconteceu no dia 7 de abril contra empresas fantasmas suspeitas de fraudar licitações de prefeituras. Ao todo, 96 mandados judiciais foram cumpridos no Piauí e no Ceará.

Por PI TV 2ª Edição | Jornal da Parnaíba

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