Wellington Dias: o político é contra a reforma da
Previdência; e o gestor pede uma saída para o deficit da previdência estadual
que atinge 1 bilhão por ano.
Wellington Dias (PT), governador do estado do Piauí |
O governador Wellington Dias (PT) já decidiu. E a
secretária de Educação, Rejane Dias, confirmou: os dois deputados federais do
Piauí afastados para exercício de cargos de secretário – a própria Rejane e o
secretário de Segurança Fábio Abreu – vão retornar à Câmara dos Deputados por
ocasião da votação da reforma da Previdência. Wellington quer assegurar dois
votos contrários à proposta do governo.
A decisão atende ao político Wellington e seus
compromissos com o PT, no embate com o governo federal e de olho em 2018. Mas
essa decisão cria embaraços para o gestor Wellington, o governador que
reconhece dificuldades com as contas da Previdência estadual.
O sono do governador deve ficar um pouco
atormentado. De um lado, povoa a cabeça a possibilidade da reforma passar. De
outro, a da reforma não passar. O que seria pior para Wellington, no conflito
interno entre o político e o gestor?
De acordo com dados já revelados pelo próprio
governador, a Previdência estadual tem um déficit de R$ 1 bilhão por ano. Se
lembrarmos que a economia do Piauí representa meio por cento do PIB nacional,
esse valor, nacionalizado, corresponderia a um déficit de R$ 200 bilhões nas
contas da União. É quase 30% mais que o rombo federal. Mas, claro: essa conta
não é precisa; aqui fazemos uma simples associação para destacar as
dificuldades do governo estadual.
Essa associação também serve para mostrar que o
problema é grave, tanto lá quanto cá.
Se a reforma não passa, o político Wellington vai
comemorar por ajudar a infligir uma surra ao governo Temer. Mas é possível que
o governador lamente diante da falta de perspectivas para o drama das contas
com a Previdência estadual.
O mais grave é que, se a reforma passar, o dilema
não diminui. O Wellington político terá, nesse caso, sofrido uma derrota junto
com o PT, mas o governador terá à mão a possibilidade de seguir uma receita
aprovada pelo Congresso.
O drama adicional de Wellington é que, no caso da
reforma passar, outra vez o gestor e o político estarão em conflito. Se for
aprovada como se encaminha a proposta de reforma da Previdência, os estados
terão um prazo (seis meses) para fazer sua própria reforma – ou simplesmente
não fazer nada e aderir à regra aprovada no plano federal.
Portanto, Wellington terá uma receita definida pelo
Congresso. Mas não necessariamente precisa segui-la. E aí permanecem os
dilemas. Não seguir a reforma é apegar-se a uma pregação política que pode não
ajudar a corrigir o rombo previdenciário do estado. Segui-la é matar o discurso
de ser contra a proposta.
O empenho do governador, através da exoneração dos
secretários-deputados para exercício do voto contra a reforma, é um ingrediente
a mais na complicação do dilema que Wellington terá pela frente.
Por Fenelon Rocha/Cidade Verde | Edição: Jornal da
Parnaíba
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