Criança morreu de infecção generalizada após
estupro, disse perícia. Exame de material genético pode ser determinante para
elucidação do caso.
Amostras de DNA ainda estão no IML de Parnaíba |
Mais de 20 dias após a Polícia Criminal colher amostras de DNA dos suspeitos
de estuprar uma criança de 2 anos em Ilha Grande, no litoral do Piauí, o
material segue armazenado no Instituto Médico Legal (IML) de Parnaíba. Sem
laboratório no estado para fazer esse tipo de análise, o caso segue sem
conclusão e à espera da realização do exame.
De acordo com o perito criminal Perícles Avelino, o
IML está aguardando que seja firmado nova cooperação com laboratórios de outros
estados, a exemplo da Paraíba ou Rio Grande do Sul. "Essa demora pode
implicar nos suspeitos fugirem ou, no caso de morte deles (suspeitos), o caso
vai prescrever. O material em si está aqui armazenado e bem conservado a espera
de ser analisado", disse.
Para a polícia, o principal suspeito de ter abusado
da criança é o próprio pai. A mãe chegou a dizer na delegacia que desconhecia
os abusos. O delegado Igor Gadelha, responsável pelo caso, afirmou que o
resultado do exame de DNA é fundamental para a elucidação do caso. Até a
publicação desta reportagem, ninguém havia sido preso.
A violência sexual contra o menino somente foi
descoberta após a criança falecer vítima de uma infecção generalizada. Os
médicos constaram uma necrose no ânus do menino, quadro esse que evoluiu para
algo mais grave, resultando no óbito.
No entanto, conforme denúncias do Conselho Tutelar,
o menino já havia dado entrada outras três vezes no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde
(Heda), fato esse que, para o Conselho, configura negligência por parte da
unidade de saúde.
Criança vítima de estupro foi atendida quatro vezes no Heda |
Sem previsão para realização dos exames e DNA
Desde o mês de fevereiro deste ano que exames
de DNA requisitados para investigações da Polícia Civil do Piauí não são feitos.
Segundo a diretora do Instituto de Criminalística do estado, Julieta Castelo
Branco, não há dinheiro para aquisição dos kits de realização dos exames e nem
para o envio de equipes para o estado do Pernambuco, onde fica o laboratório em
que são feitos os procedimentos.
Com essa realidade, 99% dos casos que
necessitam desses laudos estão parados no Instituto de Criminalística. A
denúncia é do Sindicato dos Peritos Oficiais do Piauí (Sindiperitos-PI).
O diretor do Departamento de Polícia
Técnico-Científica da Polícia Civil do Piauí, Antônio Nunes, afirmou que sem a
construção de um laboratório próprio para a realização de exames de DNA, não há
previsão para que todos os procedimentos solicitados sejam feitos.
"Nós temos duas peritas de DNA e uma está de
licença. A outra perita não faz apenas DNA e não tem como saírem as duas ao
mesmo tempo. Além disso, depende da janela do laboratório de Pernambuco, que o
local esteja disponível. Eles nos dão 15 dias a cada quatro, cinco meses.
Fazemos muita coisa nesse período, mas ainda ficam muitos exames por fazer. Sem
nosso laboratório, não há previsão para a execução de todos os exames de
DNA", disse.
Por Patrícia Andrade/G1 | Edição: Jornal da
Parnaíba
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