sábado, setembro 03, 2016

Comissão aprova projeto que define direitos das mulheres marisqueiras

Marisqueira é a mulher que exerce suas atividades em manguezais de maneira contínua e de forma autônoma ou em regime de economia familiar.

Comissão de Trabalho da Câmara aprova projeto que define direitos das mulheres marisqueiras em todo país. (PL.1710/15).

A proposta da deputada Tia Eron (PRB/BA) considera marisqueira a mulher que exerce suas atividades em manguezais de maneira contínua e de forma autônoma ou em regime de economia familiar, para sustento próprio ou comercialização de parte da produção. Os mariscos são capturados manualmente e a jornada de trabalho pode chegar a até 14 horas por dia, uma vez que a atividade não se restringe à pesca, mas também à limpeza, ao cozimento e à armazenagem do produto.

Pelo projeto, será responsabilidade do poder público estimular a criação de Cooperativas ou Associações de Marisqueiras; garantir, em caso de desastres ambientais, que terão preferência na indenização as marisqueiras que ficarem impossibilitadas de exercer suas atividades; além de incentivar o desenvolvimento da capacitação da mão-de-obra por meio de cursos profissionalizantes e de priorizar a construção de creches em regiões que atendam às mulheres marisqueiras.

A relatora do projeto, Deputada Gorete Pereira, do PR do Ceará, enfatizou a importância do incentivo à criação de cooperativas para o desenvolvimento da profissão.



"Elas se organizando, criando os sindicatos delas, as associações, elas podem fazer empréstimo, serem microempresa, elas podem desenvolver atividades para exportar, porque elas passam a ser profissionais marisqueiras. Então com isso dá uma disciplina muito grande a profissão delas, deixando também com que elas cresçam."

Jairo Reis, presidente da Colônia de Pescadores (Z-67) da Bahia, ressaltou a importância de garantir direitos para as marisqueiras.

"Isso é muito importante, é uma luta enorme nossa aqui no dia-a-dia, para a gente manter essa categoria nas condições da pesca. São pessoas idosas, pessoas que realmente não dá mais para voltar ao mercado."

Grande parte dessa atividade é exercida sem as mínimas condições de higiene, em meio a água suja e sem equipamentos de proteção. Todas essas circunstâncias expõem as marisqueiras à diversas doenças, com destaque para o câncer de pele, devido à exposição ao sol; dermatites ocupacionais, causadas pelo contato direto com a umidade e a lama; lesões traumáticas, ferimentos e patologias da coluna. Além dessas enfermidades, ainda existem os riscos de afogamento, picadas de animais peçonhentos, tétano e descargas elétricas.

Pelo texto, também compete ao Poder Público realizar ações de vigilância à saúde, com a avaliação de riscos ocupacionais e aquisição de equipamentos de proteção que diminuam os efeitos das condições insalubres de trabalho.

O projeto que define as responsabilidades do poder público para desenvolvimento das atividades das mulheres marisqueiras, agora será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.


Por Vitor Santos/Rádio Câmara | Edição: Jornal da Parnaíba

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