Eletrobras Distribuição Piauí, escritório de Parnaíba. (Foto: Darklise Albuquerque/Jornal da Parnaíba) |
A exemplo da Cepisa, até 2017, a Aneel deverá
rejeitar inúmeros pedidos de renovação de concessão. Algumas concessões até já
venceram de 2014 a 2016. Outras vencerão até 2017. O processo de
prorrogação das concessões é o último capítulo dessa novela que tomou conta do
setor elétrico e envolve principalmente interesses do Piauí. Ao todo, segundo a
Aneel, 44 distribuidoras estão na reta final de suas concessões. Qual o
problema, então? A resposta que é simples, mas dói no fundo da alma: “Má
qualidade e má gestão”. Fato que obriga a União a assumir gestões por absoluta
incompetência dos gestores estaduais, que acabaram por criar ao longo do tempo
um caos no setor.
De acordo com os relatórios da área técnica da
Aneel, o Piauí não poderia mesmo ser “acreditado” para conseguir renovar a
concessão. Porque, antes de tudo, nossa empresa sempre prestou um serviço ruim,
não recomendado, impondo à União a assumir um ônus sobre aquilo que nunca
soubemos honrar. Pior ainda: saqueamos e dilapidamos o que era nosso.
Com transparência (pelo menos é a informação
oficial desde o governo do PT), o papel primordial da Aneel foi de apontar
falhas. Em que pese o custo político alto em se perder a Cepisa, não havia como
manter-se o “status quo”. Ao ser apresentado ao Piauí os custos para a
renovação da concessão, não valeria à pena continuar com o “fardo” da Cepisa. O
único jeito foi entregar o “peso-pesado” para a União. Perde o Piauí? Perde,
sim! Pelo menos moralmente.
Ao assumir absolutamente o comando da Cepisa, não
haverá outro caminho à União senão privatizar a empresa. Para tomar a decisão
que tomou, o Governo Federal levou em consideração os critérios objetivos de
qualidade e capacidade financeira. Lamentavelmente, o Piauí não preencheu
nenhum dos critérios. Por isso mesmo, perdeu! Se a concessão fosse renovada, o
caos elétrico no Estado tenderia a se agravar. Conclusão: não temos competência
e nem condições para gerenciar sequer nosso patrimônio, que agora foi perdido
de vez. A sociedade do Piauí poderá se beneficiar, mesmo que haja privatização?
Acho que sim. Porque permanecer com a Cepisa só mesmo para governantes
masoquistas.
Toda a discussão em torno da renovação da concessão
e de uma possível privatização começou a se fazer necessária depois que a União
(Aneel) percebeu que seus esforços para melhorar a qualidade da Eletrobras
Piauí não surtiram efeitos, eram inúteis, tudo foi em vão. Mesmo com os
investimentos durante mais de dez anos, a Eletobras Piauí causou prejuízos
incalculáveis à União. Portanto, o fim da nossa concessão vem sendo discutida
desde 2014. Por isso a alternativa encontrada não foi outra: privatizar.
Segundo o Valor Econômico, “comprar empresas como a
Cepisa, que atua no Piauí, sempre foi um desejo declarado, por exemplo, da
Equatorial Energia, que hoje é dona da Cemar (Maranhão), vizinha à Cepisa, e
que ainda não conseguiu expandir sua atuação no setor elétrico. Se a decisão
for levada adiante e, principalmente, aceita politicamente, a expectativa do
setor privado é de que a privatização comece a ser aceita também dentro de
governos estaduais que têm hoje distribuidoras de energia com sérias
dificuldades econômico-financeiras ou problemas com qualidade do serviço”.
Por Miguel Dias Pinheiro, advogado/PortalAZ | Edição: Jornal da Parnaíba
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