sábado, maio 14, 2016

O difícil caminho da Educação Infantil à Universidade Federal do Delta!

Presidente do diretório do Rede Sustentabilidade
de Parnaíba
Parnaíba cada vez mais vem se firmando no seleto grupo de cidades ditas “universitárias”. Uma vertente que, indubitavelmente, contribui para a formação intelectual e crítica da sociedade. Nesta semana celebramos com orgulho a transformação do Campus Ministro Reis Veloso da Universidade Federal do Piauí (CMRV/UFPI) em Universidade Federal do Delta (UFD). Ato conduzido pela presidente Dilma Rousseff ocorrido no dia 09 de maio no Palácio do Planalto.

De parabéns está a Parnaíba! A UFD poderá ser o motor para se ampliar os horizontes e oportunidades até então despercebidas neste fantástico território. Muitos contribuíram para este feito, lembrando aqui dos ex-senadores: Alberto Silva e Mão Santa. Igualmente, merecedora de destaque foi a atuação parlamentar do deputado federal Paes Landim na consecução do projeto. E, com justiça, especialmente, destaca-se a equipe administrativa e o quadro de professores do CMRV que tem à frente o jovem e dinâmico Professor Alex Marinho. Só eles sabem o que trilharam até aqui e dos desafios vindouros!

O governo federal está fazendo a sua parte: ampliou os cursos oferecidos, investe em contratação de professores e na infraestrutura do Campus. Porém para se chegar à Universidade tem que se ter uma base intelectual. Como anda nossa educação que prepara este caminho? Como o estado e o município estão nessa obrigação constitucional? Quem está chegando à universidade? Quantos ficam pelo caminho? Quem sai e qual a qualidade da formação? São perguntas que nos jogam na pouca e desvirtuada discussão da qualidade do ensino público oferecido em Parnaíba.

A atividade educativa acontece nas mais variadas esferas da vida social. A relação educação-sociedade é uma relação histórica e dinâmica que vêm sendo construída com a história da própria cidade, a prática educativa é, portanto parte integrante das relações sociais. Estaria a educação escolar sendo desenvolvida com o fim precípuo de transformar as pessoas? Ou em sendo resultado de uma longa evolução na forma de organização do poder local, ela traz em si a ideia de institucionalização desse poder? Não trago a pretensão de discutir o modelo ou a prática de nossa educação, apenas realço a ideia do poder que tem enquanto processo capaz de emancipar o indivíduo, atuando em seu favor.
Um dado de uma pesquisa nacional revela que apenas 20% dos nossos jovens concluem o ensino médio. Isto é um desastre com danos irreparáveis. É como se construíssem 100 casas e mantivessem 80 delas absolutamente fechadas, mesmo com famílias precisando de moradia.

Estamos avançando no ensino superior sem dar a mesma atenção à educação infantil e ao ensino fundamental. Esta é a base. E, é sabido que não se constrói uma casa pelo teto. Se não tiver um bom alicerce a estrutura não suporta. Se de um lado, estamos nos transformando em uma cidade universitária por graça e obra dos investimentos federais, estadual e privados, por outro, devemos cuidar da qualidade do ensino infantil, fundamental e médio oferecido às nossas crianças e jovens.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB no artigo 29 dispõe que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Dessa maneira, é dever do Estado assegurar às crianças de zero e seis anos de idade o atendimento em creche e pré-escola segundo dispõe o artigo 30.

Quando o governo federal lançou o slogan “Brasil Pátria Educadora” se esperava uma melhoria do ensino, mas não passou de uma retórica discursiva na agenda oficial. O que era para se tornar uma política pública de excelência ficou para traz. Os governos estadual e municipal ficaram esperando o “dinheiro” para transformar a educação. Nenhuma iniciativa concreta se deu nessas esferas para o enfrentamento do desafio que é efetivação de uma escola de qualidade, mesmo sabendo da complexidade que é.

O PT discursa que colocou o filho do pobre na universidade, é um fato. Mas como? Criando cotas e dando bolsas de estudo. Um negro ou pobre deve ingressar na universidade por seus méritos, a partir de uma democrática oferta de ensino com a qualidade que lhe permita ter as mesmas condições de concorrer com o branco ou rico. As pessoas querem é dignidade, respeito e não serem tratadas como “coitadinhos”. Mas, sob o discurso hipócrita da “justiça social” se apropriaram de um programa que esconde a realidade brasileira: a falta de qualidade da educação.  Quando isso falta, volta o problema. Como no caso dos cortes no Fundo de Financiamento Estudantil – FIES se vê o drama. Estudantes que não podem pagar a faculdade estão trancando e perdendo seus cursos. Os governos esqueceram de dar educação de qualidade para todos. Uma educação infantil e de ensino fundamental levada à sério é o que transforma, dá a oportunidade a todos.

“... Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem ‘águias’ e não apenas ‘galinhas’. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda” (Paulo Freire).

Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.


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