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Vila Olímpica de Parnaíba: Como deveria ser e como está |
Em solenidade no final da tarde do dia 11 de
dezembro de 2008, no Palácio de Karnak, o ministro Orlando Silva, firmou
parceria com a FUNDESPI e a Prefeitura de Parnaíba pra a construção de uma Vila
Olímpica, no litoral do Piauí. O complexo esportivo estava orçado em R$ 200
milhões.
O anúncio da obra depois foi feito solenemente em
meio a muitas autoridades em Parnaíba e animou a juventude parnaibana. Além do
Ministro dos Esportes, estavam presentes o governador Wellington Dias, prefeito
José Hamilton, deputados federais Osmar Júnior e Paes landim. A construção era
destinada a servir como equipamento da Sub Sede da Copa do Mundo 2012 e a
preparação de competidores para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Incluía ginásio
para cinco mil espectadores, piscina olímpica; piscina para saltos ornamentais;
quadras esportivas; pista de corrida; vestiários; quiosques; estacionamento
para cinco mil veículos, além de um estádio com capacidade para 45 mil pessoas.
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Até a placa já está caindo |
Por emenda do deputado federal Osmar Júnior foram
garantidos os primeiros recursos para a construção da Vila Olímpica em 2010.
Por falta de projeto quase se perde a emenda e somente em 2012, o Ministério do
Esporte aprovou a liberação de R$ 14,6 milhões referentes à primeira etapa do
complexo.
Na época, Osmar Júnior justificou: “o atraso no
projeto se deu em razão do superdimensionamento do estádio de futebol que
fizeram inicialmente para 45 mil expectadores. Seria um elefante branco, eu não
aceitei. Isso atrasou todo o cronograma, mas estamos com recursos assegurados pela
nossa bancada federal e a boa notícia é que conseguimos prorrogar o convênio
para dezembro de 2012. Asseguro aos parnaibanos que, ainda no primeiro semestre
vamos dar início às obras do complexo olímpico, iniciando pelo estádio de
futebol”.
A proposta inicial dizia que Parnaíba poderia ser
Sub Sede da Copa do Mundo de 2012 e sugeriu a construção de um estádio. Menos
de três anos depois, a FUNDESPI enviou ofício a Brasília para dizer que a Vila
Olímpica não poderia servir como base de treinamento de seleções. No entanto,
mantinha a ideia de o complexo esportivo ser base para delegações nas
Olimpíadas Rio 2016, que também naufragou.
As obras foram iniciadas em julho de 2012 e dois
anos após, o local virou símbolo de desperdício de dinheiro público. Foram gastos
R$ 3,7 milhões e apenas 2% do previsto no projeto inicial foi concluído. O
governo do estado gastou mais R$ 1 milhão para elaboração de outro projeto
associado ao empreendimento: a construção do Estádio Olímpico de Futebol. A
arena teria capacidade para 35 mil lugares, equivalente a um quarto da
população de Parnaíba.
A obra foi paralisada. A vila está em processo de
deterioração devido o abandono e às chuvas que causam erosão. São seis quadras
de esportes com alambrados; as cestas de basquetes foram destruídas, além de
aros e bandejas corroídas pela ferrugem. Em recente matéria publicada pela
imprensa local foi divulgado que os equipamentos da Vila Olímpica estão sendo
alvo de saqueadores que estão levando o que resta da obra. Pergunta-se: de quem
é a responsabilidade de cuidar daquele patrimônio?
No cerne desta obra está o mal irremediável que nos
atinge: a corrupção. Sabe-se que a questão da corrupção é muito complexa.
Apenas uma pequena parte dos casos é descoberta e vem a conhecimento público.
Grande parcela fica escondida nas entranhas da burocracia e do conchavo
político-institucional. Ela sempre tem dois lados, um corrompendo e outro sendo
corrompido. Mas afinal, onde foi parar o dinheiro da Vila Olímpica?!
O Tribunal de Contas da União (TCU), após auditoria
no convênio firmado entre o Ministério do Esporte e a FUNDESPI, vinculada ao
governo do Piauí, incluiu a Vila Olímpica de Parnaíba na lista de obras
federais irregulares que foi paralisada, em razão dos prejuízos aos cofres
públicos.
No ano passado, o TCU julgou o relatório anual que
consolida fiscalizações em obras públicas – o FISCOBRAS –plano de
fiscalização anual do tribunal que verifica a execução de obras financiadas
total ou parcialmente por recursos da União, por determinação da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO). Entre elas, encontra-se a obra da Vila
Olímpica de Parnaíba onde foram encontrados indícios de irregularidade grave
com recomendação de paralisação (IG-P). Essas informações poderão ser acessadas
pela opção “Obras Públicas”, no portal TCU - www.tcu.gov.br
A Vila Olímpica de Parnaíba, onde já gastaram
milhões e que teve sua construção embargada pelo Tribuna do Contas da União por
culpa dos gestores responsáveis no âmbito do Ministério dos Esportes e da
FUNDESPI, parece que agora vai pra frente. O Governador Wellington Dias, em seu
terceiro mandato, recentemente anunciou mais uma promessa em favor da retomada
e conclusão da nossa Vila Olímpica. Tem tudo para dar certo! Afinal o Governo
Federal, o Estado e o Município são governados por petistas!
Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e
contribuinte parnaibano.
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