A história da Petrobras pode ser contada em três
grandes momentos: o primeiro o da sua criação, o segundo quando se torna uma
das maiores empresas do mundo e o terceiro ao ser usada politicamente, servindo
como instrumento do maior escândalo de corrupção do país.
No embalo da campanha “O Petróleo é Nosso”,
inicia-se no país o primeiro grande momento da indústria de petróleo
brasileiro. Por meio da Lei nº 2004, de 3 de outubro de 1953, é criada a
Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras. A empresa seria responsável pela
execução do monopólio estatal do petróleo para pesquisa, exploração, refino do
produto nacional e estrangeiro, transporte marítimo e sistema de dutos.
Ao longo de pouco mais de meio século, o Brasil foi
considerado um país dotado de poucas reservas e, portanto, condenado à condição
de importador da commodity. Atingiu a autossuficiência em 2006. E entrou para o
seleto grupo de grande produtores, depois da descoberta das expressivas
reservas do pré-sal.
O Brasil surpreende o mundo quando se torna um dos
maiores produtores de petróleo. A descoberta de um filão na área do pré-sal
posiciona a empresa na vanguarda da tecnologia de exploração em águas
profundas, o know how é nosso.
O terceiro momento mostra a empresa mergulhada na
mais profunda e triste crise de corrupção, a Petrobras vê seu patrimônio
líquido evaporar. Mais que a perda dos acionistas com a desvalorização no
mercado financeiro está a desvalorização ética e moral dos bandidos que
promoveram tamanha pilantragem.
Parafraseando o ex-presidente Lula “nunca na
história desse país uma organização criminosa cometeu tamanha operação de
corrupção e com os estragos que ainda não estão mensurados”. Ainda há muito por
ser descoberto nas investigações em curso. O certo é que PT e partidos aliados estão
no centro do furacão como articuladores da maior operação de corrupção de todos
os tempos contra o estado brasileiro.
Não se trata de uma simples roubalheira, o episódio
que culminou com a “operação lava a jato” da Polícia Federal está mostrando
como uma organização criminosa se instalou no país operando um esquema
bilionário de corrupção com fins de financiar o projeto político do PT e seus
aliados.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao ser
eleito e defender programas neoliberais teve a hombridade de dizer “esqueçam os
meus escritos”, uma célebre frase lembrada até hoje ao se referenciar ao
distanciamento da rica produção científica dos seus ensaios sociológicos esquerdistas.
Lula que inconscientemente gosta de ser comparado a ele, pois vive emparelhando
as ações de cada governo, poderia dizer agora: “esqueçam os meus discursos” já
que ele não escreveu, mas verbalizou os sonhos de mudança social que os
brasileiros queriam para o país. Eles escreveram e falaram sobre um modelo
governamental, porém sendo eleitos mudaram demasiadamente. Ambos tinham um
estilo próprio que os levou ao mais alto cargo da nação, mas como presidentes
se afastaram da ideologia. Ideologia que, por certo, ajudou a conquistar a
simpatia e o voto de muitos brasileiros.
O PT hoje se orgulha pela declaração de um delator
do esquema que afirmou receber propina desde 1997, ou seja também no governo
FHC. “Viu como não somos só nós!”, argumentava o próprio presidente nacional
Rui Falcão. Esquece ele que grave é o fato em si do delito, além do “requinte
de crueldade” com que aplicaram o golpe na sociedade brasileira. A expressão
“Até tu Brutus” poderia ser usada com o mesmo espanto frente ao envolvimento do
PT. Outros partidos com longa ficha criminal não nos espanta, mas o PT, criado
sob a égide da ética e moral política por que haveria de trair o povo
brasileiro?
O melhor que o PT poderia fazer neste momento seria
uma “faxina” no partido, mas não podem. Não podem porque o rumo das
investigações leva a um esquema complexo e institucionalizado de corrupção. Pois
se um dos lançados ao fogo resolver falar o que sabe, não se sabe o que vai
dar! Não se trata de um simples desvio para enriquecimento ilícito de uns
canalhas, é na verdade, um projeto político de poder de uma organização
criminosa que se utilizou da manta da república para instrumentalizar a rede
delituosa.
Espera-se que esta seja a “gota d’água” que faltava
para transbordar o copo da corrupção no Brasil. Que a sociedade e as
instituições de fiscalização, controle e justiça possam contribuir para um
desfecho proporcional à dimensão do problema, punindo rigorosamente a todos os
implicados.
Finalizo usando uma frase do Procurador-Geral da
República Rodrigo Janot: “O Brasil se vê convulsionado por um escândalo que,
como um incêndio de largas proporções, consome a Petrobras e produz chagas que
corroem a probidade administrativa e as riquezas da nação”.
Por Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e
contribuinte parnaibano.
Edição do Jornal da
Parnaíba
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