Nessa semana foi entregue ao Supremo Tribunal
Federal pela Procuradoria Geral da República uma relação de nomes de políticos
com ou sem mandato que foram beneficiados com generosas quantias em dinheiro do
esquema de corrupção na maior empresa estatal brasileira, a Petrobrás. Dinheiro
que serviu entre outras coisas pra financiamento de campanhas e suas variações,
coisas que somente políticos entendem e sabem como funcionam.
E a relação de gente de Brasília e nos Estados que
está envolvida ao que parece não deve ser pequena não. Têm senadores,
ex-presidentes da República, deputados federais, deputados estaduais,
prefeitos, ex-governadores, governadores, enfim, gente influente e bem vestida
e sobre quem o cidadão comum, esse cidadão que paga energia elétrica e gasolina
pelos preços mais exorbitantes jamais imaginaria que fosse. Esses mesmos
políticos que estiveram um dia na sua porta pedindo votos e logo em seguida,
depois de eleitos ou não meteram o pé na carreira com as burras cheias.
Mas aquele rito silencioso de minha mãe, assim como
de tantas mães ainda vivas ou passadas pra eternidade vai se repetir agora
pelas mãos de um homem culto e doutor de leis, o ministro Zavascki. Ele vai
passar dias e mais dias, noites e mais noites debruçado em cima de pilhas e
pilhas de documentos tentando achar pistas e provas pra depois de uns meses dar
um parecer sobre quem tem responsabilidade criminal em um dos maiores
escândalos políticos no Brasil e que envolve até a raiz da unha o partido da
presidente Dilma e seus aliados.
Quem nunca viu alguém catando feijão mire nessa
figura. É um trabalho de muita paciência e concentração. Os olhos concentrados
e as mãos ainda mais firmes de minha mãe iam catando aqueles caroços. Uns
podres aqui, alguns murchos acolá, outros defeituosos mais à frente e dentro de
um tempo estavam separados os bons dos ruins. Depois vinha a lavagem pra dali a
pouco irem pra panela com os ditos temperos. A água era derramada e aqueles
caroços podres, às vezes cheios de gorgulhos, pela gravidade, vinham à tona.
Novamente a mão de minha mãe e a agora perícia do
ministro Zavascki voltam à cena. Aqueles caroços que relutaram em permanecer
escondidos dando umas de espertos serão retirados finalmente da bacia e jogados
fora. Assim será, esperamos todos, a cata, a retirada dos políticos ruins do
meio dos bons. Os bons vão pra panela e servirão ao almoço da família enquanto
os podres, murchos, gorgulhentos e defeituosos vão pra o lixo e o esquecimento
das urnas.
Edição do Jornal da
Parnaíba
Por Pádua Marques
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