Porsche, lixo, xixi no muro, água de coco a R$ 5.
Nove entre cada dez meninas aparecem com biquinis de crochê, e há apenas três
músicas possíveis de serem ouvidas repetidamente (muitas vezes ao mesmo tempo,
em carros de som que disputam o espaço das ondas sonoras em poucos metros de
paciência): "Muriçoca", "Pararatibum" e
"Shineray". Não ouse levar um livro para ler na praia e, se for
pensar em se deitar e bronzear-se, cuidado: grandes chances de ser atropelada
por algum veículo.
Os vendedores oferecem de tudo: queijo coalho,
camarão, ostra, óculos, chapéu, crepe e picolé. Por um momento penso estar
presa em 1998: uma mulher passa oferecendo tatuagem de henna e trança de tererê
no cabelo. A moda é cíclica, vai ver ela já está na vanguarda e não no passado.
Na Atalaia, onde há maior concentração de famílias,
os carros continuam circulando em meio à areia e próximo ao mar, contribuindo
para a insegurança dos banhistas. "Se você pega sol. algum carro
pode te pegar" - deveria ter essa placa.
A divisão social é sentida com a segregação das
praias, sendo o Coqueiro o local onde turistas e jovens endinheirados,
principalmente, passam o dia e a noite regados ao álcool. Próximo à Barraca da
Praia, na praia do Coqueiro, o lixo e o cheiro de urina convivem lado a
lado com mansões de vidros espelhados, piscinas com vista para o mar
e carros de luxo, como Porsche e BMW, que custam na casa dos R$ 300 mil em
média.
O luxo e o lixo convivem, literalmente, juntos em
pequenos flashes do período de carnaval na cidade litorânea de Luís Correia.
Dá até para bolar uma marchinha: "Mas
pra quê tanto dinheiro, se você vai pro Coqueiro e não sabe nem usar o
banheiro?".
Edição do Jornal da Parnaíba
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Por: Sávia Barreto/O Olho

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