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| Porsche Cayenne do empresário Eike Batista estacionado na garagem de juiz. |
E a lista não para
por aí. Há também aqueles que maliciosa ou negligentemente guarda o processo,
sobretudo de réus importantes (deputados, por exemplo), nas gavetas até chegar
a prescrição, que afasta de suas funções outro juiz por ser "garantista
das garantias constitucionais" (tribunal de São Paulo). O absurdo chega a
tanto alguns moram em apartamentos funcionais do Senado em Brasília pagando
aluguel simbólico, ou seja, muito abaixo do mercado (esse conúbio entre o
Senado presidido por um político processado criminalmente e ministros de
tribunais superiores não é uma coisa boa para o País), que recebe imoralmente
auxílio moradia mesmo tendo imóvel para morar (recebe um tipo de aluguel por
ocupar o seu próprio imóvel).
Sem falar nos que
de declaram declaras solidários a réu preso por suspeita de corrupção (caso
Gilmar Mendes e o ex-governador de Mato Grosso divulgado pela revista Época),
que é condenado por corrupção por vender sentenças (caso recente em SP e vários
outros Estados - mais de 100 juízes já foram punidos pelo CNJ) etc.
O primeiro corregedor-geral
do país (ouvidor-geral) também foi um corrupto
Se os corruptos e corruptores, no Brasil, atuam com a mais absoluta
sensação de que ficarão para sempre impunes, se a corrupção (entendida como
prática criminosa que envolve agentes públicos e privados) aqui ingressou com
os primeiros habitantes europeus e se consolidou com a construção do arremedo
do "Estado Brasil", em 1548 (tempo de Tomé de Sousa,
Governador-Geral). E se o primeiro ouvidor-geral do Brasil (primeiro
corregedor-geral da Justiça), Pero Borges, para cá foi nomeado (em 17/12/1548) pelo rei depois de ter
surrupiado grande soma de dinheiro na construção de um aqueduto, em Elvas (no
Alemtejo) (veja E. Bueno, em História do Brasil para ocupados,
organizado por L. Figueiredo, p. 259), como negar que pertencemos a uma cultura
patriarcal e patrimonialista desavergonhada, sem escrúpulos, sem pudor,
debochada?
Analisando-se os
desmandos e as estripulias dos juízes corruptos, que vêm da escola de Pero
Borges (que aqui se enriqueceu mais ainda), entende-se rapidamente a diferença
entre uma cleptocracia (Estado governado por ladrões) e uma democracia cidadã
civilizada (como é o caso dos países nórdicos, por exemplo: Suécia, Finlândia,
Dinamarca, Noruega e Islândia): basta verificar a eficácia (ou ineficácia) do
império da lei, ou seja, o quanto fica impune a corrupção do poder
político-econômico-financeiro. Se os ladrões graúdos (agentes políticos, altos
funcionários, agentes econômicos e agentes financeiros), que têm como escopo
principal ou lateral de vida a Pilhagem do Patrimônio Público, desfrutam de um alto nível de
impunidade, estamos inequivocamente diante de uma cleptocracia. E esse é o caso
do Brasil.
Mas a negligência
ou conivência da Justiça (frente aos poderosos) é um fenômeno isolado ou bastante
corriqueiro? É frequente e onde isso ocorre podemos afirmar que estamos diante
de uma cleptocracia (que se caracteriza não apenas pela roubalheira geral do
patrimônio público, senão também pela impunidade dessa ladroagem).
Considerando-se os
dados de 2012 temos o seguinte: a Justiça brasileira, nesse ano, condenou 205
pessoas por corrupção, lavagem e improbidade. Pesquisa do Conselho Nacional de
Justiça mostrou ainda que, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011, quase 3
mil processos por esses tipos de crime foram extintos por prescrição.
Infográfico feito pelo jornal Gazeta do Povo mostra o seguinte:
A
Justiça brasileira, como se vê, com 3 mil prescrições anuais somente nessa área
da corrupção e improbidade, é uma indústria fértil de prescrições (que ocorrem
quando o Estado perde o direito de punir em razão do transcurso do tempo), que
vêm beneficiando inclusive muitos políticos (Sarney, Maluf, Jader Barbalho
etc.). Ela funciona muito mal e é extremamente morosa (daí a desconfiança da
população, em todas as pesquisas na última década).
Muitas
vezes ela não tira proveito material da criminalidade organizada P6 (Parceria
Público/Privada para a Pilhagem do Patrimônio Público). Mas, com tantas
prescrições (milhares por ano, como se pode notar no Infográfico acima), não se
pode negar que seja conivente com o malfeito, com a corrupção, em suma, com a
cleptocracia. A Justiça faz parte do sistema de impunidade reinante no País,
que beneficia todo tipo de criminoso, incluindo especialmente os larápios que
vivem da pilhagem do dinheiro público.
Por Luiz Flávio Gomes, jurista e fundador da Rede de Ensino LFG, além de
presidente e diretor do Instituto Avante Brasil.
Da redação do Jornal da Parnaíba, com edição de Luzia Paula.


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