Igual faço todo domingo, nesse de Carnaval fui ao
mercado da Caramuru, aqui na avenida Pinheiro Machado, a divisa entre a
histórica e empobrecida Parnaíba de baixo e a de riba, com seu fervilhante
comércio aberto praticamente 24 horas, a avenida Pinheiro Machado com a avenida
João Silva Filho e o miolo ali naquele formigueiro humano da rua Caramuru, com sua
contumaz falta de limpeza, esgoto a céu aberto, barulho dos infernos e fumaça
de churrasquinhos, mototaxistas, venda de DVDs piratas, melancia e agora o
pequi vindo da serra.
Dois motivos fizeram com que voltasse daquele
ambiente de alta periculosidade decepcionado e com a cara calçada de vergonha.
O primeiro é a falta de limpeza dos quatro blocos daquele mercado, construído,
digo sem medo de errar, em lugar impróprio. Alguns funcionários de uma empresa
da prefeitura, uns cinco pra seis, salvo engano, ao que parece trabalham sem
motivação, sem chefia, sem cobrança de resultados, porque por mais que eles
varram o chão entre os boxes é grande a quantidade de frutas podres caídas dos
tabuleiros, sacos plásticos, carcaças de bois, enfim, uma sujeira dos diabos.
A outra minha decepção é pelo fato de vendedores de
caranguejo estarem explorando o cliente nessa altura do domingo. E quando eles
enxergam que é um turista, com ou sem sotaque de São Paulo, Rio de Janeiro,
Cocal, Morro do Chapéu e redondezas, aí eles grelam os olhos e ficam salientes.
Eu até que compreendo o trabalho que dá trazer caranguejo dos confins dos
Morros da Mariana e dos Tatus pra vender em mercados de Parnaíba. Mas os caras
estão fazendo feio. Seis, sete, oito reais a corda daqueles menorzinhos. Eu saí
e fui dar uma volta. Cinco minutos, não demorou muito e, quando voltei já
estava a corda a dez reais.
De lascar. Agora me sai uma família pra visitar
Parnaíba e em aqui chegando é assaltado no preço dos produtos! Não está certo
não! Com que cara eu fico ou posso dizer pra um amigo carioca, gaúcho, mineiro,
enfim, de outros lugares, que nossa cidade é isso ou mais aquilo?! É muita
exploração! Onde está a fiscalização pra esse tipo de comércio? Tem ou não tem?
Porque não tem ou porque deixou de ter? Onde é que pode uma corda de caranguejo
a dez reais na pedra da feira? Lá no restaurante de beira de praia, Beira Rio
ou na avenida São Sebastião até que justifica.
E nessa minha costumeira viagem de todo domingo ao
mercado da Caramuru acabei descobrindo porque esta região, assim como o Piauí
todo, acaba sendo desprezível aos olhos de investidores. É terra de gente que
gosta de explorar quem lhe traz dinheiro pra movimentar sua economia. Descobri
também onde no Brasil, num litoral de apenas 66 quilômetros, numa região de
difícil acesso, podem ser encontrados caranguejos que tem as patas de ouro. Só
pode ser.
Edição do Jornal da Parnaíba
Curta nossa fanpage no Facebook
Por Antonio de Pádua Marques

Nenhum comentário:
Postar um comentário