quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Artigo: A habituação a violência

Foto divulgação
Nas últimas décadas as nossas cidades, que outrora eram acolhedoras, transformaram-se em selvas de cimento, onde impera a violência, desigualdades gritantes e impunidade.

Tão conformados estamos, que achamos natural que seja assim.
O Papa Francisco, no dia cinco de Março, abordou o tema, alertando os cristãos para a calamidade, que deveria incomodar.

Habituamo-nos à violência, como se fosse uma notícia diária normal; habituamo-nos a irmãos e irmãs que dormem na rua, que não têm teto para se abrigarem. Habituamo-nos a refugiados em busca da liberdade e dignidade que não são acolhidos como deveriam”.

A violência difundiu-se de tal jeito, que se torna perigoso permanecer na via pública: são assaltos, roubos assassinatos, carros incendiados, atos de terrorismo, por motivos políticos e religiosos…

Mas, infelizmente, a violência não se limita apenas à rua. Chegou à escola: alunos que agridem professores, que abusam e perseguem colegas, a que chamamos, agora, de “bullying” – sempre a tendência de usar termos estrangeiros.

Não sendo fenômeno recente, tem nos últimos anos aumentado assustadoramente, refletindo a educação administrada pelos pais. Os sinais são, em regra, difíceis de perceber. Nota – quem está atento, – que o adolescente torna-se mais introspectivo e irritadiço, queixando-se, por vezes, de repentinos problemas de saúde, para evitar a ida à escola.

Também há professores que sofrem o efeito do “bullying”, vítimas de alunos que: brincam, ouvem música, telefonam, conversam, trocam bilhetinhos, chegando a agredir o professor se são reprendidos.
Hoje, os jovens, são educados pela: TV, Internet, pelas figuras públicas e pela postura dos “ídolos”.

Outrora a família e a sociedade, em geral, incutiam o respeito pelos idosos.
Agora tudo mudou. Nas empresas, a velhice era valorizada. Os cargos de chefia eram preenchidos por trabalhadores dedicados, experientes e pela antiguidade. Essa atitude criava nos adolescentes a noção que deviam respeitar e obedecer aos mais idosos.

Vivemos numa sociedade consumista, cujo único fim é adquirir dinheiro. Não importa como. Chega-se a roubar os pais e irmãos, até matar para receber herança.

Há pais que incitam os filhos a serem violentos: “ não trazendo desaforos para casa”: recomendando agredirem companheiros e até professores. Habituamo-nos a viver com a pobreza extrema, com o crime, com o perigo: Vemos carros incendiados, assaltos violentos, morte de inocentes e aceitamos, como fatalidade, sem repulsa nem sequer indignação!

Essa passividade, indiferença perante o crime – parece que a própria autoridade aceita a violência, como normal – é em parte responsável pela situação a que chegamos.
Chegará ao fim a nossa civilização?

Da redação do Jornal da Parnaíba, com edição de Luzia Paula.
Por Humberto Pinho da Silva

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