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Pádua Marques |
Outro
dia fui, como de costume, ao centro e fiquei na praça da Graça observando o
movimento. Uns iam, outros vinham. Outros estavam parados e a vida seguindo.
Mas me chamou a atenção dois trabalhadores de uma empresa terceirizada da prefeitura
e que faziam a marcação de faixas de estacionamentos nas proximidades da
agência da Caixa Econômica Federal. Um deles estava usando um pincel, daqueles
antigos, cerdas longas, largo, mas de cabo curto enquanto o outro usava um
rolo, desses de esponja, mais confortável e que lhe garantia maior rapidez no
desempenho.
Eu
não pude ficar observando até o final da manhã como foi que terminou aquele
trabalho, o uso de duas técnicas diferentes, essa tecnologia tão simples e ao
mesmo tempo tão complexa, ali à minha frente. Mas no pouco tempo pude perceber
que o rapaz do rolo estava anos e anos à frente do outro. O rapaz que usava o
pincel gastava muito mais tinta do que o outro, sem contar a posição incômoda
de ficar com a bunda pra cima por mais tempo. Certamente que ao final do dia deve
ter chegado em casa com o lombo dolorido.
Essas
práticas tão antigas tem apenas um objetivo, o de acomodar apadrinhados sem ao
menos observar os critérios de capacidade e competência de auxiliares. Antigos
cabos eleitorais e que se acham no direito de exigir no meio de mandatos dos
prefeitos e até governadores esses ou aqueles cargos. Eles, pensando bem,
fizeram pouco, muito pouco. Assim as prefeituras se transformam em balcões de
negócios. Passam a ser propriedades de grupos políticos. E todos aqueles
auxiliares, muitos deles com capacidade técnica comprovada têm assim de uma
hora pra outra que deixar os cargos simplesmente porque os prefeitos ou
governadores estão sendo pressionados.
E
esses prefeitos e governadores não estão nem um pouco ligando pra o povo que os
elegeu. A preocupação agora é desmontar a máquina e remontar mais lá na frente.
Remontar com peça ordinária, com o refugo, coisa comprada no ferro velho. Com
gente de partido, gente que apenas bateu palmas. Mas é gente que precisa de um
agrado, um bombom, um biscoito, nem que seja um pedaço, um sobejo que sobrou no
pacote. O bem coletivo fica pra trás. Agora o importante é acomodar o compadre.
Que se dane a capacidade técnica de muitos auxiliares que ajudaram o prefeito a
chegar até aqui. Agora, em muitos casos, quando a máquina está ajustada nos
parafusos a gente troca de ferramenta. Troca o rolo pelo pincel. É mais barato.
Da redação do Jornal da Parnaíba
Por Pádua Marques
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