Zé Filho: “Decretos de emergência são para fazer
contratos sem licitação”
Antonio José de Moraes Souza Filho vai
inaugurar em Teresina uma indústria de rações para gatos e
cachorros. Este é um dos seus planos após deixar o cargo de governador dos
piauienses. O outro é, durante as férias de 10 dias que vai tirar agora em
janeiro, a leitura dos três volumes da biografia de Getúlio Vargas escrita pelo
jornalista Lira Neto. Um terceiro é pensar bastante sobre a continuação da
sua carreira política.
Aproveitando
a deixa, quero saber: o senhor ainda vai concorrer a qual cargo?
- Pode ser a deputado federal, quem sabe? Responde
com uma indagação.
Aos 44 anos, ele – proprietário de duas cerâmicas
em Parnaíba - já foi vereador e prefeito da segunda maior cidade do
Piauí, deputado estadual por 2 mandatos, Vice e Governador do
Estado. Estudante de Administração na faculdade Cesvale, o marido da
deputada estadual Juliana Moraes Souza (PMDB) reassumiu o cargo de
presidente da Federação das Indústrias do Piauí, onde já está reeleito para um
mandato entre os anos 2016 e 2019.
Zé Filho, com o é mais conhecido, concedeu ao O
Olho a primeira entrevista depois da posse de Wellington Dias (PT), com
quem concorreu à eleição no Palácio de Karnak. Nela, ele respondeu de
forma incisiva a essa e outras perguntas sobre diversos assuntos,
entre elas as críticas dos petistas, mágoas da campanha e a relação com Marcelo
Castro e outros caciques PMDBistas.
Nos últimos
dias de governo, o senhor jogou a toalha ou foi jogado nas cordas?
- Não teve nada disso. É mais uma invenção
plantada na mídia contra mim.
Mas o senhor
há de convir que....
- Rapaz, eu apenas me reservei o direito de
não ficar o tempo todo concedendo entrevista para me defender. O secretário
João Henrique foi escalado para esse papel.
O senhor
acreditava na vitória contra Wellington Dias?
- Eu sabia que era muito difícil. Isso devido
ao maior cabo eleitoral dele.
E qual era
ele?
- O Bolsa Família. Quem recebe esse tipo de
benefício, que eu acho justo socialmente, não deveria votar. É uma compra de
voto legalizada.
A
candidatura de Wilson Martins ao Senado foi prejudicado pelo desempenho do seu
Governo?
- Não, tudo que fizemos na campanha foi
combinado. Ele perdeu para uma onda.
Por que
tantos secretários estaduais abandonaram seu Governo?
- Foram discordâncias meramente técnicas e
administrativas. Nada pessoal ou profissional. Todos continuam em meu círculo
de amizades.
- O primeiro telefonema que recebi após o
resultado da eleição foi dele. Nossa amizade se estreitou mais ainda. É um
grande amigo.
Como está
sua relação com o seu Vice, Sílvio Mendes?
- Aprendi muito com ele nesse período, como
político e como cidadão. É um exemplo de retidão, seriedade e ética.
Se sente
injustiçado com as acusações dos petistas sobre as finanças do Karnak?
- Historicamente, as finanças do Piauí sempre
estiveram apenas mais ou menos equilibradas. Nunca totalmente como deveriam.
Mas sei bem o que eles querem com isso.
E o que
seria?
- Criar dificuldades para vender facilidades. Esses
decretos de emergências são midiáticos e vão servir apenas para fazer contratos
sem licitação.
Dias disse
que o senhor deixou o Piauí no Serasa.
- E é verdade. E isso se deve a processos que
estamos respondendo ainda dos dois primeiros mandatos dele. Nem tem nenhum meu
ou do Wilson Martins. E tem outros motivos.
E quais são
eles?
- Os petistas do Piauí terem
prendido verbas federais no Banco do Brasil e na Caixa Econômica.
Não recebi um real de financiamento de Brasília.
Os
fornecedores estão reclamando muito, né?
- Eles só reclamam de governador que perde
eleição. Wilson Martins recebeu os cofres piores do que estou entregando a
Wellington Dias e ninguém chiou.
Se fala
também em outros atrasos de compromissos financeiros.
- Pois vou lhe dizer uma coisa: recebi o
governo com os terceirizados com salários atrasados em seis meses. E entreguei
com atraso de três meses.
Os
pagamentos foram feitos corretamente?
- Disse que eu não iria fazer, mas paguei novembro,
o 13º e comecei a pagar dezembro. Conforme a tabela, o novo governador é que
tem de honrar o restante.
Que
avaliação o senhor faz dos dois mandatos do seu tio, o Mão Santa?
- Teve muitos méritos. E era bastante popular.
O defeito foi o populismo excessivo.
Qual nota
daria para o Governador Zé Filho?
- Há pouca possibilidade de avaliação. Em
noves meses, fiquei três lutando para ser candidato a governador. E depois,
dois em campanha contra Wellington.
Quais críticas
faria ao começo do governo petista?
- E precisa? Ele fala em economia e traz 11
suplentes para a Assembleia. Deveria era fazer um choque de gestão diminuindo o
número de secretarias. Mas eles estão sendo usadas para acomodações
politiqueiras.
Pretende
escrever as memórias do seu Governo?
- Sim. Deixa o sangue esfriar. Não quero
comentar injustiça. Vai ser de cabeça fria, mas vou falar tudo, toda a verdade.
Como
gostaria de passar à história do Piauí?
- Como alguém que não envergonharia, mas sim
orgulharia aos meus pais e aos meus familiares.
Quem o
senhor admira na política do nosso Estado?
- Petrônio Portela é um símbolo, um exemplo do
que precisamos. Tem de surgir outro com esse mesmo perfil e prestígio em nível
nacional.
E quais
jovens têm futuro na nossa política?
- Gosto do estilo competente do Luciano Filho
e do Rodrigo Martins. Eles são do ramo e vão surpreender muita gente.
O parnaibano
Alberto Silva foi o maior governador dos piauienses?
- Se tiramos do nosso mapa as inúmeras obras feitas
por ele, vai ficar pouca coisa. Foram muitas realizações.
O que
pretende fazer à frente da Fiepi?
- Concluir em Parnaíba a reforma de duas
escolas profissionalizantes no valor de 20 milhões de reais. E mais três
prédios em Corrente, Bom Jesus e São Raimundo Nonato.
Curta nossa fanpage no Facebook
Edição do Jornal da Parnaíba
Fonte: O Olho/Fotos: Thiago Amaral
Nenhum comentário:
Postar um comentário