Levantamento do Instituto Avante Brasil mostra, em
valores atualizados, que 31 casos de corrupção (de 1980 a 2014) geraram um
rombo ao erário público de R$ 120 bilhões. Campeão da pilhagem ao patrimônio
público continua sendo o caso Banestado (R$ 60 bi), seguido da Petrobras (cuja
estimativa preliminar gira em torno de R$ 10 bi a R$ 20 bi). Vejamos:
Custa acreditar nessas cifras monstruosas, mas,
enfim, quem ignora todos esses fatos públicos e notórios, impregnados na nossa
cultura? Quem ignora que nosso País, um dos paraísos mais cobiçados da
cleptocracia mundial (em razão da combinação "ganhos ilícitos certos com
impunidade assegurada"), sempre se viu e sempre foi visto como uma nação,
para além de obscenamente desigual (dentre as dez mais desiguais do planeta),
completamente desgastada pela corrupção?
O eficaz combate à corrupção é tarefa absolutamente
inadiável (aprimoramento dos órgãos de controle, integração de todos esses
órgãos, recuperação do dinheiro desviado etc.), no entanto, é preciso não
esquecer que não é a única. Com tanta corrupção é evidente que não sobra o
suficiente para a educação de qualidade para todos, em período integral; temos
consciência, adicionalmente, que sem educação de qualidade para todos jamais
construiremos um país inteiramente civilizado. Aliás, ao contrário, por falta
de capital humano, já salta aos olhos retrocessos deveras
preocupantes como a falta de crescimento econômico e a reprimarização da
economia. Que é isso? Isso significa que estamos perdendo as oportunidades
criadas por mais uma revolução histórica, a cibernética e comunicacional,
mantendo nosso velho papel de provedor (agrário e mineral) de bens primários (commodities),
para os centros avançados do capitalismo. Mais uma oportunidade que estamos
jogando fora. A regressão tecnológica brasileira é palpável (com exceção
precisamente dos setores agropecuários). O empobrecimento cultural é evidente.
A competitividade internacional da indústria brasileira é ridícula. Estamos nos
aprofundando no abismo do atraso (e tudo se passa como se nada fosse).
Por professor Luiz Flávio Gomes



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