segunda-feira, dezembro 29, 2014

Timonha – O Rio, o Estaleiro e o Porto

Bacia do Rio Timonha na divisa do Piauí com o Ceará
COMENTÁRIOS

A – INFORMAÇÃO
A matéria que abordarei neste artigo XCII (92), no meu entender, é muito importante para os estados do Ceará e Piauí, de modo especial ao norte do Piauí, onde se localiza a nossa Parnaíba. Assim sendo, espero que a matéria seja conhecida pelo Exmo.

Senhor Governador de Estado Moraes Souza Filho, pelo Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa: Temístocles Sampaio, bem assim pelo digno Prefeito de Parnaíba Florentino Véras, a fim de que essas ilustres autoridades, nas esferas de suas atribuições constitucionais, acompanhem os entendimentos e as providências para concretização e bom encaminhamento de tão importante assunto, o qual será em área divisória dos dois Estados Piauí e Ceará.

B – ÁREA TERRITORIAL
É oportuno lembrar que em 1820, a Assembleia Legislativa da Província do Ceará, através de Lei Provincial considerou Amarração, situada no litoral piauiense, como vila da Província do Ceará. Os reclamos da Província do Piauí demoraram a ser atendidos, e só o foram, em 1880, por Sua Majestade Imperador Dom Pedro II.

Ficou esclarecido, com toda segurança que o Rio Timonha seria a linha divisória entre as então províncias do Piauí e Ceará, a partir de sua nascente na Serra da Ibiapaba até o oceano. A linha divisória continuaria pelos cumes das serras que limitam Piauí e Ceará. Ocorreu, porém, que vilas e posteriormente cidades cearenses foram instaladas nos cumes das serras, e nas encostas oriental e ocidental, a partir de Viçosa, Tianguá, Ubajara, São Benedito e Guaraciaba. Surgiram as áreas de litígios territoriais entre os dois estados irmãos. Eu disse litígios territoriais pacíficos e não litígios de qualquer outra ordem.

Na área do Rio Timonha, cujo mapa acompanha este escrito, verifica-se com facilidade que a cidade cearense de Chaval está localizada em território piauiense!

C – RIO TIMONHA
Esse rio de pequeno curso, pequena vasão, é intermitente, tendo melhor volume d’agua de
chuvas (dezembro a junho), é um rio importante por servir de linha divisória entre os estados irmãos – Ceará e Piauí.
O Rio Timonha, na lei de nosso país, é um rio nacional; ele, o Rio Parnaíba, o Rio São Francisco e vários outros. Em razão de ser rio nacional, o que for deliberado, construído ou modificado em relação ao Rio Timonha o será conjunta e harmoniosamente com prévio e pleno conhecimento e aceitação pela União Federal e pelos estados do Ceará e Piauí.

D – PORTO MARITIMO DO PIAUÍ
No início da década de 1950, a 3ª Campanha Cívica pela construção do porto marítimo do Piauí foi iniciada com estudos, debates e reclamos pela escolha do local mais apropriado para a localização do nosso porto, em Tutóia – MA, Luís Correia – PI ou às margens do Rio Timonha (então território de Luís Correia, atualmente de Cajueiro da Praia - PI). Foram examinadas as vantagens e inconvenientes relativamente a cada um desses locais.

Tutóia dista 150 km, de canais e igarapés, de Parnaíba. Timonha, possuindo um ancoradouro natural e profundo, fica distante 70 km de Parnaíba e da Hidrovia do Rio Parnaíba, com 1.100 km navegáveis, de Santa Filomena ao mar; Luís Correia, apresentando um ancoradouro com 8 a 10 m de calado, distante 3.000 m da praia, mas com futura oportunidade de outro ancoradouro, com calado de 10 a 12 m.

O Engenheiro Mariotte Pires de Lima Rebelo, autor do estudo da viabilidade técnica do Porto em Luís Correia, afirmou que o ancoradouro natural de Timonha comportaria toda a esquadra naval do Brasil e todos os navios de nossa marinha mercante, ao mesmo tempo. Quanto à barra, é preciso remover rochas de granito na entrada. O competente economista Pádua Ramos, discípulo do ministro Reis Veloso, realizou o estudo da viabilidade econômica do nosso porto. A escolha, para aquele momento, foi pela barra de Luís Correia.

O Deputado Chagas Rodrigues, pertencente ao PTB do eminente brasileiro Getúlio Vargas, solicitou e conseguiu promessa assumida pelo então candidato às eleições presidenciais, cujo cumprimento se efetivou a partir de 1953, quando foram iniciadas as obras do enrocamento de pedras, da cidade de Luís Correia à praia de Atalaia, de cujo local o enrocamento partiu de mar adentro, buscando o primeiro ancoradouro.

São decorridos de 1953, com períodos de trabalho e interrupções, pela falta das verbas orçamentárias federais, até 2013, 60 (sessenta) anos do início das obras do Porto.

E – O ESTADO DO PIAUÍ E SEUS DOIS PORTOS.
O Estado do Piauí, considerado por alguns como uma unidade federativa pobre, deverá num próximo futuro elevar seu produto interno bruto – PIB, as receitas públicas estaduais, cuidar mais e melhor da educação, saúde e cultura de seu povo, a partir das suas jazidas minerais de ferro e de níquel, bem assim do gás petrolífero, da sua produção de soja no sudoeste de nosso estado, da sua Hidrovia do Rio Parnaíba, com 1.100 km navegáveis.

Com esta visão otimista de desenvolvimento do nosso estado, é justo pensar em dois portos marítimos: Porto de Luís Correia para exportação preferencialmente de soja, que será transportada do sudeste do Maranhão (Balsas) e sudoeste do Piauí; Porto de Timonha para exportação de minério de níquel.

As nossas jazidas de ferro e níquel poderão e deverão ser exportadas pelos Portos do Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco) e aproveitadas por suas siderúrgicas. Prosseguem, também, com bons sinais, as pesquisas sobre nossas reservas de petróleo.

F – ALEMANHA E PARNAÍBA
A indústria parnaibana foi revigorada em duas épocas distintas por um alemão e por indústria alemã.

O cidadão alemão Werner Schlupann, associado aos competentes e dignos irmãos Bento e Carlos Gurjão constituíram uma empresa denominada Curtume Gurjão, moderno, bem aparelhado, que funcionou vários anos no Bairro São José, às margens do Rio Igaraçu.

A internacional e poderosa empresa farmacêutica Merck, com mais de três séculos de funcionamento na Alemanha, instalou uma unidade industrial na nossa cidade para extração de pilocarpina, medicamento usado no tratamento dos olhos, obtido das folhas do jaborandi, planta medicinal nativa também plantada no Piauí e Maranhão.

Essa fábrica, muito bem conservada, continua em produção com a denominação Vegeflora, substituída a denominação anterior Vegetex.

Esperamos e acompanhamos com interesse os entendimentos entre a também importante empresa alemã, Nordic Yards, com os governos dos estados do Ceará e do Piauí, a fim de que tudo transcorra bem, objetivando a vinda e montagem do estaleiro na região divisória de nossos estados do Piauí e Ceará, das praias bonitas e ensolaradas do Nordeste Brasileiro.

Lauro Andrade Correia
Parnaíba, 08 de Dezembro.2014
Lauro Andrade Correia
Prefeito de Parnaíba – 1963/1966
Engenheiro Industrial – UFMG
Presidente da FIEPI – 1974/1982

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Edição do Jornal da Parnaíba

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