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Fernando Gomes |
A imprensa estadual noticiou que o município de
Parnaíba obteve o maior crescimento do PIB no país. O fato foi festejado pela
atual administração como uma obra do governo. O prefeito celebrou, deu
entrevistas. Foi aquela festa! Para agradar o chefe, foi um “compartilhar”
intenso nas redes sociais sobre a matéria que diz ser a Parnaíba a nova
“Filadélfia”, sem esquecer o detalhe: graças aos gestores de agora!
É verdade que avançamos economicamente na última década.
Porém não foi um fato isolado do contexto nacional. Cidades antes menores que
Parnaíba, mas de igual potencial seguiram na mesma balada e superaram-nos:
Petrolina, Sobral, Mossoró. O que será que fizeram por lá? Devíamos aprender...
O crescimento do PIB se deu, notadamente
impulsionado pelos investimentos privados de empresas que ampliaram suas
atividades, outras novas que aqui se instalaram, pela expansão do Campus
Universitário, explosão da construção civil, muito menos pela ação
governamental local.
A partir daqui vamos entender a festa. Temos mesmo o que comemorar ou seria prudente cuidar da nossa gente? Faz o governo municipal o que se propôs a fazer ou o que se esperava que fizesse?!!!
A partir daqui vamos entender a festa. Temos mesmo o que comemorar ou seria prudente cuidar da nossa gente? Faz o governo municipal o que se propôs a fazer ou o que se esperava que fizesse?!!!
PIB é a sigla para Produto Interno Bruto,
e representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços
finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado.
O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia, e tem o objetivo
principal de mensurar a atividade econômica de uma região. É um pouquinho
complicado, mas vamos tentar entender.
Recorremos ao Profº Dr. Ladislau Dowbor da PUC/SP, formado
em economia política (Suíça); Doutor em Ciências Econômicas (Varsóvia,
Polônia), consultor da ONU, “o PIB é uma cifra que, tecnicamente, ajuda a medir
a velocidade que a máquina gira, mas não diz o que ela produz, com que custos
ambientais e nem para quem”.
Para ele “o tamanho do PIB só revela o montante do dinheiro usado e não a qualidade desse uso”. Para entender: quando são jogados pneus, carcaças de fogão e todo tipo de lixo pela cidade e isso obriga a prefeitura a contratar uma empresa de limpeza urbana, isso aumenta o PIB. Quando aumenta a criminalidade, mais gente compra grades, cadeados e contrata gente que apita na rua, isso está aumentando o PIB. Quando se melhora o nível de saúde da população e crianças adoecem menos, compram-se menos medicamentos e há menos hospitalização, ocorre redução no PIB. Logo, o PIB não mede resultado, mede a intensidade de uso dos recursos e as pessoas pensam que o PIB é bom porque o associam ao emprego.
Para ele “o tamanho do PIB só revela o montante do dinheiro usado e não a qualidade desse uso”. Para entender: quando são jogados pneus, carcaças de fogão e todo tipo de lixo pela cidade e isso obriga a prefeitura a contratar uma empresa de limpeza urbana, isso aumenta o PIB. Quando aumenta a criminalidade, mais gente compra grades, cadeados e contrata gente que apita na rua, isso está aumentando o PIB. Quando se melhora o nível de saúde da população e crianças adoecem menos, compram-se menos medicamentos e há menos hospitalização, ocorre redução no PIB. Logo, o PIB não mede resultado, mede a intensidade de uso dos recursos e as pessoas pensam que o PIB é bom porque o associam ao emprego.
O PIB não é indicador de riqueza, inclusive ele não
mede sequer a riqueza. Porque para medir riqueza, se mede patrimônio. Nosso PIB
não mede os US$ 520 bilhões de fortunas brasileiras em paraísos fiscais e não
mede inclusive, a concentração do patrimônio, de quem controla a terra, de quem
é dono de qual parte do país, por exemplo.
Colocando mais carros e mais motos nas ruas de
Parnaíba, onde o trânsito dá sinais de uma cidade em breve paralisada (não há
planejamento em engenharia de tráfego), gastando mais gasolina aumenta o PIB,
mas não está melhorando a situação das pessoas. Quando apenas se mede quantos
carros e motos foram vendidos e quanto dinheiro circulou durante o ano e não o
estoque, tem-se o Produto Interno Bruto.
Quando se investe em saúde preventiva e ajuda com
que as pessoas não fiquem doentes, não se aumenta PIB, ao contrário. A Pastoral
da Criança, por exemplo, é responsável por 50% da queda da mortalidade infantil
no país e isso não aumenta PIB, o que aumenta PIB é a compra de remédios,
contratar ambulância e serviços hospitalares. Na realidade, o PIB é uma cifra
que, tecnicamente, ajuda a medir a velocidade que a máquina gira, mas não diz o
que ela produz, com que custos ambientais e nem para quem.
Dowbor nos lembra que outros países, inclusive os
europeus, estão usando indicadores para medir o desenvolvimento que não se
baseiam apenas na quantidade de dinheiro, mas na qualidade de vida que os
gastos proporcionam, “uma espécie de Índice de Felicidade Bruta”. Estamos nós
num paraíso?!
Não contesto o crescimento do PIB em nossa cidade.
Firulas à parte deveria o governo municipal fazer o seu dever de casa. Olhem ao
redor das avenidas São Sebastião e Pinheiro Machado. Saiam delas. É preciso conhecer,
para tanto tem que ir lá. Qual a última vez que vocês (da gestão municipal)
foram ao Chafariz? Lá falta água para beber, a estrada está esburacada, o Posto
de Saúde foi fechado ainda na administração anterior. E o Parque Zé Estevão?
Esse sim é o retrato do abandono, da ausência plena do poder público..., estes
rápidos casos exemplificam a miséria em que vive a maioria dos parnaibanos.
Finalizando, neste município de destacado PIB, quais
os investimentos no desenvolvimento do nosso capital social? Qual o padrão do
atendimento dos nossos serviços públicos municipais? Qual a política pública em
atividade que zela pelo cidadão? Dever-se-ia era ter mais espírito público e
decência!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e
contribuinte parnaibano.
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