sexta-feira, outubro 24, 2014

Os afectos que não demos

Recentemente fui operado, e embora recebesse parabéns pela bem-sucedida intervenção cirúrgica, o pós-operatório foi um calvário.

Só nos recordamos que a vida é curta, que os anos rolam rapidamente, quando a velhice se aproxima, ou caímos, seriamente enfermos.

Acreditamos que a vida não tem fim; mesmo ao entrarmos na chamada terceira idade, queremos pensar que a morte só abraça os outros, já que nós – assim desejamos, – somos eternos…ou quase…

Mas pouco a pouco, lentamente, ano a ano, quase sem sentir, avizinha-se o fim da jornada.

Passamos a vida a cuidar – da nossa saúde, da nossa carreira profissional, da satisfação dos nossos desejos; olvidando que para ser feliz é mister cuidar dos outros.

Adiamos sempre para amanhã – que nunca chega, – para conviver, abraçar o amigo, o familiar, porque não temos tempo… ou por comodismo…

E para amanhã ficam os telefonemas, as conversas, as horas de convívio com aqueles que nos querem bem.

De longe a longe, dizemos-lhes: - Havemos de combinar… mas sabemos que o amanhã nunca chegará…

E deste jeito, quantos abraços deixamos de dar? Quantos elogios ficam por fazer?

Mas, em hora inesperada, chega a doença, surgem as limitações e então cogitamos: por que não disse o que ia na alma?! Por que não abracei meus irmãos e a causa que me era querida?!

Adiamos sempre: Amanhã vou fazer isto. Hei-de dedicar-me à música. Quando aposentar-me vou pintar… Servir uma causa humanitária… Sempre para amanhã…Sempre para o futuro.

Vivemos dentro de um sonho. Só muito tarde acordamos e, estupefacto, verificamos que não vivemos… As oportunidades e a saúde passaram…e o tempo não volta.

Lamentamos, então, os anos perdidos. A juventude que passou… e o que passou… não passará mais…

Já não vamos a tempo de dizer: quanto amamos a nossa mãe, a nossa irmã, aqueles que connosco repartiram a vida – os amigos, os colegas de trabalho, os companheiros que cruzaram com a nossa vida.

Então lamentamos, os abraços que não demos. Os beijos que deixamos de dar. Os afectos que tornariam felizes, os que aguardavam os nossos carinhos… Mas é tarde… Muito tarde… Porque o tempo é como as águas do rio, nunca passam pelo mesmo lugar.


Por Humberto Pinho da Silva

2 comentários:

Anônimo disse...

É verdade a vida é muito curta, os anos passa e nós não vemos, quando nós vamos olhar já passou muito, poriso quer temos quer aproveitar muito.

Anônimo disse...

Hoje ninguém tem mais amor pra dar as pessoas quer precisar, ninguém vai mais a igreja não tem Deus no coração, os filhos de hoje não respeitar mais os pais e não toma mais abença porque tem vergonha, não respeitar mais ninguém, poriso quer o mundo esta sofrendo muito com isso.