Há, na Bíblia,
uma passagem em que milhares de porcos jogam-se no abismo possuídos por
demônios (O possesso e os porcos, Marcos, Cap. 5 Ver. 1-20).
A invenção de usar o porquinho como cofre é
atribuída ao engenheiro francês, Sebastian
la Pestre, no século XVII. Por esta versão, Pestre teria calculado que em
dez anos uma porca pode produzir seis milhões de filhotes e concluiu que este
animal representaria bem a ideia de economizar.
No Piauí, há pelo menos duas lendas que trazem a
porca como figura principal: a porca do dente de ouro e a porca ruiva. Em
função do espaço reduzido, não contaremos aqui tais lendas, mas de um RITO POLÍTICO da sociedade piauiense
comum nos períodos ELEITORAIS.
Encontramos no decorrer da pesquisa pelo menos três
versões, a partir das quais se cria um número infindável de outras histórias.
Cada narrador acrescenta algo, localiza-a em lugar diverso, muda personagens.
Vejamos a seguir o que conta Laerte Magalhães:
Vejamos a seguir o que conta Laerte Magalhães:
1. Manuca, um comerciante na cidade de Campo Maior,
pela década de 60 do século passado, após ter perdido a eleição para vereador,
observava, em frente à sua casa, porcos que fuçavam restos do material da
campanha eleitoral. Alguém que passava por ali, percebendo o estado de
desolação de Manuca, adverte em tom de galhofa, “cuidado Manuca, senão a porca te come”. A história caiu no gosto
popular e rapidinho espalhou-se pelo estado, principalmente porque foi adotado
pela mídia.
2. Um político, também de Campo Maior, pela década
de 50, teria planejado trocar urnas com votos legítimos por outras com votos
falsos, sob as obscuridades. Deixou debaixo de uma moita próxima ao local onde
as urnas verdadeiras eram guardadas. Mas, na hora marcada, ao chegar à moita
para apanhar as urnas que lhe garantiriam a vitória, viu que uma enorme porca
havia espatifado todas as cédulas. Por conta disto, o tal político perdeu a
eleição. Do mesmo modo que a versão anterior, a história tomou gosto nas rodas
de conversa pela cidade e espalhou-se no imaginário popular.
3. O professor Joaquim Magalhães, natural de
Piracuruca - PI, diz que nem uma das duas versões corresponde à verdade.
Segundo o referido professor, a prática deriva do costume de disparar
bacamartes ou ronqueiras nas festas religiosas que é depois adotado nas festas
de vitórias políticas. Por ocasião de tais festas, os partidários do vitorioso
utilizavam expressões como “hoje a porca
vai roncar”, “hoje a porca vai comer”.
Para o professor o ronco do bacamarte ou da ronqueira era associado por
imitação ao ronco da porca. Daí, a expressão “a porca vai comer” foi aos poucos se transmutando para o modo como
é utilizada atualmente.
Zózimo Tavares publicou em 14/05/2007 que na
campanha de 2004, a irreverência do delegado federal Robert Rios, candidato a
prefeito de Teresina pelo PC do B, criou uma nova raça de "porca." Segundo ele, o médico e senador Mão Santa,
aplicando seus conhecimentos sobre o genoma, criou a "porca de duas cabeças." Conforme Robert, uma das cabeças
era para comer o filho do senador, Mão Santinha, candidato a prefeito de
Parnaíba, e a outra para comer a esposa de Mão Santa, dona Adalgisa Moraes
Souza, candidata a prefeita de Teresina.
A variedade demonstra e reafirma a riqueza do mito.
Edição do Jornal da
Parnaíba | por Josef Anton Daubmeier
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