O CRM, dentro das funções que lhe cabem, enquanto
autarquia federal, representará (denúncia administrativa) o juiz Deoclécio
Sousa, na Corregedoria de Justiça do Piauí e no Conselho Nacional de Justiça –
CNJ. O Conselho chegou à conclusão de que o constrangimento, humilhação,
intimidação e pavor das equipes de plantão no HGV e HUT, ocasionaram risco na
prestação dos serviços médicos, bem como poderiam ter ocasionado mal maior,
caso os médicos plantonistas fossem detidos, deixando pacientes graves de UTI sem
assistência.

Com a gravidade e repercussão do caso, que causou
exposição dos médicos na imprensa, o CRM convocou reunião extraordinária de seu
Conselho Deliberativo, na noite desta quarta-feira (08), com a presença de
conselheiros, de sua assessoria jurídica, dos médicos plantonistas envolvidos
no caso e médicos que presenciaram os fatos, além do diretor do HUT, Gilberto
Albuquerque, e representantes da OAB Piauí.
Para os conselheiros do CRM, os médicos Clériston
Silva Moura, que estava de plantão no HUT, e Mario Primo da Silva Filho, este
que respondia por uma das UTIs no HGV, na segunda-feira, tiveram seus direitos
cerceados, sofreram constrangimento, foram coagidos, intimidados e humilhados,
além de terem sido ameaçados de prisão, com a presença de policiais armados,
enquanto exerciam seu ofício. O Conselho considera que o juiz desconhecia a
realidade de funcionamento sobre demandas de leitos em UTIs para pacientes em
estado grave e, ao determinar prisões dos médicos, cometeu abuso de autoridade.
Os médicos acima citados só não foram presos porque surgiram vagas nas UTIs e
os pacientes foram internados.
Em seu relato, o médico Mario Primo informou que, a
princípio, ao ser abordado por um oficial de justiça com mandado para internação
de paciente do sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, ele assinou
o mandado, com a observação de que todos os leitos da UTI do HGV, pela qual
respondia, estavam ocupados. “O oficial de Justiça me disse que eu deveria,
então, providenciar a transferência do paciente para um hospital particular.
Porém informei que não tinha poder para isso. Eles foram embora e na madrugada
uma outra pessoa chegou com um mandado de prisão do juiz determinando a minha
prisão, com a presença de dois policiais militares fortemente armados. No
momento, eu estava reanimando um paciente com parada respiratória. Um colega
médico foi atendê-los, afirmando ser impossível eu interromper o procedimento.
Enfim, quando a paciente novamente estabilizou, fui atendê-los. Um policial
disse que estava apenas cumprindo a ordem de prisão, mas que estava
envergonhado, pois ele viu que a atitude era absurda. Foi uma situação
vexatória, de pânico e de tensão. Sou um médico que estava ali para salvar
vidas e tinha oito pacientes graves sob meus cuidados na UTI. De repente, eu
sou ameaçado de prisão por uma situação que não me compete. O médico quer que
todos tenham direito a leitos, mas o que o juiz parece desconhecer é que a
situação é grave. Não há vagas para todos e são os governantes que precisam
resolver isso. Infelizmente somos vítimas diariamente desses abusos por
estarmos na linha de frente. Espero nunca mais passar por isso”, descreveu
Mario Primo.
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Fotos - Márcia Cristina – Aldeia Com
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