A jabuticaba dos senadores sem votos
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Regina Sousa, suplente do senador Wellington Dia, eleito governado governador no primeiro turno |
01. Não é somente a jabuticaba que diferencia
mundialmente o Brazilquistão. De acordo com as atuais regras do deplorável jogo
político cada senador é eleito com dois desconhecidos suplentes, que não
recebem um único voto. Na atualidade, 18 senadores suplentes estão em
exercício. Mais dois estão com cadeiras garantidas a partir de 1/2/15 (em razão
da eleição de senadores para os governos do Piauí e de Mato Grosso). Outras oito vagas podem abrir conforme os
resultados do 2º turno (RJ, SP, MG, DF, MS, CE, PA e AM).
Democracia
sem voto: uma jabuticaba bem brazilquistanesa! Como é possível que ainda
exista esse tipo de anomalia na legislação eleitoral? Isso não é um estelionato
eleitoral? Não seria mais democrático se o segundo colocado nas eleições assumisse
o mandato? Por que é difícil mudar essa regra? Mais grave: vários senadores
escolhem empresários ricaços para suas suplências, muitos deles responsáveis
por financiar a campanha dos titulares. Pior ainda: há também o caso de
senadores que têm como suplente um parente. Soma-se aqui a pouca-vergonha com o
nepotismo, filhotismo e parentismo!
03. De qualquer modo, a julgar pelas fontes
fidedignas que confirmam as noites mal dormidas de suas excelências
(especialmente depois que o ministro Teori Zavascki afirmou que incontáveis
autoridades e políticos estão citados na delação de PRC), são funestos os
caracteres que, dançando e fulgurando com magia infernal nessas almas deveras
atribuladas (Lisboa), exprimem palavras como escândalos, prisões, processos,
cassações e, sobretudo, perda de grande parte da fortuna amealhada pela
pilhagem desavergonhada do dinheiro público (PRC teve que devolver R$ 70
milhões) que rega, desde o século XVI, aqui na Ilha de Brazilquistão, as alegrias
fugazes, os banquetes nababescos assim como as contas bancárias polpudas de
alguns inescrupulosos bafejados pela confiança quadrienal do povo majoritário
que carimba burocraticamente suas eleições ou reeleições contínuas,
perpetuadoras do grande mal que assola e vergasta impiedosamente o futuro do
promissor País.
Solução: no
ano passado, após as manifestações de junho, os senadores votaram e aprovaram
uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê o fim do segundo suplente
assim como a proibição de indicação de parentes. Essa proposta, como se vê, é
absolutamente insuficiente. Melhor seria que fosse sempre aproveitado (em caso
de vacância) o segundo senador mais votado de cada Estado, posto que conta com
legitimação democrática para assumir o mandato. Enquanto nas periferias ou
centros degenerados a população ignara e desorientada vegeta marginalizada e
abandonada à própria sorte, sem urbanização ou sem mobilidade urbana, sem
hospitais e sem médicos, sem escola de qualidade, sem estabilidade no emprego
(que reflete uma situação de absoluta precariedade), sem desfrutar dos
resultados do progresso (Brasil é a 7ª economia do mundo), os
"fidalgos ou nobres", chamados protocolarmente de excelências, devido
à proximidade com o poder, se mantêm na base do protecionismo, nepotismo,
filhotismo, parentismo, patrimonialismo, fisiologismo, das concessões mútuas,
dos favores pessoais e dos privilégios de toda espécie. Tudo começa com a convivência com
o poder corrompido e não demora nada para se passar para a conivência com
a degenerada situação. A força da política nacional reside justamente nos
comportamentos mais abjetos e vis, que absurdamente foram elevados a valores
máximos no seio da podre elite inescrupulosa que nos domina.
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Por Luiz Flávio Gomes
Um comentário:
As peixada são muito pra quer isso, vamos tem vergonha na cara.
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