E nessa semana passada quando se deu a instalação
do curso de Medicina no campus da Universidade Federal do Piauí em Parnaíba me
veio uma preocupação muito grande com as propostas e as expectativas de
resultados a médio e longo prazos sobre o atendimento à saúde. E esta
preocupação talvez não seja somente minha, mas de centenas de pessoas que
observam a qualidade dos serviços de atendimento à saúde no Brasil indo de mal
a pior. E são vários os contribuintes pra esta situação ter chegado ao ponto
aonde chegou.
Com todo o respeito e gratidão que temos pelos
médicos, no sentido geral, o que me permite discordar de certas situações
envolvendo esta categoria, mas eu não posso mais ver a falta de competência de
governos, seja municipal, estadual ou federal quando se trata da direção
executiva de hospitais públicos. É prática comum no Brasil a administração
destes hospitais ser confiada a médicos com isso ignorando este hospital como
empresa, empresa privada, eficiente, rápida, mostrando qualidade, onde por
várias vezes as coisas necessitam ser desenvolvidas conforme uma dinâmica especial
e com suas regras próprias.
Médicos no Brasil deveriam estar conscientes de
suas obrigações e longe de rotinas executivas de hospitais, independente de
terem formação ou perfil administrativo. Em outras palavras e pra ser mais
claro estes cargos deveriam ser necessariamente exercidos por administradores
de empresas por formação ou equivalentes, profissionais mais afeitos a este
desenvolvimento de rotinas. Se no Brasil fossem obedecidos estes critérios, que
julgo dos mais simples para os hospitais públicos, estariam eles atendendo
melhor a população.
Médicos, via de regra, não sabem administrar,
exceto dentro de suas obrigações profissionais e poucos têm conhecimento das
noções de encargos burocráticos, típicos de administradores de empresas. É por
isso que no Brasil os hospitais públicos são ineficientes e com uma carga
imensa de atribuições, falta de pessoal, equipamentos, despesas em descontrole
entre outros e crônicos problemas. Porque se achou e ainda acham os governos no
Brasil entregarem a direção de hospitais a médicos. Médicos devem tratar de
doentes e não estarem preocupados com rotinas administrativas de hospitais.
No Brasil se transformou quase uma convenção este
tipo de atribuição e de confiança quando o assunto é direção de hospital. Se é
convenção está errada. O médico pode até ser um excelente cardiologista,
pneumologista, pediatra, clínico geral, urologista, ortopedista,
neurocirurgião, etc. Mas esta especialidade conquistada a muito custo não lhe
valida ser um bom administrador de hospital. É que médicos, até pela longa
formação, se deixarem de exercitar seus conhecimentos na sala de aula pra se
entregarem a rotinas meramente administrativas, em muitos casos, nas regiões
mais distantes, esquecidos de atualização dos avanços tecnológicos. Estão na
função errado e usando dois lugares ao mesmo tempo. Este quadro pode ser visto
em todo momento no Brasil, todo santo dia e principalmente em cidades pequenas.
O secretário de saúde ou o chefe do hospital é geralmente um médico ao invés de
um administrador de empresas. Sem contar que no Brasil muitos são os médicos
que se prevalecem de sua condição de salvar vidas exercem uma influência de
domínio sobre as pessoas, principalmente nas situações de desespero e entre os
mais humildes.
Quem é que não tem medo de morrer ou de ficar
dependente dos outros? E dessa forma muitos e muitos médicos no Brasil exercem
uma pressão, uma intimidação política sobre o homem comum, seu eleitor por
obrigação e comprometimento. Basta um descuido e lá estão eles prefeitos,
deputados federais, estaduais, vereadores, senadores, governadores. Dá pra se
vê depois onde o País está metido e sem condições de sair. Os médicos deveriam
estar exercendo suas competências profissionais. Não é justo. Se a gente
imaginar o Brasil com mais de cinco mil municípios e em cada um deles a
prefeitura sendo administrada por um médico são menos cinco mil médicos em
atividade no Brasil.
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Por Antônio de Pádua para o Jornal da Parnaiba
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