O Berçário da penitenciária de Parnaíba está desativado para abrigar presos. com capacidade para 136 apenados, mas está com 372, mais que o dobro da capacidade.
![]() |
Berçário da Penitenciária Mista de Parnaíba é usado
como cela de presos (Foto:Sinpoljuspi)
|
Bebês vivem dentro de celas em presídio feminino do
Piauí. Algumas das crianças foram concebidas entre as grades e vivem em meio à
sujeira. Bebês dividem celas sujas e lotadas com detentas em
penitenciárias do Piauí. Vídeos e fotos mostram as crianças convivendo com as
mães na prisão. Denúncia foi feita pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do
Piauí.
Bebês e crianças convivem com as mães presas na
Penitenciária Feminina de Teresina e na Penitenciária Mista de Parnaíba (a 354
km de Teresina), em meio a sujeira e condições insalubres. Algumas das
crianças foram concebidas entre as grades, e ao nascerem, acompanham as mães
que cumprem penas, na maioria, por tráfico de drogas.
“Tem uma cela na penitenciária de Parnaíba, por exemplo, com
quatro presas, sendo que uma delas está vivendo com seus três filhos lá dentro. O
problema não é o fato de essas crianças estarem com as mães nas penitenciárias,
mas pelas condições insalubres desses locais”,
disse o presidente do Sinpoljuspi.
Algumas das imagens mostram bebês que vivem na
Penitenciária Feminina de Teresina. Um deles, que aparenta cerca de seis meses
de idade, engatinha pela cela enquanto a mãe costura uma roupa. O bebê brinca
com a sandália da detenta, que parece não se importar com a sujeira à qual o
filho está exposto.
![]() |
Com superlotação em celas, detentos são colocados
no
localreservado para berçário (Foto:Sinpoljuspi)
|
Bebê é visto no chão da Penitenciária de Teresina,
onde não há berçário. Divulgação / Sinpoljuspi.
As imagens mostram ainda mães acalentando os filhos
pelos pavilhões. São mais dois bebês - um de um mês e outro de dois meses - que
vivem em celas fétidas, sem ventilação e higiene. As imagens das crianças na
Penitenciária Feminina foram registradas entre os meses de dezembro e janeiro.
Apesar de ser uma unidade prisional destinada a
mulheres, o prédio não tem espaço para berçário nem brinquedoteca para que as
crianças convivam com as mães.
![]() |
Bebê é visto no chão da Penitenciária de Teresina,
onde não há berçário. Divulgação / Sinpoljuspi.
|
"Além da falha grave de ser uma unidade para
mulheres, com construção em 2001, que não tem berçário, também não há médicos
especialistas. A penitenciária feminina de Teresina também não tem
ginecologista, nem pediatra para que acompanhem direto a saúde das mães e dos
filhos. Tudo isso já foi informado pelo Conselho Penitenciário ao Estado e
nenhuma foi providência tomada", disse o presidente do Sinpoljuspi
(Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí), Vilobaldo Carvalho, que faz
parte do Conselho Penitenciário.
Segundo o Sinpoljuspi, existem quatro internas que
estão entre grávidas na unidade prisional e também deveriam estar em um
ambiente com menor exposição a doenças, mas ficam misturadas a mais de cem
presas. "Quem acaba sendo penalizado é o bebê, que não tem culpa de nada e
não tem direito a uma vida digna", disse Carvalho.
![]() |
Presidente do Sindicato de Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), Vilobaldo Carvalho |
"A criança apresenta uma visível doença
dermatológica não diagnosticada pelos médicos que a avaliaram, havendo
indicação de que decorre do trauma constante a que é submetida com a privação
de sua liberdade e sem qualquer convívio com outras crianças", destacou o
juiz de Marcelo Menezes Loureiro, coordenador do Mutirão Carcerário do CNJ.
Berçário Desativado
Já na Penitenciária Mista de Parnaíba (a 354 km de
Teresina), que abriga um bebê de seis meses de idade, o berçário da unidade
está desativado para abrigar presos do sexo masculino, devido à superlotação. A
penitenciária tem lotação para 136 presos, mas está com 372, mais que o dobro
da capacidade.
Presos do sexo masculino se acomodam dentro de
cômodo que deveria ser berçário na Penitenciária Mista de Parnaíba (a 354km de
Teresina). A penitenciária tem lotação para 136 presos, mas está com 372, mais
que o dobro da capacidade. Divulgação / Sinpoljuspi.
Atualmente, um bebê de seis meses está com a mãe
desde que nasceu em uma das celas da penitenciária de Parnaíba. A criança
divide o espaço com a mãe e outra presa.
Em dezembro a mãe se envolveu numa briga no
pavilhão e foi punida com 20 dias sem banho de sol, durante esse período o bebê
ficou dentro da cela também.
"Algumas agentes ficaram sensibilizadas com a
situação da criança e pediam para as outras presas botassem no colo para tomar
banho de sol, já que a mãe estava isolada, mas isso não passou de duas ou três
vezes, pois as presas não querem tomar conta dos filhos das demais",
contou representante do Sinpoljuspi em Parnaíba, André Seixas.
Mas esta não é a primeira vez que nasce um bebê de
uma presa em Parnaíba e a criança tem de conviver dentro de celas. Segundo o
sindicato, nos últimos dez anos ocorreram vários casos, inclusive de uma
criança que foi concebida entre as grades, por um casal de suecos que estava
preso por tráfico de drogas. A criança ficou "presa" até os quatro
anos de idade quando a mãe conseguiu progressão de pena e conseguiu liberdade.
"Durante a visita ao marido, que permaneceu
até quase dois anos depois que a mulher foi libertada, ela nos contava o drama
da criança em se adaptar ao mundo fora da cadeia. A criança mostrava vários
traumas adquiridos por viver entre as grades. Tinha medo de sair de casa, não
aguentava o barulho de chaves e de portas, tudo adquirido na rotina da prisão",
disse Seixas.
"É de conhecimento do Ministério Público, do
Tribunal de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça toda essa problemática.
Houve recomendações para adequações, mas o Estado nada fez", disse a
promotora Clotildes Carvalho, que faz parte do Conselho Penitenciário.
A promotora criticou o funcionamento do conselho,
que diz ser formado por oito membros, dos quais apenas dois são
"isentos". "O conselho não funciona, pois é composto pela
maioria de pessoas indicadas pela secretaria. Quase não estamos nos reunindo
porque os trabalhos não evoluem porque apenas dois membros não são indicações
políticas", criticou.
A Sejus (Secretaria de Estado da Justiça) foi
procurada pela reportagem, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve
resposta.
Jornal da Parnaíba | Fonte: UOL
Clique Aqui e saiba mais informações de Parnaíba e cidades
circunvizinhas
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário. Favor assinar o blog com nome e e-mail.