segunda-feira, novembro 25, 2013

Família, jovens e as redes sociais: onde nos perdemos?!

Giana Laura Fabi, adolescente de Veranópolis
encontrada morta após ter fotos íntimas divulgadas
em redes sociais
Em menos de 10 dias, pela mesma motivação, dois casos tristes chocaram o Brasil, um no Rio Grande do Sul e outro no Piauí. Uma adolescente de 16 anos, Giana Laura, cometeu suicídio em Veranópolis, na Serra Gaúcha, após ter fotos íntimas divulgadas na internet. E, aqui em Parnaíba-PI outra jovem de apenas 17 anos também tirou a sua própria vida. Ela foi encontrada morta após ter um vídeo íntimo compartilhado nas redes sociais.

A exposição das imagens configura uma violação da privacidade?! Segundo a mãe da jovem parnaibana, em entrevista ao “Fantástico” por telefone, disse que não sabia o que estava acontecendo com a filha. “Ela não demonstrou nada, nada. Todo adolescente tem o direito de ser adolescente. Eles são inconsequentes mesmo. Essa exposição toda, do vídeo, da imagem da minha filha, é uma violação.”

Ana Júlia Rebeca encontrada morta em Parnaíba
após circulação de vídeo intimo no Whatsapp
Vários casos foram mostrados pela reportagem da Globo em que jovens gravaram um vídeo de sexo e tiveram as imagens compartilhadas pela internet e todo o drama por eles vivido. A jovem, envergonhada após o compartilhamento do vídeo, se despediu da mãe em uma rede social. “Eu te amo, desculpa eu n ser a filha perfeita, mas eu tentei... desculpa, desculpa eu te amo muito(...) guarda esse dia 10.11.13”, postou a garota.

A mensagem foi postada através do Instagram e do Twitter dela. O caso levanta a polêmica, justamente pelo dano que as redes sociais vêm causando aos jovens, que não aprenderam ainda a lidar com a ferramenta e acabam caindo em armadilhas. É cada vez mais comum notícias sobre o vazamento de vídeos íntimos, que mudam a vida dos protagonistas por completo, e alguns acabam chegando ao extremo, como os casos das adolescentes de Parnaíba e de Veranópolis.

A morte destas jovens serve ainda de alerta para todos nós, especialmente aos que são pais. Como anda nossa relação com nosso(s) filho(s)? É importante que estejamos mais próximos dele(s), saber das suas amizades, o que estão fazendo. Ter disposição e tempo para acompanhá-lo(s). Não é necessário entrar na intimidade, mas ter um mínimo de conhecimento do que se passa com o(a) filho(a).

Numa errônea postura, às vezes damos ao jovem ou adolescente a condição de tomar as suas próprias decisões e se comportarem da maneira que pensam com relação às pessoas e a tudo o que o mundo oferece. Porém nos esquecemos, que o adolescente ou jovem é imaturo, ainda não conseguiu formar opinião própria e se deixam facilmente serem influenciados por opiniões e atitudes de outras pessoas, espelhando-se em indivíduos que aparentemente são felizes agindo de forma de que tudo podem, tudo convém e nada lhes é proibido.

Nós pais devemos tomar muito cuidado com relação à liberdade atribuída aos filhos, ela não pode ser demais, porém também não pode ser de menos, A conversa franca, honesta e muito diálogo, são fundamentais no desenvolvimento dos adolescentes e jovens. Devemos contribuir na formação das opiniões dos nossos filhos, caso contrário outras pessoas a formarão ou a deformarão.

Outra reflexão que cabe aqui diz respeito ao nosso estilo de vida. Nos dias atuais, devido aos acontecimentos infelizes que assolam o Planeta, é muito comum ouvir as pessoas dizerem: “O mundo está perdido!”.  Um olhar superficial pode, de fato, causar essa impressão. Mas o mundo não está perdido. O mundo está na mais perfeita harmonia. O sol cumpre sistematicamente o seu papel, sem alarde. A Terra oferece todos os recursos da sua intimidade, que possibilitam a vida das criaturas, em constante harmonia. As sementes germinam, a floração acontece, os rios seguem seus cursos e os animais atendem os objetivos que o Criador estabeleceu, com equilíbrio harmônico.

Portanto, o mundo não está perdido. O homem é que está perdido. O homem é que se esquece da sua condição de filho de Deus e se debate na busca de ilusões que mais o distanciam da felicidade almejada. Esquecido da sua condição de filho da Luz, o ser humano se atormenta nas trevas, e acaba se precipitando nos despenhadeiros dos mais variados vícios. O mundo não está perdido... Nós é que perdemos o rumo!

Existe uma relação direta entre a imersão do jovem no mundo da “perdição” e a qualidade da vida familiar que se vive. Não hesito em dizer que se o nosso tempo é o tempo da “perdição” é porque a qualidade da vida familiar se diluiu. Vivemos um momento de desagregação da família, e desta desagregação surge como consequência direta a imersão dos jovens nesse mundo “perdido”, sendo a “perdição” meramente circunstancial.

Por Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano
Edição do Jornal da Parnaíba

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