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Fernando Gomes |
A oferta de alimentos no mercado
sem a prévia autorização dos órgãos competentes, sem registro, sem carimbo, ou
nota fiscal, significa que, além da possibilidade de pagar por um tipo de
produto e levar outro a população pode estar colocando em risco sua saúde.
É crime o comércio de carnes
clandestinas, pois na ordem jurídica essa responsabilidade caracteriza-se pela
presença de dolo no agir do agente. O Art. 268 do Código Penal Brasileiro, imputa-lhe
essa característica.
A situação do comércio de carnes
clandestinas é o que se pode chamar de calamidade pública, pois os malefícios
deste comércio atingem um expressivo contingente de consumidores.
Essa prática representa grave
risco para a saúde da população, pois impede o controle sanitário da carne
comercializada, tanto pela ausência de exame adequado da carcaça, que permite
identificar possíveis agentes transmissores de doenças para o homem, quanto a
não observância de normas e procedimentos sanitários durante a manipulação do
animal.
O Poder Público deveria manter-se
vigilante quanto à questão. O Art. 197 da Constituição Federal de 1988 outorga:
“São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e
controle(...).”
Dentre as ações e serviços de
Saúde Pública, encontra-se a Vigilância Sanitária, cuja competência, segundo o
Art. 6º Parágrafo 1º da Lei 8080 de 19 de Setembro de 1990, é a de desenvolver
ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação
de bens e de prestação de serviços de interesse da saúde.
Há cerca de 10 anos o então
deputado federal Antônio José de Moraes Sousa destinou uma emenda parlamentar
no valor de R$ 975.000,00 (novecentos e setenta e cinco mil reais) para
construção do matadouro público de Parnaíba. Com esse objetivo, a
Prefeitura celebrou convênio SIAFI Nº 609012 com o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
O que era para ser uma obra
marcante se revela como exemplo de uma administração descomprometida com a
cidade, que ainda permite que seus 160 mil habitantes, em pleno século XXI,
consumam carne sem inspeção sanitária. Uma vergonha!!!
Os recursos foram liberados
através da Caixa Econômica Federal em 12.06.2008 e a Prefeitura Municipal abriu
processo licitatório através da Tomada de Preços Nº 002/2010 em que teve como
vencedora a empresa Marca Engenharia Ltda, cujo contrato de execução de
serviços foi autorizado pela O.S. Nº 853/2010.
A área onde está localizado o
matadouro, fica a 21 km de distância do aeroporto, proximidades do Posto da
PRF, saída para Teresina. Capacidade prevista para abate de cerca de 150 animais
de grande porte e mais 150 animais de pequeno porte, por dia em um turno.
Os serviços foram iniciados e
para prejuízo da coletividade encontram-se praticamente paralisados há cerca de
um ano. A pergunta que se faz é: por que não se executa tão importante obra
dentro dos prazos legais tendo os recursos disponibilizados? De quem é a culpa?
Por que os responsáveis não são penalizados? Enquanto isso o parnaibano de um
modo geral "consome carne da moita".
Os principais mercados públicos
da cidade são: Caramuru, Fátima e Quarenta todos têm boxes de comercialização
de carnes. Atividade econômica que emprega e garante a sobrevivência de dezenas
de famílias. Embargar os abatedouros clandestinos geraria um problema social de
grandes proporções, mas algo precisa ser feito.
Reafirma-se que o comércio de
carnes sem inspeção sanitária, é crime, é prejudicial à saúde do consumidor,
pois pode levar a óbito. A Prefeitura precisa criar mecanismos que dificultem
este tipo de comércio clandestino, através de um bom programa de educação
sanitária, agindo com maior rigor na fiscalização. Na cidade ninguém sabe
explicar por que as autoridades do município, mesmo tendo o dinheiro, não
querem concluir o abatedouro. Tudo na “moita”!!!
Por: Fernando Gomes, sociólogo,
eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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