No outono de 2013, depois das denúncias de Snowden,
confirmou-se (o que todos já sabiam ou pressentiam) que os EUA fazem espionagem
do mundo inteiro. Milhões de e-mails e ligações, inclusive de brasileiros,
foram captados pelo Guardião do Mundo!
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Edward Joseph Snowden, administrador de sistemas e ex-analista da NSA |
Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA dominaram
o mundo pelo prazer do consumo (economia neoliberal de mercado livre),
transmitindo a mensagem de que o bem estar material de cada cidadão
(transformado em consumidor) constitui a finalidade última do ser humano.
Quando o consumismo chegou à exaustão, elegeu-se o medo para ancorar a sua
dominação. Vivemos a era da dominação pelo medo. O medo é o fator de integração
dos EUA (e, em certo sentido, do planeta). Sem população amedrontada não se
exerce o domínio autoritário.
Um dos meios de manutenção do medo é o massacre.
Mas todo massacre (para incrementar o medo) depende da eleição de um inimigo.
Na Idade Média a Igreja católica elegeu como inimigo as bruxas. Nunca se achou
uma bruxa. Mas a guerra contra elas aconteceu (cerca de 100 mil mulheres foram
massacradas). Nos anos 60 e 70, o inimigo dos EUA era o comunismo (marxismo).
Foi derrotado (o momento espetacular ocorreu em 1989, com queda do muro de
Berlim). No final dos anos 70 o inimigo passou a ser o Estado de Bem-Estar
social (Wellfare State). Foi derrotado, pelo capitalismo neoliberal de mercado
livre (o desemprego ou sub-emprego, instabilidade salarial, destruição da
natureza etc., são expressões dessa “vitória”).
Sob o pretexto de que é preciso atacar o
terrorismo, as ações do Tio San se estendem por todo planeta. Com ameaças e
ataques contínuos mantém-se a estratégia da submissão da cidadania por meio do
medo. O direito internacional não vale para os EUA, violações constantes aos
direitos humanos são ignoradas, Guantánamo e suas humilhações estão mantidas,
está justificada a tortura, paraísos de ilegalidades estão espalhados pelo
mundo todo.
Loïc Wacquant chama isso de “Era Torturante” (quem
passou por algum aeroporto internacional nos últimos anos sabe bem o que é
isso: humilhação e sensação de um perigo iminente; perante seus escâneres, toda
nudez nunca será castigada). Nossos pertences (cintos, sapatos, carteiras,
relógios, celulares, líquidos etc.), tal como ironiza Carlos París (Ética
radical, p. 150), “são portados numa bandeja como se fosse uma oferenda ao deus
protetor dos ameaçados cidadãos do globo terrestre”. São truques para a
manutenção do medo. Todo mundo, nos aeroportos, deve recordar que existe uma
ameaça planetária. O objetivo das encenações, claro, consiste em manter a
cidadania amedrontada, porque é assim que se conquista sua submissão.
Da redação do Jornal da
Parnaíba | Por: LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e coeditor do portal atualidades
do direito. Estou no luizflaviogomes@atualidadesdodireito.com.br
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