terça-feira, julho 09, 2013

Correia Lima tem julgamento adiado na véspera

Ex-coronel José Viriato Correia Lima
Foi adiada mais uma vez o julgamento do ex-coronel José Viriato Correia Lima, acusado de matar o policial civil Leandro Safanelli. O crime aconteceu dia 09 de Agosto de 1987 em Parnaíba. Correia Lima cumpre pena na Penitenciária Mista de Parnaíba Juiz Fontes Ibiapina.
 
O motivo do adiamento é que o advogado do Correia Lima renunciou a defesa do réu. O juiz da 2° vara criminal de Parnaíba deu um prazo de cinco dias para Correia Lima nomear um novo advogado. Se ele não nomear, o juiz convocará um defensor público. O julgamento seria amanhã e agora vai para o final do mês. (
Por Pedro Alcântara)

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Histórico do Ex-coronel:

Nascido no interior do Ceará ingressou na Polícia Militar e logo se envolveu em atividades criminosas no estado vizinho, o Piauí. Em 1979, com 27 anos, já chefiava o crime organizado no Estado, estendendo, nos vinte anos seguintes, sua influência junto a políticos, policiais, empresários, juízes e promotores públicos. Mesmo depois de reformado, continuou a desfrutar de enorme poder e comandava de fato a Polícia Militar. Teve estreitas ligações com dois governadores – Alberto Silva e Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa – embora não tenha sido apurado o envolvimento destes nos crimes de Correia Lima.


O grande filão da quadrilha comandada por Correia Lima surgiu com a municipalização das despesas federais com saúde e educação, o que carreou grande quantidade de verbas públicas para municípios do Piauí, Valendo-se de empresas de fachada, que emitiam notas frias relativas a despesas falsas de fornecimentos e serviços, a quadrilha desviou pelo menos cem milhões de reais, que se destinavam à compra de merenda escolar e a serviços comunitários, de 40 prefeituras do Piauí. Todo esse dinheiro era arrecadado por uma empresa de cobrança de propriedade de Correia Lima. A quadrilha também atuava nos Estados do Maranhão e do Ceará.


Os prefeitos que se negassem a participar do esquema eram pressionados e, se resistissem,  seriam assassinados. Nove tiveram esse destino. Num período de dez anos. Chegou a ser criada no Piauí uma inusitada União das Viúvas de Prefeitos Assassinados, entidade criada para denunciar o descaso do Poder Judiciário piauiense em solucionar os processos referentes a esses homicídios.

Em 1997, o promotor público Afonso Gil Castelo Branco denunciou a existência de uma máfia, formada por policiais civis e militares, que agia em seu Estado. Nessa época, ele investigou 61 policiais de Teresina por crimes como abuso de autoridade, lesão corporal e homicídio. Durante os interrogatórios, descobriu que boa parte dos acusados trabalhava para o escritório do coronel Correia Lima. Denunciou 25 policiais à Justiça, mas apenas um foi condenado. Ameaçado de morte, Castelo Branco passou a viver recluso e andar armado.

As denúncias do promotor só foram adiante em 1999 quando o crime organizado passou a ser objeto de atenção de uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional e as investigações passaram a ser orientadas pela Polícia Federal. A PF grampeou uma dúzia de telefones dos principais suspeitos de integrar o crime organizado no Estado. E obteve 700 horas de gravação, registradas em 350 fitas que, somadas, contêm 2.500 conversas.

Foram reunidas provas que indicavam a ocorrência de pelo menos dez assassinatos cometidos pela quadrilha. Uma das vítimas, o policial civil Leandro Bernardi, era o namorado da filha do coronel. Outra, Arias Costa Filho, era o delegado de polícia que investigava o caso. Uma terceira foi assassinada porque ameaçou denunciar a quadrilha. E, em pelo menos dois casos, os mortos, um motorista e um caseiro de Correia Lima, tinham seguro de vida, feitos pelo próprio coronel, cujos beneficiados eram sua mulher e sua filha.

O então governador Mão Santa Solicitou a prisão administrativa de Correia Lima que seguida foi preso e recolhido a um quartel da Polícia Militar. Junto com ele foram detidos o delegado de polícia José Wilson Torres, ex-presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil, o irmão do coronel, Augusto Correia Lima, um empresário e três soldados da PM. Os irmãos Valdílio e Odival Falcão. respectivamente comandante da PM e chefe da Casa Militar do governador Mão Santa, foram afastados de seus cargos, por suspeita de envolvimento com a quadrilha.

Mesmo na prisão, o coronel continuou no comando de sua quadrilha, pois dispunha de celulares e recebia visitas livremente. Chegou a ordenar assaltos a bancos e o espancamento de um jornalista que o criticava. Por causa disso, esteve durante algum tempo preso no Maranhão.

Julgado e condenado por alguns de seus crimes, em 2007 cumpre pena de 23 anos e 9 meses num quartel da PM do Piauí. Para que pudesse ser transferido para uma penitenciária, o Ministério Público estadual entrou com processo para que Correia Lima perca sua patente de coronel. Atualmente encontra-se preso na Penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapiana em Parnaíba.


Da redação do Jornal da Parnaíba
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