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| Pica-pau-do-parnaíba, ameaçado de extinção |
O pica-pau-do-parnaíba (Celeus obrieni) precisa entrar na lista
vermelha das espécies brasileiras ameaçadas de extinção. Esse é o alerta
do pesquisador Renato Pinheiro na semana em que se comemora o Dia Mundial do
Meio Ambiente (5 de junho). Desde 2007, ele e sua equipe estudam a espécie
típica do Cerrado, bioma que possui apenas 20% de sua cobertura original
intacta, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama). Esse ambiente altamente modificado pela ação
humana é um dos principais riscos à conservação da ave, que chegou a ficar por
oito décadas sem que sua presença fosse registrada na natureza.
O pesquisador explica que esse pica-pau possui duas características
peculiares que a tornam vulnerável. “Ele precisa de uma grande área bem
conservada de cerrado florestal ou cerradão [fitofisionomias do Bioma Cerrado].
Além disso, depende de um bambu chamado popularmente de taboca (Guadua
paniculata), pois se alimenta exclusivamente de formigas que fazem seus ninhos
nas hastes ocas dessa planta”, comenta. Outra questão crítica é o fato de a ave
precisar de árvores de médio ou grande porte para que possa fazer seus ninhos.
A luta pela sobrevivência
Espécie endêmica do Brasil, o pica-pau-do-parnaíba tem tido cada
vez mais dificuldade em encontrar outros indivíduos de sua espécie para se
reproduzir, uma vez que as áreas de cerrado florestal estão desaparecendo. Ele
precisa utilizar “manchas” cada vez menores de ambiente natural preservado para
viver, se alimentar e reproduzir.
Uma limitação biológica somada a um acentuado nível de degradação deixa
a situação ainda mais crítica, podendo fazer com que dois pica-paus que vivam
relativamente próximos jamais venham a se encontrar. O pica-pau-do-parnaíba não
consegue atravessar espaços que foram usados para a agropecuária, atividade
intensamente realizada em todo o Cerrado e que já responde pelo uso do solo de
seis em cada dez hectares desse bioma, conforme dados do WWF-Brasil. Assim, os
pica-paus-do-parnaíba estão vivendo em espaços cada vez menores e confinando-se
em pequenas populações, acentuando o isolamento da espécie.
Aonde a agricultura não chega
Nesse contexto, verifica-se a grande importância das unidades
de conservação, que protegem 8,21% do Cerrado, sendo que apenas 2,85% desse
total correspondem a unidades de conservação de proteção integral, como indicam
dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Essas áreas contribuem para a conservação
não apenas do pica-pau-do-parnaíba, mas também das mais de 14 mil espécies de
fauna e flora que ocorrem no Cerrado, considerado a savana mais rica do
planeta. Em Goiás, essa proteção ganha reforço com a Reserva Natural Serra do
Tombador, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) administrada pela
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que também é apoiadora da
pesquisa que está contribuindo para a conservação do pica-pau-do-parnaíba. A
Reserva mantém conservada uma área de 8,7 mil hectares de Cerrado conservado na
região de Cavalcante, a 22 km do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Um passo importante para a
conservação
Habitat específico, necessidade de grande área para circulação e avanço
das fronteiras agrícolas. Esses fatores levaram o pesquisador Renato Pinheiro e
sua equipe a recomendar ao Instituto Chico Mendes da Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) que a espécie seja incluída na lista vermelha de
espécies brasileiras ameaçadas de extinção. “Além disso, também elaboramos um
plano contendo sugestões de estratégias para conservação do
pica-pau-do-parnaíba para que, com conhecimento adquirido, possamos
preservá-lo. A ideia principal nesse plano é criar unidades de conservação onde
a espécie ocorre, conseguindo conservar o máximo de indivíduos possível”,
destaca Renato Pinheiro.
Características da espécie
O pica-pau-do-parnaíba tem um comprimento total aproximado de 26 cm
(fêmea) e 25 cm (macho). O peso também varia ligeiramente entre os sexos, sendo
de aproximadamente 109 g na fêmea e 96 g no macho. Apresenta o bico claro, em
tonalidades de branco, a cabeça é marrom-avermelhada, com pescoço amarelo,
garganta e peito negros. O ventre e laterais do corpo são de cor amarelo-ocre
sem estrias, sendo que o dorso e a parte superior das asas possuem estrias
pretas, como a cauda.
Sobre a Fundação Grupo Boticário – A Fundação Grupo Boticário de Proteção à
Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e
realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do
fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário
é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de
outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a
Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.352 projetos de 465 instituições em todo o
Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto
Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado,
os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto
pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o
Projeto Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario ewww.facebook.com/fundacaogrupoboticario.
Da redação do Jornal da Parnaíba | Fonte: nqmcom@nqm.com.b
Edição: Jornal da Parnaíba


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