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Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal
de Pernambuco
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A edição da medida provisória 579
em 11/9/2012, que trata da renovação das concessões do setor elétrico e da
redução de preços nas tarifas de energia, depois transformada em Lei 12.783/2013,
pelo governo federal, atingiu em cheio a Eletrobrás, que controla a maior parte
do parque gerador de energia elétrica do país.
Com a desastrada intervenção do
governo em nome da boa causa do corte das tarifas, os efeitos resultaram em um
prejuízo de R$ 6,8 bilhões em 2012, o maior da história da empresa; depois de
sucessivos anos positivos da estatal, que em 2011 lucrou R$ 3,7 bilhões.
Este modelo adotado para diminuir
as tarifas e a renovação das concessões reduziu drasticamente a receita das
empresas a valores que comprometeram a capacidade de investimento e a qualidade
dos serviços oferecidos, como também pôs em risco a reconhecida competência
técnica do setor. Os cortes de receita refletirão diretamente em corte de
pessoal. Ou seja, a competência acumulada pelo setor em anos será dissolvida,
como exemplos já vistos de outros setores que acabaram sendo privatizados.
No caso da Companhia Hidrelétrica
do São Francisco (Chesf), empresa da maior importância para o Nordeste, não só
pela geração de energia elétrica, o esvaziamento será grandioso. A companhia alcançou um lucro líquido em 2011, próximo dos
R$ 2,2 bilhões de reais, e em 2012 teve um prejuízo recorde de R$ 5,3 bilhões
em decorrência de ajustes contábeis por conta da renovação das concessões com
vencimento em 2015, será literalmente desmontada.
O Plano de Incentivo ao Desligamento
Voluntário (PIDV), como é chamado o corte de pessoal para enxugamento da folha
de pagamento, que gira hoje em torno de R$ 900 milhões/ano, será implementado a
partir do dia 6/6/2013, e ao longo de 2014. É prevista assim uma economia da
ordem de R$ 200 milhões/ano. A direção
da estatal está confiante que “contribuirá” com a redução de pessoal do grupo Eletrobrás
afastando de seu quadro de funcionários em torno de 30%, dos 5.737 funcionários
existentes (abril de 2012).
O que está acontecendo hoje com o
grupo Eletrobrás, e com suas empresas que detém a liderança na geração e
transmissão de energia elétrica no Brasil com a redução dos custos
operacionais, incluindo o desligamento de funcionários, entre outras medidas
tomadas é o “modus operandi” que foi adotado na privatização das empresas estatais.
Portanto, o atual governo federal
caminha a passos largos no processo de privatização de mais um patrimônio do
povo brasileiro. Quem viver verá.
Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal
de Pernambuco

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