terça-feira, maio 14, 2013

A escravatura na Villa de São João e os tambores da Parnaíba

Igreja de Nossa Senhora Mãe da Divina Graça
6ª e última mudança de Padroeiro de Parnaíba
Após a Instalação da Villa de São João da Parnahiba em 1762, João Paulo Diniz implantou a feitoria de salga de carne no lugar “Cítio dos Barcos”, onde existiu a primeira sob o comando  do Capitão-Mor João Gomes do Rego Barros, na então Villa de Nossa Senhora do Monserrate da Parnahiba. A partir daí, houve uma acentuada movimentação econômica na região tornando-se necessária a importação de mão de obra para os serviços nas lavouras, fazendas de gado e oficinas de charque.

Dentre os empreendedores da época salientaram-se, entre outros, Domingos Dias da Silva, Manuel Antonio da Silva Henriques, Thomé Pereyra de Araújo, José Lopes da Cruz, Antonio Álvares Ferreira de Veras, Diogo Álvares Ferreira de Veras,  José Pereira Montaldo, Jacinto Botelho de Siqueira, Lourenço de Passos Pereira, Rosendo Lopes Castelo Branco, André Coelho Gonçalves e Manoel Ferreira Pinto de Azevedo, tendo todos eles participado do posicionamento para que a sede da Villa fosse o lugar “Cítio dos Barcos” atualmente Porto das Barcas. E é exatamente lá na beira do rio “Iguará” (Igaraçu) onde estão as principais marcas dos negros que por aqui passaram, vindos de muitos lugares, e dispersaram-se a partir da Balaiada no Maranhão e Piauí em 1839, quando já estava em declínio o poderio da família Dias da Silva após a morte de Simplício – filho de Domingos – e Manuel Antonio da Silva Henriques.

Ontem, 13 de maio, em todo o país a comunidade negra e os órgãos ligados a cultura brasileira celebraram a data em que a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, em 1888, extinguindo institucionalmente a escravatura no Brasil. Entretanto, não tomei conhecimento de algum evento que comemorasse  esse feito histórico em nossa cidade.  Nem mesmo os órgãos a quem de direito é exigível que o faça. Mas, na noite passada lembrei-me dos tempos de criança quando naquele tempo se ouvia ao longe o batuque dos tambores ecoando a partir do Catanduvas, Igaraçu, Ilha Grande de Santa Isabel e Tabuleiro, comemorando na DANÇA DO CÔCO a lembrança do fim do cativeiro ao qual, seus antepassados e também meus vivenciaram. O “Gominha” negro boêmio de saudosa memória gostava de cantar uma velha cantiga, ainda hoje repetida por Djalma Borges nas horas alcoólicas, na qual tinha o seguinte trecho:

“Mamãe não quer casca de coco no terreiro
Que é pra não lembrar do tempo do cativeiro” ...

Hoje, as manifestações folclóricas dos tempos da Villa de São João da Parnahiba são vistas nas apresentações dos grupos de macumba e capoeira, onde estão presentes e latentes as marcas do passado no requebro dançante dos seus figurantes sob a batida forte de batuqueiros dos TAMBORES DA PARNAÍBA.

Phb, 14/05/2012 – Vic

Por Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”
Edição: Jornal da Parnaíba

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