sábado, abril 06, 2013

Reaparecimento do pica-pau-da-parnaíba não o tira do risco de extinção

Pica-pau-da-parnaíba (Celeus obrieni), desaparecido há
mais de 80 anos
Pesquisadores querem que a espécie e seu principal habitat, o Cerrado, sejam preservados de forma adequada.

A recente divulgação dos resultados de um estudo sobre o tamanho da área de vida do pica-pau-da-parnaíba (Celeus obrieni), realizada em 2011 com apoio da Fundação Grupo Boticário, é motivo de preocupação para os pesquisadores. A partir da análise dos resultados, os especialistas resolveram propor a inclusão da ave na "Lista Vermelha das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção".

Atualmente a espécie é considerada ameaçada apenas em nível global, pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), não constando em nenhuma lista nacional. O grupo também está elaborando um plano de ação com as indicações das áreas prioritárias para a conservação desta ave.

Quando o pica-pau-da-parnaíba foi registrado pela primeira vez, em 1926, no Piauí, não se imaginava que a espécie passaria quase um século sem ser avistada. O registro seguinte só aconteceria 80 anos depois, em 2006, dessa vez no Nordeste do Tocantins.


Na época, o reencontro da ave, que muitos acreditavam estar extinta, chamou a atenção de um grupo de pesquisadores da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins. O interesse logo se transformou em um projeto de conservação da espécie. Em 2007, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o grupo começou a estudar a biologia e a ecologia da ave para propor estratégias de conservação.

Os focos desses estudos iniciais foram a dieta do animal, que inclui exclusivamente formigas, e o seu habitat, formado por bambuzais do Cerrado, diga-se, o segundo bioma mais ameaçado do Brasil. Após essas definições, o projeto entrou em sua segunda fase, a partir de 2011.

Nessa nova fase, os profissionais trabalharam para descobrir o tamanho da área de vida do pica-pau-da-parnaíba. A implantação de radiotransmissores e anilhas colocadas em seis indivíduos da espécie permitiu o monitoramento das aves para descobrir as distâncias que elas percorriam, bem como os locais pelos quais passavam.

O responsável técnico pelo projeto, Renato Torres Pinheiro, explica que a degradação do Cerrado, principalmente em virtude de atividades agrícolas e agropecuárias, prejudica radicalmente a conservação da ave. “O estudo mostrou que as áreas transformadas, sem vegetação nativa, servem de barreira à espécie. Muitos indivíduos vivem em pequenos fragmentos de vegetação natural e acabam ficando isolados nessas áreas. Esse isolamento faz com que o pica-pau-da-parnaíba corra grande risco de desaparecimento”, analisa.

Os resultados obtidos, segundo os pesquisadores, são preocupantes e os especialistas irão propor a inclusão da ave na "Lista Vermelha das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção". Segundo eles, é inadmissível que a espécie seja considerada ameaçada apenas em nível global, pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e não conste em nenhuma lista nacional. 

Jornal da Parnaíba com informações da Fundação Boticário

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