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Porto de Luis Correia sendo corroído pela maresia |
Não foi fácil nosso acesso aos escombros a que
chamam “obras do Porto de Luís Correia”.
Mas foi necessário o nosso deslocamento até lá, para que pudéssemos ver de
perto e novamente nos manifestar a respeito do nosso descrédito sobre a
conclusão daquela obra, contestando também a desfaçatez com que nossos
políticos ainda tratam o assunto, marcando até data para a inauguração do Porto
de mar do Piauí.
Este é um tema que deve ir além das declarações dos
políticos, que continuam blefando nos meios de comunicação, usando o tema
“Porto” apenas e tão somente para ludibriar a boa fé de quem deseja ver o Piauí
pensando e agindo grande.
Num Estado paupérrimo como o nosso, é um crime inominável continuarem jogando dinheiro no fundo do mar, como tem sido feito até agora. E depois, já nem se sabe mais para é que o Porto vai servir ou se compensa o emprego de mais recursos.
Num Estado paupérrimo como o nosso, é um crime inominável continuarem jogando dinheiro no fundo do mar, como tem sido feito até agora. E depois, já nem se sabe mais para é que o Porto vai servir ou se compensa o emprego de mais recursos.
O secretário estadual de transportes, Avelino Neiva, voltou a anunciar recentemente que o governo federal assegurou a liberação de recursos para a tão sonhada conclusão do Porto de Luís Correia. Segundo ele, seriam 110 milhões para a construção do cais e 240 milhões para a recuperação da parede. O secretário até prevê para setembro de 2014 a conclusão da obra.
Ora, quem como nós foi no “canteiro de obras” constatar in loco a situação, pode
afirmar de cátedra: O Piauí não terá um porto nunca. Por diversos motivos,
muitos dos quais já excessivamente explicados na imprensa em geral, inclusive
na internet, por técnicos abalizados no assunto. A literatura sobre o tema já é
extensa.
Além do mais, vimos com nossos próprios olhos a
necessidade de se refazer grande parte do que já foi construído, sem contar com
equipamentos deteriorados (veja as fotos) pela maresia e já
totalmente imprestáveis.
O Porto e
sua viabilidade
Na visão do engenheiro especialista em Portos
(UFMA) Rafael Tavares, Portos são elos intermediários de uma cadeia de
distribuição logística. O que os definem, ou seja, a razão deles existirem, são
as cargas. Portanto, portos “nascem” em função de uma necessidade de mercado e
nunca da forma como querem fazer com o Porto de Luís Correia: Faz-se o porto e
depois “aparece” o mercado.
Abraçar agora a ideia de concluir o Porto do Piauí
sem um planejamento de longo prazo, para atender a interesses politiqueiros,
será um dos maiores crimes praticados no Piauí contra o dinheiro público. Além
do mais, tudo terá que ser iniciado do zero, pelo nível de destruição e
sucateamento em que se encontra o material que ali já foi colocado. Inclusive a
pista estreitou-se, com as águas deslocando as pedras laterais. Por lá, em
alguns pontos, já não é possível passar um caminhão com carga.
Porto de
Cabotagem
Dizem que agora “a coisa vai” porque o governo
federal foi quem decidiu: O Porto do Piauí terá recursos para ser concluído,
porém, apenas para navegação de cabotagem. O que isso quer dizer? Que teremos
um Porto só para navegação nacional, servindo de entreposto para os Portos
de Suape (Pernambuco), Pecém (Fortaleza) e Itaqui (São Luís).
A pergunta é a seguinte: qual a carga que o porto
de Luis Correia vai movimentar? A soja da região de Uruçuí não tem mais
viabilidade já que existem ferrovias e terminais de granéis sólidos menos
distantes; Frutos dos Tabuleiros Litorâneos? É bem provável que, quando
estiverem sendo produzidos em grande escala sejam transportados em vôos e/ou
pelo porto do Pecém (Ce). “Não creio que tenha demanda em consignação de
carga (quantidade) que justifique um Porto, fora o risco ambiental de ter um
porto tralhando com combustível na APA do Delta do Parnaíba”, afirma o
especialista Rafael Tavares.
Segundo o professor Carlos Henrique Rocha, que é o
coordenador do Centro Interdisciplinar de Estudos em Transporte, da
Universidade de Brasília, “a frota
mercante da cabotagem no Brasil está inadequada às necessidades econômicas do
país, por isso esse tipo de transporte ainda é tão subutilizado. Há ainda a
escassez de carga para a criação de linhas regulares de cabotagem”.
Acredita ainda o professor Carlos Henrique que a
cabotagem possa aumentar sua participação na matriz de transporte de carga geral
em contêineres, desde que haja carga regular e em quantidade suficiente que
viabilize o surgimento de linhas de cabotagem entre as regiões do Brasil.
Há 150 anos, quando não haviam as estradas que hoje
o Brasil possui, talvez fosse possível e viável economicamente nosso Porto de
cabotagem. Nos dias atuais fica parecendo que, mais uma vez, o governo federal
vira as costas para o Piauí, porque nossos políticos são fracos; são da bancada
do “amém”, que só aplaudem, não fazem
pressão. “Para eles do Piauí qualquer
coisa os deixa contentes,” devem pensar os ministros da presidente Dilma.
Autor: Benedito Gomes (Contador UFPI)
Colaboradores: Bernardo Silva e Kléber Nogueira
Fotos: Kléber Nogueira
Fotos: Kléber Nogueira
5 comentários:
Num estado parasita igual o nosso que so pensa em fazer concurso e nao usar a massa cizenta para ganhar de dinheiro, pra que porto.
So queria saber como onde o ceara arrumou cargas para dois portos???
Escutem, existem dois perimetros irrigados. Um em parnaiba com 10 mil hectares e um outro em Araioses, primeira etapa 5 000 hectares, segunda etapa 15 000 hectares. Esses perimetros ficam menso de 50 km do porto de luis correia. \
Somos pobres que tal centenas de cientistas que sao formados nessa cidade comecarem a trabalhar, principalmente o engenheiros agronoomos e de pescas???
Existe tambem um ZPE, o ex presidente sarney teve algumas ideias para essa bandas depois de visitar o vale do sao francisco.
Vamos pra de querer viver de estudar para concursos e arregacar as mangas. VAmos exigir financiamentos do BNB como os sulistas e sudestinos fizeram com o governo nas decadas passadas.
Essa pobreza tem que acaba e se acaba e trabalhando e nao dizendo que " somos pobres" .
Eu sou inteligente. Eu posso. Eu preciso desses instrumentos para suceder. O bolsa familia so vai ser usado em extrema necessidade.
Assim tem que ser nossa fala para os governadores maranhao e piaui. Esse porto e nosso e nao somente do piaui.
A riqueza do sertão nordestino vem das águas do rio São Francisco e às margens do rio, cidades da Bahia e Pernambuco se transformam em um grande polo de produção e exportação de frutas. Com a economia aquecida empresários de outros setores investem na região e são criados novos empregos. Veja na segunda reportagem da série especial de Luiz Carlos Azenha.
http://www.youtube.com/watch?v=9rRRYHFIx18
O porto de suape e muito maior e foi criado aonde mesmo?
APAs nao podem proibir tudo, nao funciona dessa maneira.
http://www.portal.fmu.br/Cursos/Blog/Cursos/gestao-ambiental/pdf/producao_academica/ipojuca_noite.pdf
Caro Amigo Anônimo,
Nem o Ceará nem Pernambuco precisavam de dois portos desde que estes tivessem calado suficiente e espaço para ampliar a retroárea e píeres. A justificativa de um segundo porto, foi justamente a questão de espaço para ampliar. Mesmo assim, o Porto de Recife e de Mucuripe ainda trabalharam anos sobrecarregados até que um projeto de um COMPLEXO INDUSTRIAL, isso mesmo, um COMPLEXO INDUSTRIAL fosse planejado em torno dos futuros portos do Pecém e de Suape, e assim justificassem tecnicamente e economicamente os mesmos. Veja que eles foram constuídos longe da metrópole: Pecém em São Gonçalo do Amarante e Suape em Ipojuca, justamente para evitar os grandes centros urbanos. O porto de Luís Correia já vai nascer errado. Como pode dar certo?
- Tem pouca profundidade;
- Está espremido por uma cidade;
- Tem péssima infra-estrutura de acessibilidade terrestre;
- Está na "interland" (zona de concorrência) de dois portos grandes (Pecém e Itaqui);
- Não tem carga suficiente nas proximidades;
- Não vai tem uma carga específica (será provavelmente multipropósito);
- Está em uma região com intenso transporte de sedimentos
Quanto aos Tabuleiros Litorâneos, eu concordo com você. Seria uma ótima oportunidade se o porto já estivesse construído e inoperante. Você acha correto investir mais de R$ 400 milhões para fazer um porto, para receber navios com calado de no máximo 10 metros (que estão entrando em desuso) para container refrigerado, onde todo o pátio de armazenagens é bem específico, devendo inclusive possuir tomadas, quando se pode transporta-los em 5 horas para o porto do Pecém??? No Pecém já existe a estrutura para recebê-los. Acredito até que sai mais barato construir uma ferrovia que ligue parnaíba ao Pecém do que mexer nesse Porto.
Mesmo que escolhesse utilizar navios de pequeno porte para cabotagem, como os construídos pela LOGIN, estes têm calado de 11 metros, já teriam que operar por maré e com capacidade de 2.070 containers (TEUs) de 14 ton, ou seja, transportam quase 30.000 toneladas em uma única viagem. Se um produtor plantar 10.000 hectares de melancia em condições ideais, umas das frutas de maior produtividade (35 ton/ha), a produção total é de 350.000 ton, mesmo que eu considere que o navio só trabalhe com 80% da carga, só precisaria de 14 viagens de um navio com estas características para transportar as 350.000 ton produzidas. Portanto, você já pode perceber que é um porto que será ocioso, com baixa produtividade e provavelmente altos custos. Precisaria 35.000 hectares de melancia, por exemplo, para justificar a carga um navio por semana. Você acha que o produtor iria esperar ter apenas um carregamento por semana, se ele pode gastar apenas 5 horas e estar no Porto do Pecém? A questão é técnica-econômica. Eu gostaria muito que o nível industrial de parnaíba justificasse a carga para a construção do Porto, mas infelizmente a realidade é essa! Talvez daqui a 25-30 anos a história seja outra... Veremos...
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