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Lagoa Azul |
Feitas das chuvas do inverno, milhares de lagoas
coloridas em quilômetros de dunas formam os lençóis maranhenses.
Deixe São Luís para trás, os tambores, bois-bumbás,
azulejos e a colorida chita da capital maranhense. Vá ver os Lençóis. O
deserto a ocupar boa parte do litoral do estado é formado pela sedimentação de
areias. Descarregadas pelos rios amazonenses, são devolvidas ao continente pela
força das marés do Atlântico, e o vento se encarrega de espalhá-las. As chuvas
da invernada, entre maio e julho, formam cerca de 20 mil lagoas em tons de
azul-celeste a esmeralda, num espetáculo que inaugura um “verão” que resiste
até setembro.
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Lençóis formado de dunas, águas das chuvas e vento |
São muitas as opções de vans, ônibus e carros que
fazem a conexão até Barreirinhas, uma das cidades-base para visitar os Lençóis.
Hotéis e pousadas de São Luís e Barreirinhas indicam as empresas, que têm
preços em torno de R$ 50 por pessoa. De saída, a BR-135 é uma pista ruim,
perigosa, com muitos caminhões e fiscalização zero. Depois, para alívio, a
rodovia estadual MA-402 está um tapete.
O motorista Venâncio Ribeiro aponta a rede
elétrica, as centenas de casas de alvenaria em construção ao longo da rodovia,
e brinca: “É obra do tio Lula”. Ali, assentamento significa trocar o barraco de
pau a pique com cobertura de sapé por alvenaria e telhas. No acostamento da
rodovia podem ser vistas crianças caminhando ao lado de mães ou professoras.
Venâncio lembra que ir à escola é requisito para receberem o Bolsa Família.
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O Farol às margens do Rio Preguiças |
Barreirinhas é a imagem do novo “velho oeste”: ruas
enlameadas, poças d’água, areia das dunas, trânsito caótico com motos e
quadriciclos pilotados por crianças, em boa parte sem placa, com várias
pessoas, mais as carroças, mulas, jegues, em meio a picapes 4x4 expelindo
fumaça de óleo diesel. Foi só em julho de 2011 que o município recebeu suas
primeiras placas de trânsito e seus dois semáforos. Uma duna lapidada no centro
da cidade pelo Rio Preguiças é uma pequena amostra dos Lençóis, 20 quilômetros
adiante.
Espetáculo
O rio merece atenção. É caudaloso, soberano. Começa
a quase duas centenas de quilômetros no interior do estado e deságua no
Atlântico, competindo em beleza com o Delta do Parnaíba, no litoral do vizinho
Piauí. Barreirinhas é porto, atracadouro, calçadão e
feira. À beira-rio, e de um enorme deque, ficam as agências de turismo e uma
dezena de restaurantes com cardápios que servem bem a duas ou três pessoas por R$ 60. O Maranhão é terra da transição entre a
Amazônia e o Nordeste e sua cultura carrega essa mistura. O cardápio mistura
mais ainda, com açaí, peixes e carne de sol concorrendo com pizzas.
São duas as opções de visita aos Lençóis, com
transporte e guia incluídos, a R$ 50 por pessoa. Ambas de caminhonete 4x4, a
partir das 14 horas até o pôr do sol. Uma delas vai às lagoas Preguiça,
Esmeralda e Azul. A primeira é uma gozação dos guias com os turistas, que ao
chegarem ficam com preguiça de prosseguir para as demais. Os olhos correm o
infinito, mesmo com o sol; a areia é fria e firme. O conjunto de caminhantes,
dunas, lagoas e o infinito assumem dimensões oníricas. Um espetáculo para
fotos.
A segunda opção é por Lagoa Bonita – e por que não
Linda? Sobe-se uma rampa de 50 metros, ladeando uma duna. Do alto, avistam-se
boa parte do deserto e novas lagoas. O conjunto de formas, rampas e lagoas
esverdeadas torna-se mágico com o sol avermelhado do fim do dia ao fundo.
Voltando ao Rio Preguiças, outra opção de passeio é
descê-lo até o oceano, em botes que levam cerca de vinte pessoas, com paradas
em Vassouras e no Farol. Na praia, há pousadas e restaurantes rústicos.
Imperdível: visitar uma fábrica de farinha, o que pode ser feito numa manhã, e
apreciar o modo de vida dos ribeirinhos. Guias locais mostram o processo de
fabricar a farinha desde o plantio da mandioca até a torração, em processos
vindos de muitos anos, herdados dos índios e caboclos. Quem conhece esse
trabalho, ou simplesmente experimenta o tucupi tirado da mandioca-brava, sai
dali apoiando a ideia de incluir a farinha à merenda escolar.
Todas essas opções são para turistas de três ou
quatro dias, que têm pressa de conhecer tudo e continuar a viagem. Quem pode
ou, de repente, resolve ficar mais vai conhecer Atins, ao lado da foz do
Preguiça, desligar, passar noites de lua, comer peixe com farinha e rememorar
grandes momentos já vividos quem sabe em Trancoso, Canoa Quebrada, Jericoacoara
– antes da chegada da luz elétrica e do turismo predatório.
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Jornal da Parnaíba | Por: Paulo Salvador
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