sexta-feira, agosto 05, 2011

Mesmo voltadas ao mercado livre, eólicas da Tractebel vão ao leilão


Companhia já vendeu mais de 60% da energia dos novos parques, que somam 75MW médios. A Tractebel, apesar de se posicionar de forma contrária ao atual cenário de extrema competitividade e baixos retornos dos leilões do governo, informou nesta quinta-feira (4/8) que inscreveu no certame deste mês os cinco projetos eólicos que está construindo para comercializar no mercado livre.


Segundo explicação do diretor financeiro e de relações com investidores da elétrica, Eduardo Sattamini, a empresa precisa marcar presença e acompanhar o processo de licitação. "Estamos entrando para verificar. Se tiver com um preço atrativo, a gente pode contratar".


O executivo afirma que a empresa continua achando as condições ruins, mas prefere arriscar. "Vai que no leilão o comportamento se altera e o pessoal entende que não deve exigir retorno baixo? Vamos manter nossa postura, e se o preço for muito baixo, a gente sai", analisa o executivo, que participou de reunião com investidores em São Paulo.

Sattamini afirmou ainda que os preços-teto são interessantes na visão da companhia - R$139/MWh no leilão de A-3 e R$146/MWh no de reserva -, e que, caso se mantenham alinhados com a taxa de retorno da Tractebel, a empresa deve sim aproveitar a chance de vender energia por 20 anos. De toda forma, grande parte da eletricidade a ser gerada pelos parques eólicos já está contratada no mercado livre, venda que serviu como exigência para a viabilidade dos empreendimentos.

Uma definição do conselho da empresa determinou que para dar andamento às construções da usina eólica Porto do Delta (30MW) e do complexo eólico Trairi (115,4MW), respectivamente no Piauí e Ceará, a companhia deveria vender ao menos 60% da energia aos consumidores livres. E, de acordo com Sattamini, esse valor já foi inclusive superado, à medida que a Tractebel continua a fechar contratos durante as obras.
Juntas, as cinco plantas custarão R$626 milhões e somam 145,4MW (75MW médios), e os acordos já estabelecidos têm entre três e cinco anos de duração. Os acertos para fornecimento também estão feitos. Entre eles, geradores da Siemens e transformadores da Weg.

Consolidação
O diretor da Tractebel rechaçou uma obsessão por um papel de aquisições desenfreadas no setor. "Não buscamos mais participação no mercado, buscamos investimentos que darão retorno. Se alguém quer crescer com pouca rentabilidade, tudo bem". Em cima disso, Sattamini explicou que a tendência na compra de ativos do grupo GDF Suez é de fazê-la via Tractebel, pelo menos no caso das movimentações no mercado local.

Sobre a possível fusão com a Duke Energy, ventilada recentemente, o executivo classificou como "rumores de mercado". Mesmo assim, admitiu que poderia vir a ser um negócio interessante, assim como no caso da AES Tietê e da Cesp, outras empresas que já tiveram o nome ligado a uma possível negociação com o grupo.

Jornal da Parnaíba | Por Paulo Silva Junior/Jornal da Energia

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