Wikileaks vaza relatório sobre interesses dos EUA no Piauí. O documento
mostra avaliação sobre encontro promovido em Teresina para divulgar
potencialidades do Estado. ZPE de Parnaíba e ferrovias para escoamento da
produção seriam as principais soluções.
Em documento de 2 de fevereiro de 2010, embaixada americana viu oportunidades e afirmou que ia se engajar mais com o segundo estado mais pobre do nordeste, o Piauí. Os documentos são parte de 2.500 relatórios diplomáticos referentes ao Brasil ainda inéditos, que foram analisados por 15 jornalistas independentes e estão sendo publicados nesta semana pela agência Pública.
Na avaliação americana, o Nordeste brasileiro é
rico em matérias primas e ecológicas, mas não tem suporte estrutural para
explorar tais riquezas, segundo um documento diplomático vazado pelo WikiLeaks.
No entanto, a embaixada enviou um representante especialmente ao empobrecido
Piauí para participar de uma conferência organizada pelo governador do Piauí,
Wellington Dias (PT), na capital Teresina no começo de 2010.
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Seminário Comércio Internacional realizado em Teresina (PI) Foto: Francisco Leal/CCom |
Enquanto estavam incluídos na audiência
funcionários, líderes empresariais, e estudantes de relações internacionais, os
organizadores esperavam que tivesse uma forte presença de empresas privadas com
capacidade de estabelecer parcerias internacionais.
O documento nota que o Piauí tem a renda per capita
mais baixa do Nordeste, com menos de R$ 5,00, o resto do Nordeste tem uma renda
de apenas R$ 7,00 – Enquanto nos estados do Sul a renda chega a ser maior que
R$ 19,50, essa gritante diferença faz com que investidores internacionais nem
ao menos cogitem a hipótese de levar seus projetos para o Piauí.
A falta de infraestrutura é seguida por outros
desafios como a falta de material humano qualificado, e a total falta de
conhecimento de investidores sobre o estado. Investidores internacionais que
atuam nos estados sulinos de São Paulo e Rio de Janeiro não sabem o que é o
Piauí.
EUA vêem “oportunidades”.
Segundo o documento, o desenvolvimento da infraestrutura
teria maior impacto para atrair mais investimentos para o Piauí. Melhorar a
infraestrutura, principalmente o transporte nas estradas de ferro conectando as
cidades do Piauí aos portos, também iria melhorar o crescimento orgânico no
interior do estado.
O documento aponta como solução a introdução de
livre comércio ou Zona de Processamento de Exportação (ZPE), como a que vai operar na cidade de Parnaíba. A introdução da ZPE “pode baixar o custo de
comercio no Piauí e acrescentar uma nível de comercio nacional e internacional
fluindo através do estado”, diz o documento.
O documento também cita outros projetos econômicos
promissores, na visão dos EUA, que seriam beneficiados pela melhora de
infra-estrutura: exploração de rochas ornamentais, opalas, e matéria-prima
mineral.
Mais engajamento
“Se o Brasil quer alcançar o cada vez mais
impressionante nível de prosperidade do sul e sudeste como um todo, as regiões
tradicionalmente mais pobres como o nordeste tem que atingir as metas de
crescimento”, diz o documento.
No entanto, o documento enumera os desafios a serem
superados pelo estado: estrutura ruim, falta de conhecimento de oportunidades internacionais,
e falta de competência entre governo e parceiros locais.
“A missão no Brasil vai buscar engajamento positivo
com o Piauí e vai buscar suprir especificamente a necessidade de capital humano
através da promoção de oportunidades para visitantes internacionais, e vai
buscar suprir necessidades sociais e econômicas através de fundos do
Departamento de Estado”.
Jornal da Parnaíba | Com informações de Rodrigo Aron/Correio do Brasil
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