Público presente ao audidtório |
O I Congresso Regional de Unidades de Conservação do Delta do
Parnaíba e Encontro Municipal de Turismo de Meio Ambiente, iniciado
ontem a noite no auditório da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro
Reis Velloso, sob a coordenação da professora Simone Putrick, superou a sua
estimativa de público e será encerrado amanhã, sexta-feira.
Entre os palestrantes da noite de abertura, o evento contou com o
ambientalista Dalton Melo Macambira, atual secretário estadual do Meio
Ambiente, e o Dr. Mauro José Ferreira Cury, professor de geografia da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, doutor em Meio Ambiente, Mestre em
Turismo e membro do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Iguaçu.
Dr. Mauro José Ferreira Cury |
Segundo ficou acordado no evento, para os próximos meses será
desenvolvido outro projeto do curso de turismo da UFPI, em parceria com a
Secretaria Municipal de Turismo, que receberá o nome de “Turismo Militante”
(sensibilidade ambiental aos visitantes e prestadores de serviço de Parnaíba),
à frente os professores Tavares (biologia) e Rodrigo Melo (turismo).
Na oportunidade, o Secretário do Turismo de Parnaíba, Arlindo Leão,
proferiu, a convite da Universidade Federal do Piauí, discurso a respeito do
turismo, transcrito na íntegra, logo abaixo:
“O turismo é o resultado de uma busca, uma busca constante e insaciável
por culturas diferentes, por interpretações diferenciadas de uma mesma coisa. É
uma vontade, a vontade dos povos de se conhecerem, é um instinto de consciência
curiosa, ampliada aos horizontes de outra seara que, muitas vezes, nos vem
confirmar o quanto somos um só, o quanto nos desenvolvemos em um mesmo sentido
de vida, o quanto clama em nós uma razão social e, em um dado prisma de
interpretação, humanista. Sim, o turismo também nos prova o quanto somos
humanistas, o quanto somos ou podemos ser ecológicos, o quanto tendemos por uma
busca do belo, do curioso, do diferente... É a busca deste calor, deste sentido
imagético, desta atração mútua e quase pura pelo ainda não visto que nos
movemos como seres em evolução, envolvidos pelos sentidos da matéria e do
espírito...
“Em outras palavras, se não me for errado afirmar, o turismo é tudo
isso e um pouco mais, porque afinal de contas, somos seres em transformação e
transformadores, diante o horizonte que nos cerca ainda haverá muito que se
desvendar do mundo e do universo oculto que a mente é capaz de criar. Hoje,
quando falamos em turismo, tendemos a ver o planeta como um todo e além do nosso
presente, e esta consciência atual, guiada pelas perspectivas do futuro, é, sem
dúvida, a nobreza de uma sociedade que pensa em sua própria raça em
continuação.
Ter isso em mente é um avanço, tardio, mas ainda sim é um avanço,
antes tarde do que nunca! Como levar para os dias de amanhã o que desfrutamos
hoje, sem que com isso não nos preocupemos com os destinos de nossa fauna,
flora, inclusive geografia, sim, a geografia, afinal, quanto mais o homem
haverá de crescer, mais e mais necessitará de espaço e este espaço se vai
transformado por mãos que germinam cimento armado ao invés de árvores..., este
é o preço que a revolução industrial nos legou, aliás, nossa contemporaneidade
é cheia de homens como aqueles, e por mais que nos reunamos e lutemos pela
consciência verde, continuam incapazes de se educar quanto aos recursos que lhe
oferece a natureza dia após dia.
A verdade é dura e o romantismo acabou,
afinal, o homem de hoje não faz mais da água o vinho, mas a excrescência de sua
ambição; do fruto colhido, o resíduo sólido quase sem destino, e assim se vai o
planeta, contaminado por um vírus, ou uma bactéria que com ele não possui uma
relação mútua, interdependente, mas predatória, destruidora..., este vírus,
esta bactéria, este elemento estranho que consome a vida de todos os seres
vivos que habitam este grão perdido no cosmos e que chamamos de Terra somos
nós, preocupados unicamente com o desenvolvimento de nossas indústrias, com os
progressos de uma civilização há muito incivilizada e em desarmonia com o meio
ambiente...
Eventos como este nos servem de alerta, tornando-nos, antes de tudo,
vigilantes e vigiados, alarmantes e alarmados... Sim! Afinal, se todos aqui
neste seleto auditório, depois de todos estes dias, resolverem vestir a mesma
camisa verde, isso se diz, a mesma ideologia ecológica, o mesmo pensamento
apologista, embora pareçamos poucos, poderemos começar mudando a nossa própria
realidade, a nossa própria cultura, ainda viciada pelos maus hábitos dos
séculos passados, escritos na ignorância do crescimento não sustentável! Talvez
este, caros professores e alunos, seja, de fato, a nossa regra, o nosso
compromisso, a nossa maior intenção, do contrário, não estaríamos aqui, e quem
aqui está, acredito, tem um objetivo: usar das ferramentas que possui em favor
da conservação.
Muito obrigado!”.
Jornal da Parnaíba
Fonte: Setur Parnaíba
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