| Arlindo Leão durante o discurso na UFPI |
Na tarde deste sábado o secretário do turismo de Parnaíba, Arlindo Leão, esteve participando do I Fórum Ambiental dos Municípios do Litoral Piauiense, que ocorreu no auditório da Universidade Federal do Piauí. O evento, que foi realizado pela ONG Guará contou com a participação de alunos da instituição, professores mestres e doutores, além de convidados especiais, na ocasião a Prefeitura representada pelo secretário Arlindo. Leão, que discursou em favor do desenvolvimento do turismo na cidade, explanou a respeito das potencialidades turística de Parnaíba e traçou um rápido perfil da história do município em relação ao próprio turismo. Abaixo segue o discurso na íntegra:
Uma nova Parnaíba está nascendo...
Parnaíba nos últimos anos tem elevado seu perfil e potenciais turísticos e empresariais, e a prova está nos dados, que ano após ano aumentam em número de empregos, visitantes e investimentos. O parnaibano hoje que decidir parar por um instante e vislumbrar a cidade, relembrando algumas décadas que se findaram sob a alcunha de “terra do já teve”, sentirá um ar diferente, que se confunde com uma brisa soprada pelo desenvolvimento. Chega-se até a lembrar aquele passado áureo vivido até a primeira metade do século XX, traduzido através de seu comércio, às glórias proporcionadas pelo “ouro branco”, que foi, durante décadas, a cera da carnaúba. Aquele era, pois, um ciclo econômico, o segundo, que se seguiu após as charqueadas. Mas como todo ciclo, assim como a vida, um dia se finda, chegou o dia da desvalorização da cera, e junto dela, a queda do comércio parnaibano que, com um baixo índice de crescimento, demonstrou, nos mais de 50 anos seguintes, um período de agonia: a cidade padecia por falta de quase tudo.
Sem comércio e sem indústria, ficou difícil acreditar numa reviravolta, e assim foi que os desacreditados passaram a investir fora, ausentando-se da própria cidade que não mais parecia a mesma, cheia de oportunidades e orgulho de tanta gente, neste viés, porém, eis que se ergueram alguns parnaibanos que não deixaram de desfraldar a bandeira dos ideais desenvolvimentistas, nunca deixaram de acreditar na sua terra, e foi então aí que se levantou a vontade do turismo como saída econômica para o caos que se vivia!
Parnaíba é uma terra abençoada, com uma natureza agraciada por dunas, delta, lagoas, rio... E até isso, um dia, quiseram nos tirar... Mesmo tendo o menor litoral do Brasil, somos uma terra que possui o único delta das Américas em mar aberto e nos localizamos no eixo de uma rota turística que compreende Maranhão e Ceará, com seus respectivos atrativos internacionais, Lençóis e Jericoacoara. Por que não também o nosso delta? Com nosso esforço, o delta, mais que atrativo, se tornou, dos três, o mais importante. Isso mesmo, o turismo faria a nossa diferença! O turismo, para todos os visionários, era a salvação da Parnaíba, e assim muitos dedicaram esforços e campanhas a seu favor.
Turismo, como dizem, é também uma indústria, uma indústria sem chaminé, e seria através dela que a cidade reergueria a auto-estima de sua gente e viveria a terceira grande fase econômica, o terceiro grande ciclo. Agora, como se pode ver, a consciência parnaibana mudou, o povo deixou de ser um povo sem memória e de fácil manipulação, não se pode mais sair à rua e conhecer a todos, hoje, a cada dia enxergamos um alguém diferente, um alguém de outra cultura; a cidade deixou de ser um feudo, e a sua memória o grande troféu do passado, e se a memória agora lhe ergue nos anais do tempo, é porque tem cultura, acredita no seu valor. Em menos de oito anos, todas as descrenças estão se desfalecendo: A Casa Grande, o prédio mais importante do Piauí, e que estava há décadas abandonado, em breve reviverá, como nunca o fora antes; a Caixeiral, que um dia não foi mais nossa, voltou para as nossas mãos, e para surpresa de todos, continuará sendo a casa de cultura; o aeroporto, que agora é internacional, em agosto, terá a sua pista de manobra concluída, e os voos poderão voltar a acontecer; se antes vivíamos ilhados na lama por falta de saneamento básico (condição basilar para a saúde de um povo), agora, temos uma cidade mais de 70% saneada e em fase de conclusão, e logo-logo sua rede de esgoto será uma realidade; o antigo Mercado da Quarenta, que por tantos anos foi uma das realidades mais tristes e grotescas da cidade, hoje, serve de modelo para todo o Nordeste; quem não lembra do shopping Delta? Este, por longos anos, foi um prédio fantasma, e agora, já há mais de uma década, é um centro comercial e serve de referência e sede a diversos setores e entidades da cidade; e falando em shopping, não podemos esquecer o maior investimento que a cidade receberá dos últimos anos: a construção de um shopping na Avenida São Sebastião, com mais de 12.000 m², dotado de torre comercial e hotel com mais de seis andares, a ser inaugurado no natal de 2012.
Parnaíba, que um dia foi pioneira do cinema no estado, e que chegou a ter mais nove salas espalhadas ao longo de seu espaço territorial, até não muito tempo, assistiu a sua decadência, com apenas uma sala e abrindo nada mais que sessões pornôs, hoje, temos duas modernas salas, com filmes que estão na mídia e que não deixam nada a desejar, com o novo Shopping de que vos falei, teremos mais duas, somando-se, aí, já quatro salas modernas para a população e visitantes. E falando em universidade, por quantos anos mesmo a nossa federal viveu com apenas quatro cursos? Ora, desde que foi fundada; e não faz muito tempo que essa realidade mudou, em menos de 10 anos de luta pela causa acadêmica, Parnaíba se tornou referência no ensino superior, é pólo universitário, com mais de 10.000 estudantes de todas as partes do País que, chegando aqui, resolveram se fixar e constituir vida. Hoje a Parnaíba é uma Super-Parnaíba, cheia de professores mestres e doutores, em quase todos os cursos, a iniciar, no próximo ano, medicina. Sim, hoje vivemos uma Super-Parnaíba, que está atraindo investidores de outras partes do mundo, como espanhóis, italianos, franceses, portugueses, alemães... E pensar que isso só havia acontecido na primeira metade daquele século... E o que nos falta? Nos falta acreditar, parar por um instante e sentir que a maresia transatlântica do turismo foi, e é, a grande impulsionadora disso tudo. Se tantos de fora acreditam na Parnaíba, por que nós, filhos da cidade, não podemos acreditar? Um povo como o nosso, que já vive o impulso e a energia do século XXI com o parque eólico localizado na praia da Pedra do Sal, tem que ter orgulho de si, e não se agraciar com um vício que se arrasta por tantos anos, e que quase nos levou à miséria. Eu seria capaz de elencar aqui páginas e mais páginas do que fomos, do que perdemos e o que tornamos a ser, mas isso me levaria a discursar uma conferência inteira, o que não compete no momento, no entanto, gostaria de registrar o que já tenho dito em outras palestras: a administração do século XXI não é aquela que se fecha e, de forma equivocada, centraliza tudo, mas a que se mantém aberta e age como meio dialogal entre inúmeras entidades, grupos e investimentos que somam suas forças em favor do potencial de um povo e região. Muito obrigado!
Arlindo Leão
Secretário Municipal do Turismo de Parnaíba
Publicação: Jornal da Parnaíba
Um comentário:
Parabéns Secretário, pelo belo discurso. Esperamos que suas perspectivas se materializem e não nos levem a crer tratar-se apenas de mais um momento de euforia, e delírio por parte do poder público. Estamos crentes e esperançosos de que essas vantagens elencadas por V. Sa. tornem-se reais, pois muitas delas, especialmente o esgotamento sanitário que se tornou uma obra tormento para a comunidade, ainda nos deixa descrente de vir a ser uma realidade. De real em seu discurso, o fato de que Parnaíba é hoje um Pólo Educacional, migrantes de cidades vizinhas, que não dispõem de terceiro grau, os ‘universitários’, hoje formam uma população flutuante consumidoramente respeitável. Longe de ser um Pólo turístico, embora com grande potencial, nossa cidade clama por infra-estrutura.
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