Jornal da Parnaíba: Autoridades da Polícia Civil e Militar culpam o Estado pela falta de segurança em Parnaíba

Reunição sobre segurança pública

Atendendo a solicitação do Legislativo Municipal, o Delegado Regional de Polícia Civil e o Comandante do 2º BPM, compareceram à Câmara de Vereadores para prestar esclarecimentos sobre a segurança em Parnaíba. Os convidados foram enfáticos: falta investimento do Governo do Estado.

A última sessão deste mês de abril da Câmara de Vereadores, ocorrida nesta sexta, 15, teve a presença da grande maioria dos edis e contou com um bom número de Policiais na audiência pública que tratou da (in)segurança em Parnaíba. O Dr. Marcos Bastos e o Ten. Cel. Edson Ferreira foram sabatinados pelos vereadores que questionaram o que as Polícias, Civil e Militar, tem feito para combater a crescente onda de violência na cidade.

Ten. Cel. Édson
Comandante do 2º BPM

O primeiro a falar foi o Comandante do 2º BPM, Ten. Cel. Edson que disse em breves considerações as árduas tarefas que a Polícia Militar tem enfrentado em Parnaíba para dar conta de seu papel na segurança pública. Logo de início, o comandante desabafou toda a sua dificuldade em lidar com um efetivo de apenas 300 homens, combustível reduzido e ajuda de custos insuficiente para a dimensão do Batalhão que abrange ainda outros municípios da planície litorânea. “Parnaíba precisa ser mais bem vista pelo governo no quesito segurança. Tenho certeza que se recebêssemos o volume de recursos necessários para trabalhar a situação estaria bem melhor. Em Parnaíba, um Policial Militar faz o trabalho por 4. Nós precisaríamos de, no mínimo, 900 homens em nosso batalhão”, destaca.

Ainda de acordo com o Ten. Cel. Edson, a Polícia Militar tem enfrentado dificuldades quanto aos PPO’s da cidade. “Estão em condições indignas de trabalho. Além do mais, só conseguimos colocar um policial em cada posto desse”, frisou.

Delgado Regional Marcos Bastos

Quem também foi curto e pontual em suas palavras foi o Delegado Regional de Polícia Civil em Parnaíba Dr. Marcos Bastos que, na ocasião, representou o Delegado Geral James Guerra que tinha anunciado sua participação na audiência e terminou não vindo.

Marcos Bastos disse que assumiu a delegacia no final de fevereiro e até hoje não recebeu a verba mensal de suprimento. “Há 3 anos atrás fui Delegado Regional e tínhamos 500 reais para o combustível de cada viatura e isso reduziu para somente 100 reais. A verba de suprimento até hoje não recebemos e, é com ela que temos condição de manter as delegacias limpas, os computadores funcionando, as impressoras com tinta, dentre outras coisas”, desabafa.

Marcos Bastos disse que a Polícia Civil em Parnaíba é muito mal aparelhada e que seu papel enquanto polícia judiciária é pessimamente desenvolvido mediante a falta de recursos técnicos, humanos e financeiros. “O que a Polícia Civil aqui em Parnaíba precisa é de delegados de carreira, de peritos, de um IML. Temos uma viatura, mas não temos geladeira. Onde vamos colocar aquele corpo que precisa ser periciado e foi encontrado com 3 ou 4 dias já em decomposição?” indaga o delegado tentando sensibilizar os vereadores quanto à caótica situação em que a polícia civil se encontra por abandono do governo.

Quem apimentou o debate foi o vice-prefeito de Parnaíba, Florentino Neto. O gestor disse ser de grande preocupação a segurança da cidade para a prefeitura municipal e citou como exemplo, a parceria que a PMP fez com a Polícia Federal quando conseguiu transformar o posto que existia na cidade em delegacia, entrando com recursos para reforma do prédio e aquisição de equipamentos. Florentino também citou a conquista da prefeitura em trazer para a cidade um posto avançado da justiça federal e que mais tarde se transformou em Vara.

“A prefeitura diversas vezes foi parceira da Polícia Militar quando ajudava no conserto de viaturas, nas reformas de PPO’s e no abastecimento. A última tentativa nossa em reformar um PPO foi recusada nossa parceria por questões burocráticas, para não dizer políticas”, destacou Florentino.

O Vice-Prefeito se demonstrou disposto a mostrar o notório desinteresse do Governo Estadual com a segurança pública em Parnaíba e alfinetou a gestão de Wilson Martins dando como exemplo a câmara de enfrentamento ao crack o que ele chamou de “pirotecnia” com pouca efetividade. “Vocês sabem quanto virá para Parnaíba trabalhar por todo esse ano com a câmara de enfretamento ao crack? 49 mil reais. Isso é uma vergonha. Só em 2010 a prefeitura gastou 100 mil reais ajudando entidades que auxiliam no tratamento de pessoas dependentes químicas. E nesse ano, só com uma instituição entraremos com 70 mil reais, recurso previsto no orçamento e já autorizado pelo prefeito Zé Hamilton”, disse.

Florentino finalizou sua fala questionando sobre a Academia de Polícia de Parnaíba. O gestor disse que inúmeros ofícios, entendimentos e acordos já foram feitos para a permanência e efetivo funcionamento da academia na cidade. O vice-prefeito lembrou até do abaixo assinado liderado pelo vereador Fernando Gomes (PT). “Parece que há um entendimento da cúpula do governo na não permanência da Academia de Polícia aqui. Eu me assusto em ver essa cidade nessa situação e é porque nós temos representante na assembléia legislativa e um vice-governador parnaibano”, pontuou.

Após caloroso debate o presidente do legislativo, Gustavo Lima, finalizou a sessão dizendo aguardar das autoridades policias presentes, um relatório da situação em que se encontra a segurança em Parnaíba para que uma comissão da câmara municipal se dirija a Teresina, onde entregarão às mãos do Governador, os relatórios durante audiência no palácio de Karnak.