sexta-feira, janeiro 07, 2011

Aeroporto de Parnaíba, apesar de internacional, continua sem voos

Aeroporto Internacional de Parnaíba
Pref. Dr. João Silva Filho
Quem circula de carro, ônibus ou moto pelas cidades litorâneas de Luís Correia e Parnaíba não deixa de perceber placas sinalizadas nas principais avenidas indicando o caminho que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Parnaíba.

Se o turista que estiver nessas cidades não for do Piauí, provavelmente achará que o aeroporto está funcionando, recebendo voos regulares, como deve ser. No entanto, apesar do porte internacional, o Aeroporto João Silva Filho não recebe voos regulares nacionais e nem mesmo regionais. Administrado pela Infraero desde 2005, o Aeroporto de Parnaíba foi reformado ao custo de R$ 20 milhões, incluindo a ampliação da pista, que passou a ter capacidade para receber voos internacionais em março do ano passado.

Aeroporto Internacional de Parnaíba Pref. Dr. João Silva
Filho (Foto: Darklise Albuquerque - Jornal da Parnaíba)
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Construído pelo Governo do Estado há várias décadas, o Aeroporto foi repassado para a Infraero numa tentativa do poder público de alavancar o turismo do litoral do Piauí e dinamizar a economia de Parnaíba, segunda maior cidade do Estado, com 146 mil habitantes. A idéia era aproveitar a localização estratégica de Parnaíba, exatamente por ser a principal cidade do roteiro Rota das Emoções – que inclui o Delta do Parnaíba, os Lençóis Maranhenses (MA) e Jericoacoaca (CE). Os empresários do setor de turismo vibraram com a iniciativa do Governo do Estado, pois a implantação de um aeroporto na região era uma reivindicação antiga do trade turístico.

Sconner para objetos e corporal, usado apenas para teste
(Foto: Darklise Albuquerque - Jornal da Parnaíba)
Mas todo o esforço governamental não vingou. No passado, de janeiro a novembro, segundo a Infraero, apenas 2.478 passageiros embarcaram ou desembarcaram no Aeroporto, todos por meio de voos particulares. O número é quase 300 vezes menor que o total de passageiros que circulou pelo Aeroporto Petrônio Portela, em Teresina, no mesmo período. Em Parnaíba, o terminal de passageiros tem capacidade para receber 150 mil pessoas por ano. Desde 2005, o movimento mais intenso no aeroporto ocorreu em janeiro de 2007, ao receber quatro voos charters lotados de empreendedores turísticos da empresa italiana Air Italy. No entanto, a aviação comercial não vingou.

Esteira de bagagem do Aeroporto de Parnaíba, também
nunca foi utilizada
(Foto: Darklise Albuquerque - Jornal da Parnaíba)
Com a dificuldade de atrair voos internacionais e nacionais, já que as empresas aéreas não demonstraram interesse, o Governo do Estado tenta agora, ao menos, atrair companhias regionais, que operam com aeronaves de pequeno porte. O secretário de Turismo do Piauí e vice-presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur), Sílvio Leite, disse que nos estados do Nordeste, os governadores estão obstinados em fortalecer a aviação aérea regional. Umas empresas interessadas em operar em Parnaíba é o Noar Linhas Aéreas, inaugurada em junho de 2010 e que hoje opera em seis estados nordestinos: Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia. Nesse semestre, a empresa criará uma linha até o Estado do Ceará e até, o final deste ano, a Noar quer estar operando em todas as capitais do Nordeste e ligando estas aos centros urbanos do interior. Mas ainda não há previsão de quando a companhia terá voos para Parnaíba. “Porém, a possibilidade não está descartada. Vai depender de demanda de passageiros e de outros critérios”, informou a assessora de Comunicação da Noar, sediada no Recife (PE), Natália Tavares.

Sala de embarque nunca fica fechada e sem uso
Foto: Darklise Albuquerque - Jornal da Parnaíba)
A Noar opera atualmente com voos que ligam cidades distantes até 400 km umas das outras, o que caracteriza o vôo regionial.

Atualmente, opera nas cidades de Caruaru (PE), Recife (PE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Mossoró (RN), Aracaju (SE) e Paulo Afonso (BA). A empresa opera em modelo dos aviões L-410, também conhecido como LET, um bimotor turboélice com capacidade para até 19 passageiros e ideal para o transporte em pequenas e médias distâncias. O avião apresenta um custo operacional muito abaixo dos seus potenciais concorrentes.

Terminal de caixa eletrônica
(Foto: Darklise Albuquerque - Jornal da Parnaíba)
É preciso cautela e subsídio para desenvolver o turismo, diz ABAV-PI.

O presidente da secção piauiense da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav-PI), Luiz Mamede, concorda que a captação de voos regionais é a saída para o Aeroporto de Parnaíba. “As companhias aéreas nacionais não vão operacionalizar voos para o litoral do Piauí se não verem que há demanda suficiente. A saída mais fácil seria criar uma escala numa linha entre Teresina e Fortaleza. Mas aí os passageiros não iriam gostar”, sugere. Mamede ressalta, porém, que a implantação de um voo regional para o Aeroporto de Parnaíba deve ser feita com bastante cautela, para evitar erros do passado. “Chegamos a operar uma vez, em ação conjunto de agências de viagens, companhias aéreas e operadoras turísticas, um vôo que vinha de Fortaleza, passava por Sobral, Parnaíba, Teresina e Picos. Apenas o trecho de Teresina a Picos tinha demanda suficiente. O restante não respondeu às expectativas”, lembra.

O empresário ressalta, porém, que será necessário, num primeiro momento, haver subsídio do governo para que as empresas operem nos primeiros meses sem prejuízo. Só depois, com o tempo, o próprio mercado permitirá que operem sozinhas.

Situação atípica de Parnaíba ganha destaque na imprensa nacional

Enquanto os grandes aeroportos do Brasil estão saturados de voos e passageiros, a situação atípica do Aeroporto de Parnaíba – que tem espaço de sobra e voos de menos – atraiu a atenção da imprensa nacional. No mês de dezembro do ano passado, uma reportagem na Folha Online denominou o Aeroporto de Parnaíba de “Elefante Branco” – obras de grande porte que não têm utilidade.

A reportagem falava de como os aeroportos mudam a economia de pequenas cidades do Brasil. Na cidade de Sinop (MT), a instalação de um aeroporto municipal estimulou a abertura de uma unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), um quartel do Exército e criação de empresas. Em Araguaína (TO) ocorre o mesmo fenômeno. A fabricante de gelatinas Gelnex não construiria uma unidade no município de 120 mil habitantes se o aeroporto local não estivesse operando.

A reportagem destaca que Parnaíba (PI), apesar de localizada perto de alguns dos principais roteiros turísticos do Nordeste, não consegue atrair demanda aérea. Segundo a Folha Online, empresários locais dizem que a falta de voos regulares limita o potencial turístico da região. A Azul disse que não há estatísticas comprovando que a demanda de Parnaíba justifique a criação de uma rota regular. As outras empresas não se pronunciaram.

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Jornal da Parnaíba

2 comentários:

Anônimo disse...

Porque não é feito pesquiza para levantar dados estatísticos do número de possíveis usuários de voos para Parnaíba? Será qua há "interesses" de que esse aeroporto não funcione? Os planos para construção de um aeroporto em Jeri estão adiantados! É o poder de Dna. Roseane?

Anônimo disse...

Creio que este aeroporto pode funcionar sim e vai dar tudo certo, só depende de vontade política e um pouco de pressão popular, pois no Brasil o descaso com as regiões interiorans é muito grande, em matéria de avanço, e Parnaiba ta fora das pretenções políticas locais. Deveria perguntar oa povo se querem o aeroporto, porto, universidade, ferrovia, por quei é dificil, mas precisa de determinação da Dilma, pois se ela quisr a coisa vai, pois numa visita o Lula quis e foi construido, falta apenas superar a famosa burocracia da infraero