quinta-feira, dezembro 09, 2010

Piauí tem a quinta pior educação do Brasil, segundo avaliação do PISA

Colégio Estadul Lima Rebelo em Parnaíba - PI
O estado do Piauí ficou abaixo da média nacional e a frente somente dos estados de Sergipe, Amazonas, Acre, e Alagoas.

Com uma nota de 374, o Piauí teve a 5ª pior colocação entre as 27 unidades da Federação do Brasil no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), cuja média aceitável para se classificar um ensino como sendo de boa qualidade é a nota 496 pontos, numa escala que varia de 0 a 800 pontos. Apesar da posição ruim, o Estado teve melhor desempenho do que no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), indicador do Ministério da Educação. Nele, o Piauí teve o pior ensino médio do Brasil. Nesse, ao menos, deixou quatro estados para trás.

Tiveram notas piores que o Piauí os estados de Sergipe (372 pontos), Amazonas (371), Acre (371) e Alagoas (354). A média nacional foi de 401, o que deixou o Brasil atrás de países como Chile, México, Rússia, Tailândia e Montenegro, e à frente da Argentina, Peru, Panamá e Colômbia. No Brasil, a melhor nota foi do Distrito Federal, que chegou a 439, mas ainda assim abaixo do índice aceitável de 496 pontos.

O PISA avalia o aluno na faixa dos 15 anos sobre três pontos: leitura, matemática e ciências. Foi justamente o primeiro ponto que puxou o Piauí para baixo. Nela, o Estado ficou com a terceira pior nota (377,7), superando apenas Alagoas (362,6) e Maranhão (363). Já nas questões de matemática obteve a 9ª pior colocação (364,2 pontos). De ciências, ficou com a 8ª pior posição (380 pontos).

O PISA pretende avaliar até que ponto os alunos próximos do término da educação obrigatória adquiriram conhecimentos e habilidades essenciais para a participação efetiva na sociedade. É desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”.

Alguns elementos avaliados pelo PISA, como o domínio de conhecimentos científicos básicos, fazem parte do currículo das escolas, porém o PISA pretende ir além desse conhecimento escolar, examinando a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e refletir ativamente sobre seus conhecimentos e experiências, enfocando competências que serão relevantes para suas vidas futuras.

A Secretária Estadual de Educação, Maria Xavier, ressaltou que o desempenho do Piauí no PIS ficou melhor que no IDEB porque o público é outro. “São alunos de 15 anos e que, pela idade, estão mais voltados ao estudo do que os estudantes mais velhos”, comentou. O baixo resultado no quesito leitura é atribuído por ela aos critérios do PISA, que cobra não somente uma leitura pelo aluno, mas também interpretação.

“O PISA quer saber se o aluno é capaz de interpretar, compreender o texto. Esse tipo de questionamento já vem sendo feito pelo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e requer mais atenção do estudante”, concluiu.

Alunos de escolas federais têm melhor desempenho que das particulares

Um dado surpreendente foi que, no PISA, os alunos das escolas públicas federais tiveram as maiores médias do Brasil, inclusive superando os estudantes da rede particular. Com nota de 528 pontos, os jovens da rede pública federal tiveram desempenho semelhante ao dos melhores alunos na avaliação internacional. Foi a sétima melhor nota do mundo entre os país participantes, superando Canadá, Suíça, Alemanha, Estados Unidos, Suécia, Itália, Espanha, entre outros.

A média dos alunos das escolas públicas federais é 127 pontos maior do que a nota do Brasil. Os estudantes da rede particular de ensino tiveram média de 502 pontos, também superior à média internacional. O problema foi nas notas obtidas pelos jovens das redes públicas estaduais e municipais, que tiveram média de 387 pontos.

A pontuação deles os coloca no mesmo patamar dos países que estão na lanterna da lista da OCDE, como Indonésia (385 pontos), Catar (373) e Azerbaijão (389).

O que é o Pisa

O Pisa busca medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade tanto de países membro da OCDE quanto de países parceiros. Essa é a quarta edição do exame, que é corrigido pela TRI (Teoria de Resposta ao Item). O método é utilizado também na correção do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio): quanto mais distante o resultado ficar da média estipulada, melhor (ou pior) será a nota.

A avaliação já foi aplicada nos anos de 2000, 2003 e 2006. Os dados divulgados hoje foram baseados em avaliações feitas em 2009, com 470 mil estudantes de 65 países. A cada ano é dada uma ênfase para uma disciplina: neste ano, foi a vez de leitura.

Dentre os países membros da OCDE, estão Alemanha, Grécia, Chile, Coreia do Sul, México, Holanda e Polônia, dentre outros. Dentre os países parceiros, estão Argentina, Brasil, China, Peru, Qatar e Sérvia, dentre outros.

Edição: Jornal da Parnaíba
Fonte: Robert Pedrosa e Cícero Portela / Jornal O DIA

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