segunda-feira, junho 22, 2009

Expansão da UFPI sem estrutura é o principal problema do CMRV

A criação de 700 novas vagas para o Campus Ministro Reis Velloso sem estrutura para abrigar essas novas turmas é o principal problema.
Os estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) de Parnaíba que fizeram greve na semana passada para protestar contra a falta de estrutura na universidade, Campus Ministro Reis Veloso onde tem sido insustentável uma formação de qualidade. Porém, o que fica evidente é a expansão da universidade sem planejamento, sem estrutura prévia para o bom funcionamento dos novos cursos e até mesmo orçamento adequado para a inclusa das novas turmas.
O que era pra ser mais uma grande vitória no universo do Ensino Superior em Parnaíba, no Campus Ministro Reis Veloso (CMRV), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), com os investimentos de aproximadamente R$ 10 milhões em 2007 e outros R$ 10 milhões em 2008 na reforma e construção de novos blocos, principalmente com novos cursos criados (Biomedicina, Fisioterapia, Psicologia e Licenciatura em Matemática), que se uniram aos já existentes, totalizando 11 graduações. Passou a ser um pesadelo com as obras paradas e sem perspectivas de reinício.
A criação dos novos cursos resultou em um acréscimo de 700 vagas anuais. A ampliação da quantidade de cursos e a construção dos novos blocos faziam parte do plano de expansão das universidades federais pelo Governo Federal.
Parnaíba merece e quer ter um curso de medicina implantado. O Prof. Dr. Luiz de Sousa Santos Júnior, Reitor da Universidade Federal do Piauí - UFPI, anunciou em entrevista no inicio do ano, a uma emissora de TV de Teresina-PI, que irá incluir no próximo vestibular o curso de Medicina para o Campus de Parnaíba (Campus Ministro Reis Veloso).
Luiz Júnior disse ainda: “Parnaíba hoje nós temos um bom hospital, o Dirceu Arcoverde, do estado... porque não botar lá um curso de medicina”. É bastante positiva a intenção do reitor e Parnaíba já era tempo de ter um curso desse porte. Mas tem estrutura ou no futuro teremos novas greves para reivindicá-las.
Desde 2007 a universidade vem se ampliando tanto no interior como na capital, mas de forma atabalhoada, como já frisamos acima.
No início da expansão foi criado 19 novos cursos em Parnaíba, Picos e Bom Jesus. A universidade tem cumprido o que falou o Reitor da UFPI, Luis Junior, ainda em 2007 quando se iniciava este processo de ampliação da UFPI: “Estamos criando cursos importantes, reivindicados há muito tempo, e colocando à disposição da sociedade piauiense. Incomodava bastante o fato de uma universidade como a nossa não possuir, por exemplo, mais cursos de engenharia”.
De fato novos cursos foram implantados, mas o que a comunidade acadêmica tem reivindicado é estrutura para os mesmos. Só em Teresina foram lançados os cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Arqueologia, Moda, Estatística e Ciências da Natureza. Mas os problemas de estrutura para abrigar os ingressantes dos novos cursos já começam a surgir. Os estudantes de Moda, por exemplo, não podem nem mesmo se considerar como tal, já que suas aulas nem iniciaram ainda, por falta de professores e outros problemas. O que seria um sonho de inclusão de mais pessoas na universidade acaba se transformando em pesadelo, já que essa expansão no fim das contas se traduz em inchaço.
Para a maioria dos alunos da UFPI o REUNI é uma estratégia dos governos para alienar os movimentos organizados, utilizando-se de suas bandeiras de lutas históricas para criar programas como o REUNI, PROUNI e FIES. O que os governos não levam em conta é que essa ampliação de cursos e inclusão de mais pessoas na universidade tem que vir com a qualidade no ensino superior público. Mas o que se observa é uma correria desenfreada para aderir ao REUNI, com projetos feitos de última hora e pouco representativos dos segmentos universitários..
A meta da UFPI é chegar até 20012 com 26.400 novas vagas. A nível nacional a meta é mais ousada, o programa pretende passar de 579 para 1 milhão de matrículas. Os resultados desse processo pode ser a criação de cursos sem o mínimo de estrutura pra funcionar e a manifestação dos estudantes pode comprovar isso e cursos antigos cada vez mais superlotados. Com isso precariza-se a o trabalho do professor, que já tem que se submeter a uma carga horária fora do padrão para atender as turmas já existentes e ainda as que foram criadas, e conseqüentemente a qualidade do ensino.
Por mais que os estudantes de Parnaíba não tenham tocado na ferida, as condições atuais vivenciadas por eles no interior já pode ser vista como reflexo da expansão desenfreada que as universidades federais estão passando e muitos já sentem isso na pele.
Da redação.

Um comentário:

Unknown disse...

Perfeito o artigo. Mesmo sendo um entusiasta da expansão dos cursos, não se pode negar que houve pouca preocupação com a estruturação das novas graduações. As obras deveriam ter sido realizadas antes da oferta das vagas no vestibular, e não após o início das aulas.
O mesmo ocorre aqui no Maranhão, no campus da UFMA em Chapadinha.

Rodrigo Ricardo Rodrigues dos Santos
Chapadinha - MA