quarta-feira, março 18, 2009

Parte III: Dossiê escrito por Correia Lima na prisão

CORREIA LIMA. 'Traiçoeiro que atua como víbora'
A Justiça entendeu como sendo fantasiosa a carta que o ex-coronel da Polícia Militar do Piauí, José Viriato Correia Lima, escreveu para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nela, ele acusa o atual secretário de Segurança do Estado, Robert Rios Magalhães, de lhe pedir ‘para matar o secretário de Segurança na época, Juarez Tapety, e o ex-delegado José Wilson Torres’.
No documento endereçado ao STJ, Correia Lima diz que quando chegou do Ceará, o comandante da Polícia Militar da época, coronel Valdílio Falcão, teria lhe dado um recado que Robert Rios, na época superintendente da Polícia Federal, queria falar com ele Correia Lima.
‘Me desloquei até lá; me dirigi a sua secretária, a qual informou a minha presença ali. Imediatamente o delegado convidou para que eu entrasse e avisou à secretária que não atendia mais a ninguém. Fechou a porta, ligou a luz vermelha e ficamos conversando descontraidamente’, escreve na carta considerada como sendo mentirosa.
A carta, que está anexada ao Dossiê Secreto de Correia Lima prossegue:
‘Eu já havia sido advertido que ele (Robert Rios) não era homem de confiança, tratava-se de uma pessoa traiçoeira e que agia como víbora. Em determinado momento, ele se levantou e disse que queria ser meu amigo e que estava precisando de um favor. Abriu uma gaveta, mostrou-me muitos documentos e, segurando-os, falou:
- Está vendo estes documentos? Se eu quiser, acabo com você para o resto da vida!
Respondi imediatamente
– Pois bote para me lascar, pois não tenho nada a temer!
Ele baixou o tom e disse:
- Não, eu quero é lhe ajudar e ser seu amigo (pareciam cenas de um filme policial). Tem um amigo teu aqui que quer falar contigo, e ligou o telefone e eu atendi. Do outro lado da linha falava o procurador geral de Justiça, doutor Antônio Linhares, pessoa que me considerava bastante e tinha um certo apreço e por várias vezes o visitei na procuradoria; os promotores até ficavam chateados, por realmente demorar tanto conversando, o procurador disse:
- Tudo bem?
- Tudo, grande procurador.
- Nós estamos com um projeto, procure nos ajudar.
- Procurarei ajudar no que for possível, pois não posso lhe faltar.
Desligamos o telefone. E ele (Robert Rios) disse sorrindo:
- Estou precisando de você; esqueço aqueles documentos, e vamos mandar no Piauí. Eu vou ser governador do Estado, mas para que isso aconteça, vou lhe falar um assunto estritamente reservado, aqui na Polícia Federal não posso confiar em ninguém, cuidado!
Já em tom de ameaça, mas não demonstrei preocupação e ele falou mais:
- Você tem que dar um jeito de matar o secretário de Segurança, Juarez Tapety, e o presidente da Associação dos Delegados, José Wilson Torres.
Fiquei muito preocupado com aquela proposta. Primeiro porque não era, nem sou, pistoleiro de aluguel ...’
Datada do dia 30 de junho de 2004 e endereçada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a carta de Correia Lima foi escrita da prisão. A Justiça entendeu que foi uma forma que ele encontrou para desqualificar autoridades que participaram das investigações que resultou no desfecho do bando mais perigoso que agia no sertão nordestino, matando e roubando sem piedade, cometendo os crimes mais cruéis e monstruosos.
Correia Lima não apresentou provas do que escreveu e nem motivos que levariam Robert Rios a mandar eliminar Juarez Tapety e José Wilson Torres.
LEIA NESTA QUINTA-FEIRA (19/03). DONIZETTI ADALTO ERA DEFENSOR DE CORREIA LIMA.
AGUARDE, O DOSSIÊ SECRETO PROSSEGUE!
Fonte: ai5piaui

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