Sessão aconteceu na 1ª Vara
Criminal da Comarca de Parnaíba, nesta quarta-feira (29).
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Guarda municipal Marcus Vinicius morreu a caminho do hospital em Parnaíba — Foto: Reprodução/Redes sociais |
O mototaxista Francisco Mário
Veras Ferreira foi condenado pelo Tribunal do Júri a 43 anos, dois meses e 20
dias de prisão por assassinar um guarda civil municipal e ferir outro com
golpes de faca, em Parnaíba, no Litoral do Piauí. O julgamento foi realizado
nesta quarta-feira (29).
A sessão, presidida pela juíza
Ivani de Vasconcelos, aconteceu na 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnaíba, no
Fórum Desembargador Salmon Lustosa. Ao todo, oito testemunhas foram ouvidas.
A sentença determina que o
condenado cumpra 25 anos, 11 meses e seis dias de prisão pelo homicídio
qualificado contra o guarda municipal Marcos Vinicius Santos Cronemberger, e 17
anos e três meses e 14 dias pela tentativa de homicídio contra David Lucas
Sousa Sampaio. A pena deve ser cumprida em regime fechado.
O crime aconteceu em 23 de
setembro de 2020, durante uma abordagem, seguida de discussão motivada por uma
suposta infração de trânsito.
Multa motivou crime
O sobrevivente, o guarda civil
municipal David Lucas Sousa Sampaio, foi o primeiro a prestar depoimento na
manhã desta quarta-feira (29). Ele relembrou o primeiro encontro com o réu,
dias antes do crime.
Na ocasião, David Lucas estava
com Marcos Vinicius Santos Cronemberger, guarda civil municipal assassinado.
“Nós fazemos fiscalizações nesses
locais, principalmente por queixa dos próprios mototaxistas por estacionamentos
irregulares. Nós estávamos na nossa ronda de rotina e notamos que a motocicleta
do réu estava em desacordo com o posicionamento, uma infração de trânsito
média. Fomos abordá-lo para que ele pudesse corrigir”, disse.
A motocicleta de Francisco,
segundo a vítima, não estava posicionada de forma perpendicular à guia da calçada
(meio-fio), como prevê o Código de Trânsito Brasileiro.
“Ele ficou muito alterado, muito
bravo, entendeu que [a abordagem] era por ele está sem placa, sendo que não é
atribuição do município a questão de emplacamento de veículo. A atribuição do
município é só estacionamento, parada e circulação, e foi nisso que a gente
focou. Ele apresentou um alvará antigo de mototáxi, não fez o que a gente pediu
e saiu. Saiu falando muitos impropérios”, acrescentou.
Na semana seguinte, durante
fiscalização de rotina, os dois guardas municipais abordaram Francisco Mário
Veras Ferreira novamente, pelo mesmo motivo.
“Geralmente estacionamento se
corrige, não se aplica multa, é uma coisa que pode ser sanada no local. Ele
novamente veio com muita conversa, alterado, querendo explicar coisa que não
era cabível. Com a insistência dele em não obedecer a nossa ordem, o meu colega
pediu, já que a moto dele não tinha placa, que a gente fotografasse o chassi,
para fazer a multa. Eu me abaixei pra tirar a foto, ele estava montado na moto
e chutou meu celular”, recordou.
“O celular caiu longe, eu dei voz
de prisão pra ele. Ele deu partida na moto e ameaçou arrancar, não conseguiu
sair porque tinha trânsito. Eu coloquei a mão na ignição, desliguei a moto e
puxei a chave. Nesse momento fiquei com a minha lateral vulnerável e ele deu o
primeiro golpe, acertou as minhas costelas. Eu acreditei que tinha sido um
soco, mas tinha sido facada. Foi com força suficiente pra me empurrar pra
longe”, declarou David Lucas em depoimento.
Na sequência, Francisco Mário
teria desferido golpes de faca contra Marcos Vinicius Santos Crinemberger.
“Ele foi pra cima do meu
parceiro, então fui pra cima pra tentar segurá-lo. Me lembro de ter conseguido
imobilizá-lo, mas não tenho tanta certeza disso porque não tinha nenhuma arma,
tentei segurar só com minha força. Em algum momento, ele me acertou com outros
golpes e a partir daí, não consigo lembrar, tinha perdido muito sangue”,
concluiu.
Vítima morreu a caminho do
hospital
Depois do ataque, o réu fugiu e
abandonou a motocicleta no local. David Sampaio foi socorrido por populares e
levado ao Hospital Dirceu Arcoverde (Heda), onde passou por cirurgia.
Marcos Vinícius ficou no local, à
espera do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele chegou a ser
atendido, mas morreu a caminho do hospital. O guarda civil municipal
completaria seis anos de carreira na corporação.
Após a morte de Marcos Vinicius,
a Prefeitura de Parnaíba adquiriu armas de fogo e coletes à prova de bala para
a guarda municipal. O equipamento antes não era disponibilizado.
Fonte:jornalpiaui.com